Após a chegada de Benjamin Šeško, contratado ao RB Leipzig por cerca de 87 milhões de euros, Højlund viu-se afastado do plantel. O Manchester United informou-o de que deveria procurar um novo clube e, segundo o The Athletic, o avançado de 22 anos ficou "de coração partido".
O internacional dinamarquês é fã de infância do Manchester United, tendo idolatrado Cristiano Ronaldo enquanto crescia em Copenhaga. A sua transferência de sonho para Old Trafford acabou por azedar após uma série de exibições dececionantes com a famosa camisola vermelha, terminando a passagem pelo clube com 26 golos em 95 jogos, em todas as competições.
Apesar da má forma, Højlund tinha várias opções, sobretudo em Itália, país que deixou para se juntar ao Manchester United em 2023. O AC Milan demonstrou interesse, mas foi o Nápoles de Antonio Conte que avançou de forma decisiva.
Højlund junta-se agora aos campeões da Serie A num empréstimo inicial, com cláusula obrigatória de compra por um valor próximo dos 45 milhões de euros. A mudança pode revelar-se a jogada perfeita para relançar a sua carreira.
Mal utilizado no United
Com 1,91 m de altura, Højlund foi frequentemente caracterizado como um homem de área durante a sua passagem pelo Manchester United, com os adeptos a queixarem-se regularmente da falta de bolas de qualidade para o avançado. Embora Højlund tenha de assumir parte da responsabilidade pela sua má forma, um xG (golos esperados) de apenas 5,24 na Premier League na época passada sugere que as críticas dos adeptos não eram infundadas.
Em janeiro, Ruben Amorim, técnico do United, admitiu que os problemas de Højlund na finalização não eram exclusivamente culpa do avançado: “Acho que é mais um problema da equipa do que um problema do Rasmus”, afirmou.
“É visível, não é de agora, vem já do passado. Temos claramente uma falta de golos e de ameaça ofensiva. Todos os jogadores passam por momentos complicados ao longo da época. Quando começámos esta jornada juntos, o Rasmus era o jogador que estava sempre a marcar.”
Os números ajudam a explicar o cenário: em 32 jogos da Premier League, Højlund teve apenas 82 toques na área adversária, um dado que evidencia as dificuldades em posicionar-se corretamente. Além disso, tinha muitas vezes a tarefa de segurar a bola e envolver os colegas no ataque, algo que não é o ponto mais forte do seu jogo.
Højlund destaca-se pela capacidade de atacar o espaço entre o defesa-central e o lateral-direito e é muito mais rápido do que muitos imaginam. Quando atua num papel mais avançado, tem a oportunidade de enfrentar diretamente os defesas e de tirar partido da sua fisicalidade, em vez de se limitar a jogar de forma mais estática.
É também um bom finalizador, mas remata pouco. Na época passada, realizou apenas 32 remates, dos quais 13 foram enquadrados com a baliza. Este número reduzido pode explicar-se por dois fatores: ou não está a ser utilizado da forma mais adequada ou a sua confiança está tão em baixo que hesita em “puxar o gatilho”. A realidade, no entanto, é que provavelmente se trata de uma combinação de ambos.
Em que posição ele se encaixa no Nápoles?
A contratação de Rasmus Højlund pelo Nápoles foi motivada pela lesão de Romelu Lukaku. O avançado belga deverá ficar afastado dos relvados por três a quatro meses, depois de ter sofrido um problema muscular na coxa durante o amistoso de pré-época frente ao Olympiacos, em agosto.
Outro fator que pode beneficiar Højlund é a flexibilidade tática de Conte, algo que Amorim, por exemplo, não oferece da mesma forma. Na época passada, o técnico italiano utilizou com frequência uma dupla de ataque, embora ainda não o tenha feito nesta temporada. A chegada de Lorenzo Lucca, um avançado referência e homem-alvo, pode proporcionar a Højlund o parceiro ideal para potenciar o seu jogo.
O dinamarquês tem ainda experiência prévia nesse tipo de sistema. Aprendeu o seu ofício no Sturm Graz, da Áustria, onde atuava num 4-1-2-1-2, e também jogou ao lado de Ademola Lookman na Atalanta, sob o comando de Gian Piero Gasperini. Esta familiaridade com um esquema de dois avançados poderá facilitar a sua adaptação.
Talvez o mais importante, contudo, seja o alívio da pressão mediática. Isto não significa que o ambiente no Napoli seja pouco exigente, mas a ausência de Gary Neville, Jamie Carragher e de centenas de podcasts de adeptos a analisar cada detalhe do seu jogo deverá ter um impacto positivo no seu estado mental.
Além disso, Højlund terá Kevin De Bruyne a apoiá-lo no ataque, o que deverá garantir-lhe um volume muito maior de bolas de qualidade e, teoricamente, menos problemas de serviço do que no Manchester United.
Veredicto
Muitos esquecem-se de que Rasmus Højlund ainda é muito jovem. O avançado dinamarquês continua a ter um enorme potencial para se tornar um ponta-de-lança de topo, mas o Manchester United acabou por não ser a opção ideal para ele, tanto em termos táticos como de ambiente. Resta agora saber se Benjamin Šeško, que apresenta um perfil semelhante, conseguirá ter mais sucesso em Old Trafford.
No Nápoles, Højlund encontrará um treinador mais disposto a adaptar-se ao seu estilo de jogo e um contexto competitivo onde estará sujeito a menor escrutínio mediático. Se a trajetória de Scott McTominay servir de referência, tudo indica que esta poderá ser mais uma história de sucesso.