Os regulamentos financeiros foram criados para minimizar as perdas que os clubes podem registar enquanto perseguem o sucesso no campo.

O Everton já foi punido esta época com uma dedução de 10 pontos por exceder as perdas permitidas no final da época 2021/22.

Quais são as regras?

Os clubes da Premier League estão autorizados a perder um máximo de 105 milhões de libras (122 milhões de euros) num período de avaliação de três anos.

No entanto, por cada época em que um clube esteve na segunda divisão, esse montante é reduzido em 22 milhões de libras (25 milhões de euros).

Por conseguinte, o Forest só pode registar perdas de 61 milhões de libras (71 milhões de euros) uma vez que conseguiu a subida à Premier League pela primeira vez em 23 anos, em 2022/23.

São permitidas várias deduções para despesas consideradas como sendo do interesse geral do clube e do jogo. Estas incluem despesas com infra-estruturas, desenvolvimento de jovens e futebol feminino.

Os clubes também utilizam uma ferramenta contabilística chamada amortização para minimizar o impacto dos custos de transferência nas suas contas.

Por exemplo, um jogador contratado por 50 milhões de libras (58 milhões de euros) com um contrato de cinco anos aparecerá como um encargo de 10 milhões de libras (11,6 milhões de euros) por cada um dos cinco anos e não como um custo inicial de 50 milhões de libras (58 milhões de euros), independentemente do momento em que o dinheiro é efetivamente transferido entre os clubes.

Esta foi uma das razões que levaram o Chelsea a assinar, no ano passado, contratos de oito anos com Enzo Fernández e Moises Caicedo, que constituem o recorde da Premier League.

Uma alteração das regras da Premier League, introduzida em dezembro, impõe agora um limite de cinco anos para a contabilização do custo de uma transferência nos livros do clube.

Por que motivo foram introduzidas?

Uma forma de regras de lucro e sustentabilidade está em vigor desde a temporada 2013/14.

Estas regras surgiram na sequência da introdução de regras de fair play financeiro pela UEFA, concebidas para reduzir os prejuízos galopantes no futebol europeu e proteger os clubes da falência.

Em 2010, o Portsmouth tornou-se o único clube da Premier League até à data a entrar em administração judicial.

"As regras foram introduzidas em 2013-14 com o objetivo específico de garantir que as despesas insustentáveis não fossem longe demais e que fosse definido o montante que os clubes poderiam investir para atingir os seus objectivos", afirmou Richard Masters, diretor executivo da Premier League, na terça-feira.

Porque é que são controversas?

As regras de sustentabilidade financeira foram concebidas para limitar os gastos dos clubes dentro dos limites do que geram em termos de receitas.

No entanto, são frequentemente criticadas por ajudarem os clubes de elite a manterem a sua posição privilegiada, uma vez que são os que mais dinheiro ganham graças a estádios maiores, a melhores acordos comerciais devido a uma maior base de adeptos e ao facto de participarem regularmente nas competições europeias.

Apesar de ser apoiado pelo fundo soberano saudita, o diretor executivo do Newcastle, Darren Eales, admitiu na semana passada que os Magpies poderão ser obrigados a vender um dos seus ativos mais valiosos para poderem investir novamente no plantel de Eddie Howe, devido às regras de rentabilidade e sustentabilidade.

"É contra-intuitivo e faz parte do sistema inerente ao PSR que haja um incentivo para negociar os seus jogadores se quiser reinvestir, pela natureza dos limites", disse Eales.

Muitos acreditam que as regras do PSR foram concebidas especificamente para travar as despesas dos clubes apoiados pelo Estado, como o Newcastle, o Manchester City e o Paris Saint-Germain.

O City tem atualmente as maiores receitas da Premier League, com um recorde inglês de 713 milhões de libras (831,6 milhões de euros) para a sua época de tripla vitória em 2022/23.

No entanto, os campeões ingleses estão a enfrentar mais de 100 acusações da Premier League por violações históricas dos regulamentos financeiros.

O City perdeu centenas de milhões de euros na constituição de um plantel competitivo e de infra-estruturas fora do campo nos primeiros anos após uma aquisição apoiada por Abu Dhabi em 2008.