Análise: Como o brilho de Rayan Cherki ajudou o Manchester City a superar o Sunderland

Rayan Cherki do Manchester City durante o jogo da Premier League frente ao Sunderland
Rayan Cherki do Manchester City durante o jogo da Premier League frente ao SunderlandConor Molloy / ProSportsImages / DPPI via AFP / Profimedia

Depois de o Arsenal ter sofrido uma derrota nos instantes finais em Villa Park, no sábado à hora de almoço, abriu-se a oportunidade para a equipa de Pep Guardiola, o Manchester City, aproximar-se a dois pontos dos Gunners – caso conseguisse ultrapassar um Sunderland que já tinha surpreendido muitos ao longo da temporada 2025/26.

Recorde as incidências da partida

Rayan Cherki entrou para o lugar de Tijjani Reijnders, sendo esta a única alteração feita por Guardiola, e o jovem de 22 anos rapidamente se destacou, com um remate desenquadrado enquanto os anfitriões tentavam impor uma vantagem inicial.

Manchester City assumiu o controlo

Os Black Cats de Regis Le Bris têm recebido elogios ao longo da época pela forma como jogam, mas nos primeiros 15 minutos ficaram confinados ao seu próprio terço defensivo.

40,6% do jogo decorreu na sua área ou nas imediações, com o City a registar uns impressionantes 77% de posse de bola.

O remate de Enzo Le Fee aos 16 minutos foi o primeiro de um jogador visitante, dando algum alívio à defesa do Sunderland, que voltou a ser pressionada quando Phil Foden tentou mais dois remates em rápida sucessão.

Cherki manteve-se como o elemento mais criativo num dia cinzento em Manchester, e fez a assistência para Rúben Dias, que disparou de longe para um golo espetacular, sem hipótese para Robin Roefs.

Gvardiol fez o segundo

A quarta assistência da época para o extremo justificou a escolha de Guardiola, e o 17.º golo do City na primeira parte em 2025/26 é superior ao registo de golos de qualquer outra equipa da Premier League até ao momento.

Logo a seguir, chegou o 18.º, com Josko Gvardiol a saltar com autoridade e a cabecear para golo após um canto preciso de Foden – é já o quarto jogo consecutivo em que o inglês marca ou assiste um colega.

Foden parece ter recuperado a boa forma após um período menos produtivo, e o seu empenho foi notório, participando em seis duelos individuais e registando o segundo maior número de toques na área do Sunderland (sete).

Os visitantes foram completamente dominados na primeira parte, chegando a colocar 10 jogadores atrás da linha da bola em determinado momento. Uma posse coletiva de 36,1% foi dos seus piores registos da época, e não terem conseguido um único remate enquadrado antes do intervalo não surpreendeu.

O mesmo padrão repetiu-se

A incapacidade de marcar nos primeiros 45 minutos tornou-se um problema para Le Bris, já que apenas os 11 jogos do Nottingham Forest (em 15) sem golos antes do intervalo são piores do que os 10 do Sunderland.

O padrão manteve-se na segunda parte, e quatro remates em dois minutos dos anfitriões incluíram um excelente remate de Jeremy Doku que acertou no poste.

O domínio de jogo no City-Sunderland
O domínio de jogo no City-SunderlandOpta by Stats Perform

Doku causou dificuldades à defesa do Sunderland durante todo o jogo, tanto pela velocidade como pela eficácia nos passes, com 93,1% de sucesso. Nada mau, considerando que os visitantes tentaram dobrar a marcação sobre ele durante grande parte do encontro.

Desde o jogo frente ao Bournemouth, a 4 de novembro de 2023, Doku não criava cinco oportunidades numa só partida.

A assistência de Cherki

Alargar o campo foi fundamental para o City, que conseguiu tirar os jogadores do Sunderland das zonas centrais mais congestionadas, abrindo espaço para Nico González e Bernardo Silva trabalharem.

Wilson Isodor conseguiu finalmente o primeiro (e único) remate enquadrado dos visitantes aos 52 minutos, seguido de Granit Xhaka a acertar no poste, naquele que foi o único momento de verdadeiro perigo dos Black Cats.

Xhaka pode pelo menos sentir-se relativamente satisfeito com a sua exibição, que, como seria de esperar, foi marcada pela garra e determinação.

O 57.º remate de Erling Haaland esta época – mais do que qualquer outro jogador – foi afastado em cima da linha, antes de Cherki protagonizar uma assistência incrível para Foden, que, em voo, cabeceou para o terceiro golo e selou o triunfo.

Trai Hume, um raio de esperança no meio da desilusão

Uma série de substituições tardias pouco alterou o rumo do jogo, e para piorar a tarde dos Wearsiders, Luke O'Nien viu o cartão vermelho por conduta violenta já nos descontos.

Ao analisar as razões para a derrota tão clara no Estádio Etihad, Le Bris poderá querer observar quantas vezes os seus jogadores perderam a posse de bola.

Por exemplo, Nordi Mukiele e Enzo Le Fee perderam a bola, juntos, em 23 ocasiões distintas. Isso é insuficiente contra qualquer adversário, quanto mais contra uma equipa que quase sempre castiga os erros.

O esforço de Trai Hume – sete duelos ganhos em nove disputados e três desarmes bem-sucedidos em cinco tentativas, numa exibição cheia de entrega – acabou por ser irrelevante.

Sete toques na área do City contra 42 dos anfitriões na área oposta, e uma taxa coletiva de passes acertados de apenas 58,2% no último terço, mostram que, neste dia, pouco havia que o Sunderland pudesse fazer para travar o ímpeto do City.

Jason Pettigrove
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