A mais recente exibição dececionante do 10, a contratação mais badalada dos últimos tempos na América do Sul, aconteceu na quarta-feira contra o Corinthians, que venceu por 1-2 no Clássico Alvinegro, no estado de São Paulo. Foi o terceiro jogo de Ney desde a reintegração ao clube que o formou, após empates com o Botafogo de Ribeirão Preto (1-1) e Novorizontino (0-0) para o Campeonato Paulista.
No segundo jogo como titular, o melhor marcador da história da da seleção brasileira ficou mais uma vez em branco: nenhum golo, nenhuma assistência e nenhuma vitória em 188 minutos disputados nas três partidas.
Com exceção de algumas jogadas para a bancada e de dois remates perigosos defendidos pelos guarda-redes, o avançado não tem sido o farol que a emblemática equipa da cidade portuária de Santos esperava. "Neymar ainda não está recuperado e parece que vai precisar de muito, muito trabalho", escreveu o comentador Paulo Vinícius Coelho, no portal UOL.
"Não tem ritmo"
Após a derrota em casa com o Corinthians, onde também foi insultado e vaiado pelos adeptos, Ney pediu calma ao garantir que em "dois ou três jogos" estará fisicamente a "100 %". "Senti-me um pouco melhor do que no último jogo", disse no final de uma partida em que voltou a sofrer com o jogo físico dos adversários.
Antes de chegar ao Brasil, no final de janeiro, o ídolo santista tinha disputado sete jogos pelo Al-Hilal, da Arábia Saudita, nos últimos 17 meses, um registo baixo que pode ser explicado por uma grave lesão no joelho esquerdo, sofrida em outubro de 2023, e pelos subsequentes problemas musculares.
O antigo jogador do FC Barcelona e do PSG, que se debateu com lesões ao longo da carreira, não competia desde novembro, pelo que era óbvio que não teria um físico de elite à partida. Poucos estariam à espera que, pelo menos por agora, a sua influência no jogo fosse tão limitada contra adversários, para além do Corinthians, de menor estatura.
"Está muito claro que ele está fora de forma e fora de ritmo, e isso reflete-se quando ele sai de campo e a equipa melhora", escreveu o ex-jogador da seleção brasileira Walter Casagrande no UOL.
"É preciso ser compreensivo"
O diretor-executivo do Al Hilal, Esteve Calzada, fez soar o alarme sobre o futuro do craque quando afirmou recentemente que a rescisão antecipada do seu contrato milionário estava ligada ao seu nível desportivo.
"Por muito que Neymar tenha contribuído para o nosso sucesso comercial, o desempenho desportivo está em primeiro lugar. E chegámos à conclusão de que ele já não era capaz de dar o que esperávamoss", afirmou ao diário alemão Süddeutsche Zeitung.
Neymar refutou aqueles que questionam o seu potencial, que pretende recuperar plenamente para lutar com o Brasil pelo hexacampeonato no Campeonato do Mundo de 2026, na América do Norte. "O treinador (o português Pedro Caixinha, do Santos) pensa em mim para jogar todos os jogos", disse, confiante de que vai dissipar as dúvidas.

Certo é que o lendário clube onde Pelé passou a maior parte da sua carreira (1956-1974) já estava sob pressão antes do regresso do filho pródigo, que teve um impacto favorável na imagem comercial da equipa. Antes da sua chegada, o Santos não vencia há três jogos, empatado dois e vencido um. A três jornadas do fim da primeira fase, está fora da zona de qualificação para os quartos de final do Campeonato Paulista.
O clube reforçou-se com grandes nomes da América do Sul para a temporada em que regressa à elite do futebol brasileiro, depois de disputar a segunda divisão pela primeira vez no ano passado. Mas ainda não teve um bom começo.
"Não foi exatamente o início que qualquer adepto santista sonhou. Mas é preciso ser compreensivo com um jogador que não joga há mais de um ano", disse o escritor Alexander Alliatti ao Globo Esporte.