Com o descontentamento dos adeptos evidente, através de protestos contra a direção, que até agora incluíram marchas e um boicote ao jogo frente ao Brentford, o leste de Londres não é, de momento, o local mais agradável para se estar.
Hora dos jogadores assumirem responsabilidades
É precisamente nestes momentos críticos que os jogadores têm de dar a cara. De assumir o protagonismo. De fechar fileiras e adotar uma mentalidade de cerco que tire o clube do buraco.
Quando as coisas apertam, só os mais fortes resistem.
É aí que os adeptos percebem realmente quais dos seus jogadores estão dispostos a ir para a luta e dar tudo semana após semana, e quem, se houver, está pronto para virar costas e fugir.
Agora sabem bem que Lucas Paquetá, provavelmente o jogador mais talentoso do plantel, pertence ao segundo grupo.
Um jogador que o clube apoiou incondicionalmente quando foi acusado de práticas de apostas ilegais e que, ao que tudo indica, pretende sair já em janeiro.
Paquetá não está disposto a lutar
Com os Hammers já envolvidos numa luta pela permanência, as próximas semanas e meses serão decisivas para continuarem na elite inglesa.
Se não conseguirem somar vitórias que os tirem dos três últimos lugares, é provável que a temporada seja longa e difícil para os londrinos do leste. Por isso, não há espaço para quem não contribui.
É evidente que Paquetá não está para a luta, por isso a questão é se os Irons podem mesmo permitir a sua saída.
Fala-se de um valor a rondar os 70 milhões de euros, o que seria elevado para uma contratação em janeiro, e com apenas três golos e nenhuma assistência em todas as competições esta época, é um preço difícil de justificar neste momento.
O brasileiro nunca foi dos mais produtivos, tendo marcado 17 golos (sete de penálti) e feito 14 assistências desde que chegou ao clube, num total de 121 jogos, dos quais foi titular em 107.
Nunca marcou mais de quatro golos numa época
Paquetá nunca conseguiu mais de quatro golos numa temporada da Premier League, o que, para alguém com o seu talento, é um desperdício, mas pode ser explicado pela sua precisão de remate nas últimas duas épocas: 29,7% e 22,2%, além de uma taxa de conversão de apenas 9,5% e 9,8%.
É claro que o joga bonito agrada mais a Paquetá do que os aspetos físicos do jogo, por isso não surpreende que o jogador de 28 anos tenha perdido muito mais duelos individuais do que venceu, tanto no relvado como pelo ar.
As 611 recuperações de bola durante o seu tempo no clube mostram alguma capacidade defensiva, tal como o facto de ter ganho 172 dos 261 desarmes que tentou, mas a irregularidade dessas intervenções revela outra realidade.
Mesmo que se aceite que o jogo de Paquetá baseia-se mais em atrair adversários para depois soltar passes para Jarrod Bowen e companhia, a sua precisão – para um brasileiro – também não impressiona.
Apresentar percentagens de passes completos entre os 70 e os 80 é, sinceramente, mediano, e volta a mostrar um jogador que passa pelos jogos sem assumir o controlo ou ser protagonista.
Face à situação atual dos Hammers, adeptos e direção têm toda a razão para exigir muito mais de um jogador tão experiente.
Hammers precisam de avançar sem Paquetá
Entre agora e janeiro, se Paqueta está decidido a sair, terá de mostrar-se em campo para atrair clubes interessados numa transferência definitiva.
Ao fazê-lo, espera-se que ajude o West Ham temporariamente e, independentemente disso, se o clube conseguir maximizar o valor da sua venda, todos sairão a ganhar.
Se Nuno Espírito Santo não conseguir inverter a situação até lá, a venda de Paquetá torna-se ainda mais necessária e, nesse caso, o jogador pode sair por um valor bem abaixo do seu preço de mercado.
Isso estaria em linha com a forma como o clube tem sido gerido ultimamente e reforçaria a convicção dos adeptos do leste de Londres, de que são precisas mudanças não só em campo, mas também na direção.
