Mais

Análise: Como o Brentford aproveitou uma exibição desastrosa do West Ham

Mathias Jensen, do Brentford, é rodeado pelos colegas de equipa após marcar o segundo golo das Abelhas no terreno do West Ham
Mathias Jensen, do Brentford, é rodeado pelos colegas de equipa após marcar o segundo golo das Abelhas no terreno do West HamMARTIN DALTON / Alamy / Profimedia

Mais um dia, mais uma derrota do West Ham. Na verdade, esta foi a quinta derrota consecutiva em casa, algo que não acontecia desde 1931, o que evidencia o peso dos problemas que afetam os Hammers neste momento.

A exibição frente ao Brentford foi, sem rodeios, patética, e noutra noite qualquer as Abelhas poderiam facilmente ter saído de Londres com uma vitória por quatro ou cinco golos de diferença.

Jejum desde março

10 de março foi a última vez que os londrinos conquistaram três pontos num jogo da Premier League, e com um registo caseiro em 2025/26 de três derrotas, 10 golos concedidos e apenas dois marcados, era previsível que Nuno Espírito Santo teria mais uma tarefa complicada pela frente.

Numa noite em que treinador e equipa precisavam verdadeiramente do apoio dos adeptos, milhares optaram por não comparecer em protesto contra a direção, e os que estiveram presentes pouco se fizeram ouvir ao longo do jogo.

Nuno também não facilitou ao escolher o onze inicial, deixando no banco El Hadji Malick Diouf, Konstantinos Mavropanos, Soungoutou Magassa e Aaron Wan-Bissaka.

Foi também a noite em que Lucas Paqueta cumpriu o seu 100.º jogo pelos Irons. Uma taxa de passes completos de apenas 63,4% por parte do brasileiro, aliada à perda de posse em 23 ocasiões distintas, transmitiu a sensação de que lhe faltou vontade de lutar.

Primeiros minutos ditaram o rumo

Três cantos concedidos e três remates de Kevin Schade nos primeiros oito minutos não auguravam nada de bom para os anfitriões, e a pressão manteve-se durante toda a primeira parte.

O remate desenquadrado de Matheus Fernandes aos 10 minutos foi tudo o que o West Ham conseguiu criar na primeira parte, enquanto o Brentford não só teve uns impressionantes 74,8% de posse de bola, como também somou 16 cruzamentos e 14 remates, quatro deles enquadrados com a baliza.

A única surpresa foi mesmo o facto de as Abelhas só terem inaugurado o marcador ao minuto 43, com o remate de Igor Thiago a entrar junto ao poste mais distante. 

Os adeptos do West Ham perceberam logo aí que o desfecho estava praticamente traçado, tendo em conta que os londrinos do leste não venceram nenhum dos últimos 27 jogos da Premier League em que concederam o primeiro golo, desde o triunfo frente ao Luton Town a 11 de maio de 2024.

Não terem conseguido marcar antes do intervalo fez com que, pela sétima vez em oito jogos na elite esta época, saíssem para o descanso em branco – um registo preocupante que nenhuma outra equipa da Premier League iguala em 25/26.

Jordan Henderson a dar o exemplo

Se os anfitriões procuravam um exemplo de espírito e combatividade para sair do buraco em que se meteram, bastava olharem para a exibição de Jordan Henderson na primeira parte. O médio de 35 anos envergonhou o onze inicial mais jovem do West Ham na Premier League esta época, graças à sua entrega e disponibilidade, terminando a primeira parte com mais toques na bola do que qualquer outro jogador em campo.

À exceção de dois remates tímidos dos anfitriões no início da segunda parte, o jogo rapidamente voltou ao que se tinha visto na maior parte do primeiro tempo, com o silêncio nas bancadas a ser ensurdecedor.

O Brentford trocava a bola com facilidade e raramente era incomodado quando tinha a posse. Os visitantes terminaram o encontro com 451 passes, mais de 100 do que o West Ham, e apenas um remate enquadrado dos anfitriões em todo o jogo diz muito sobre o que se passou. Sobretudo se tivermos em conta que o Brentford fez 20 remates dentro da área, sete deles à baliza.

West Ham sem qualquer ameaça ofensiva

Apenas dois jogadores do West Ham – Jarrod Bowen e Crysencio Summerville – tiveram mais do que um toque na área adversária, e com os Hammers a precisarem de vitórias para fugir à descida, isto está muito longe de ser suficiente.

Na verdade, 14 toques no total na área são um retrato claro da falta de ambição dos Irons. Só Thiago conseguiu 10, e pelo menos sete jogadores do Brentford tiveram mais do que um toque na área do West Ham.

Mathias Jensen selou o triunfo dos visitantes já nos descontos, e os anfitriões podem considerar-se afortunados por terem estado perto de somar um ponto imerecido até esse momento.

Quando a poeira assentar e chegar a hora de analisar o que correu mal, será fácil perceber em que momentos o jogo foi decidido.

Falta de garra continua a assombrar os Hammers

O West Ham não ofereceu qualquer perigo pelas alas, sendo que os dois dribles bem-sucedidos de Summerville foram tudo o que a equipa conseguiu neste aspeto.

Apenas duas interceções em todo o jogo é outro dado preocupante que exige resposta urgente, e talvez seja mesmo essa falta de combatividade o aspeto mais alarmante deste plantel.

Este problema já se tinha notado com Julen Lopetegui e voltou a surgir com Graham Potter, e bastaram poucos jogos sob o comando de Nuno para alguns jogadores regressarem aos velhos hábitos.

A janela de transferências de janeiro não chega rápido o suficiente, e todos os que estão ligados ao clube só podem esperar que o West Ham não seja já um caso perdido nessa altura...

Jason Pettigrove
Jason PettigroveFlashscore