Análise: Como o Manchester United marcou quatro golos ao Bournemouth e não venceu

Bruno Fernandes, do Manchester United, disputa a bola com Antoine Semenyo, do Bournemouth
Bruno Fernandes, do Manchester United, disputa a bola com Antoine Semenyo, do BournemouthConor Molloy / ProSportsImages / DPPI via AFP / Profimedia

O Manchester Utd tinha a oportunidade de entrar, pela primeira vez na época 2025/26, no top cinco da Premier League, com o Bournemouth de Andoni Iraola a ser o obstáculo a ultrapassar.

Os Cherries estavam invictos nos últimos quatro confrontos frente aos Red Devils e, nas duas visitas anteriores a Old Trafford, regressaram à Costa Sul com triunfos por 3-0.

Bournemouth com falta de confiança

Sem vencer há seis jogos, com a confiança em baixo e tendo descido para os lugares inferiores do principal escalão inglês, dificilmente haveria melhor altura para o United defrontar este adversário.

A equipa de Ruben Amorim, por seu lado, procurava prolongar uma série de três jogos sem perder na liga, e o técnico português voltou a apostar no jovem Ayden Heaven pelo terceiro jogo consecutivo, algo inédito na sua carreira. 

Juntamente com Leny Yoro e Luke Shaw, Heaven formou a 23.º trio diferente no centro da defesa a iniciar um jogo do United na Premier League sob o comando de Amorim.

Antoine Semenyo tinha marcado em casa e fora frente ao Man Utd na época passada, por isso, apesar do mau momento individual, os anfitriões estavam bem cientes do perigo que representava, bastando-lhe uma oportunidade.

Adams pode ver o sonho do Mundial desfeito

O seu colega, Tyler Adams, era apontado como possível reforço dos Red Devils; no entanto, ao fim de apenas cinco minutos, sofreu uma possível lesão nos ligamentos cruzados, que o obrigou a sair de imediato.

Se se confirmar, ficará praticamente afastado do resto da época na liga e do Mundial, o que seria um duro golpe para o capitão dos Estados Unidos da América, ainda para mais com o torneio a disputar-se no seu país.

O United já tinha visto dois remates bloqueados antes disso, e outros dois logo a seguir, até que Mason Mount fez o primeiro remate enquadrado aos oito minutos. Mais dois remates surgiram antes dos 10 minutos, e esses seis remates foram o registo mais elevado do United num jogo da Premier League nesse período desde outubro de 2022, frente ao Tottenham Hotspur (também seis).

Diallo inaugura o marcador

Parecia ser apenas uma questão de tempo até surgir o primeiro golo, que acabou por aparecer por intermédio de Amad Diallo aos 13 minutos.

Os visitantes não tinham vencido nenhum dos últimos quatro jogos em que concederam o primeiro golo, enquanto o United não perdeu nenhum dos últimos 11 em que marcou primeiro. Apesar de jogar com dois médios defensivos à frente da linha de quatro defesas, o Bournemouth não conseguiu lidar com a mobilidade e objetividade dos jogadores ofensivos do United, que encontravam demasiada facilidade em romper as linhas adversárias.

O 18.º contributo de Diallo para golos na carreira (10 marcados , oito assistências) só foi superado por Morgan Rogers (26), Cole Palmer (25) e Joao Pedro (21) entre jogadores com 23 anos ou menos. Adam Smith, dos Cherries, foi especialmente responsável por perder a posse de bola pelo lado direito nos minutos iniciais, e terminou o jogo com impressionantes 18 perdas de bola.

Semenyo quebra o jejum de golos

Não foi o único a comprometer defensivamente; os seus colegas Marcos Senesi e Adrian Truffert também complicaram a própria tarefa, perdendo a posse em 21 e 19 ocasiões, respetivamente.

O United dominava e ainda somou mais quatro remates antes de o Bournemouth, finalmente, responder com outros quatro num espaço de três minutos. Foi a primeira investida ofensiva dos visitantes, que só surgiu à meia hora de jogo.

Apesar do domínio dos anfitriões, a incapacidade de Luke Shaw em segurar a bola permitiu a Smith servir Semenyo, que acelerou e bateu a defesa do United, rematando rasteiro para Senne Lammens e restabelecendo uma igualdade pouco merecida.

Foi o primeiro golo em sete jogos para o avançado, o terceiro frente ao United, mas o empate durou pouco, já que Casemiro voltou a colocar o United na frente nos descontos, após o 17.º remate da equipa, com assistência de Bruno Fernandes.

Evanilson empata para os Cherries

A intensidade do português com bola e a precisão no passe foram, por vezes, um regalo para os adeptos, com a esmagadora maioria dos seus 45 passes a serem feitos para a frente.

Man Utd v Bournemouth – Notas dos jogadores
Man Utd v Bournemouth – Notas dos jogadoresFlashscore

Mal tinha começado a segunda parte e o Bournemouth já empatava, com Evanilson a acabar com o seu jejum de golos logo no primeiro minuto.

Marcus Tavernier, que assistiu Evanilson, marcou ele próprio poucos minutos depois, silenciando o Teatro dos Sonhos. Com este feito, o Bournemouth tornou-se a primeira equipa a marcar três ou mais golos em três jogos consecutivos da Premier League em casa do Man United.

Esse momento desencadeou uma autêntica avalanche ofensiva dos anfitriões, com Diallo e Matheus Cunha a somarem 10 e nove toques, respetivamente, na área do Bournemouth.

Pressão final do United

Os Cherries pareciam estátuas enquanto os jogadores do United trocavam a bola à sua volta com facilidade, chegando a ter 77% de posse nos 15 minutos após a hora de jogo.

Com 15 minutos para jogar, Bruno marcou o golo que a sua exibição merecia, com um livre direto impressionante a entrar após bater no ferro, o seu quarto em oito jogos frente ao Bournemouth.

Cunha parecia ter garantido a vitória dois minutos depois, mas a defesa do United voltou a comprometer e Junior Kroupi empatou a sete minutos do fim; nem Lisandro Martinez, Heaven, Shaw ou Dalot conseguiram fazer um corte.

Excluindo o internacional inglês, os restantes três só fizeram dois desarmes em todo o jogo – três, se contarmos com o contributo de Yoro.

O United ainda permitiu ao Bournemouth mais três remates enquadrados antes do apito final, obrigando Lammens a cinco defesas – algo que não acontecia desde que defrontou o Liverpool no início da época.

O jogo terminou num animado empate 4-4, mas o resultado não agradou a nenhum dos treinadores. Levanta ainda mais dúvidas sobre a linha defensiva do United – e sobre a insistência de Amorim em alterar constantemente o setor – do que respostas oferece.

Jason Pettigrove
Jason PettigroveFlashscore