Os proprietários do Manchester United, a família americana Glazer, anunciaram há cerca de um ano que estavam a explorar "alternativas estratégicas para aumentar o crescimento do clube", sendo a venda total uma das opções.
O banqueiro do Catar, Sheikh Jassim Bin Hamad Al Thani, retirou a sua tentativa de comprar os 20 vezes campeões ingleses, disse uma fonte próxima da oferta à AFP no sábado.
Ratcliffe foi o outro favorito durante as várias rondas de licitação, mas nenhuma oferta atingiu ainda a avaliação de 6 mil milhões de libras (6,8 mil milhões de euros) feita ao clube pelos Glazers.
Fundador do gigante petroquímico Ineos, Ratcliffe vai agora contentar-se com uma participação de 25% por cerca de 1,5 mil milhões de euros, informou a BBC este domingo.
A Ineos vai tentar assumir o controlo da parte desportiva do Manchester United, em troca do seu investimento.
Os Glazers têm sido impopulares entre os adeptos desde que, em 2005, uma aquisição alavancada por 912 milhões de euros deixou o clube com enormes dívidas.
"Seria muito otimista pensar que os Glazers estão a agir no interesse dos adeptos ou que estão a tomar decisões de propriedade que não se centram nas suas próprias prioridades", afirmou o Manchester United Supporters Trust em comunicado.
"No entanto, o que os adeptos devem esperar, no mínimo, é alguma clareza e o fim deste processo. Além disso, o resultado deve incluir novos investimentos no clube. Não pode ser apenas sobre os interesses dos acionistas, sejam eles existentes ou novos. Apelamos a todas as partes para que ponham os interesses do Manchester United à frente dos seus próprios interesses", acrescentou o grupo de adeptos.
Neville manifesta preocupação
O antigo capitão do Manchester United, Gary Neville, manifestou a sua preocupação quanto ao impacto que um investimento minoritário pode ter na recuperação do clube, dentro e fora do campo.
"A minha preferência é e será sempre por uma saída total da família Glazer. Eles já ultrapassaram o tempo de permanência em Manchester, mas parecem alheios a esse facto", publicou Neville nas redes sociais.
"Como é que um acionista minoritário pode travar o declínio cultural de toda uma organização se as pessoas que supervisionaram esse declínio ainda têm uma participação maioritária?", questionou o antigo jogador.
A força dominante do futebol inglês, quando os Glazers assumiram o controlo há 18 anos, a sorte do United desvaneceu-se sob o seu reinado.
Os Red Devils não vencem a Premier League desde que o antigo treinador Alex Ferguson se reformou em 2013, e venceram a Liga dos Campeões pela última vez em 2008.
Atualmente, ocupam o 10.º lugar na Premier League e perderam os dois primeiros jogos da fase de grupos da Liga dos Campeões, pela primeira vez na história do clube.
Apesar do seu atrativo comercial, o Manchester United também foi ultrapassado pelos seus rivais fora de campo.
A dívida do clube aumentou para 1,11 mil milhões de euros, segundo dados divulgados em março, apesar da falta de investimento no estádio e no campo de treinos.
Old Trafford foi preterido, a favor do Estádio Etihad, do Manchester City, na candidatura bem sucedida do Reino Unido e da Irlanda para acolher o Euro-2028.
"Old Trafford necessita de um investimento significativo nos terrenos circundantes", acrescentou Neville.
"Este acordo tem um impacto positivo nesta necessidade ou deixa-o como um terreno baldio de betão?", questionou o antigo capitão dos Red Devils.