Lateral checo deve encaixar devido ao talento ofensivo
A ordem atual no mercado de transferências é implacável. Há uma escassez aguda de laterais com vocação ofensiva e potencial de rentabilização futura, e assim que surge um jogador dessas características, há imediatamente uma enorme batalha por ele. E foi exatamente isso que aconteceu com Jurásek. O departamento de scouting do Benfica, para onde se mudou o jovem checo a troco de 14 milhões de euros, pode acabar por festejar.
Alejandro Grimaldo, que saiu para o Bayer Leverkusen, foi o lateral-esquerdo mais utilizado na época passada e uma das figuras-chave da campanha que culminou no título e a passagem aos quartos de final da Liga dos Campeões. No entanto, se há um jogador fora do top-5 das melhores competições do mundo que pode substituir o espanhol, é o internacional checo. De facto, foi a preferência legítima em detrimento de Milos Kerkez, do Alkmaar, entretanto já contratado pela Lazio.
O que não pode ser esquecido em Jurásek é a sua enorme velocidade combinada com parâmetros físicos pouco vistos, apoiados pela reconhecida condição física dos jogadores do Slavia. Apesar de só ter 22 anos, o jogador tem-se destacado na sua posição em termos de força numa das ligas de futebol mais exigentes do mundo. A qualidade em ambos os atributos é tão elevada que, provavelmente, não teria qualquer problema em adaptar-se rapidamente a qualquer competição europeia, incluindo a Premier League.
Entre os jogadores que iniciaram pelo menos 1.000 minutos de jogo na última época da Liga checa, manteve a percentagem mais elevada de cabeceamentos e, além disso, a terceira mais elevada de duelos pelo chão. Recuperou um grande número de bolas para a equipa, especialmente com o seu jogo ativo, no qual teve uma taxa de sucesso de 83%. Ou seja, em cinco ocasiões, desarmou os adversários em quatro delas.
O dinamismo e a sua boa gestão da posse de bola refletem-se numa métrica que avalia em que medida as corridas de um jogador com posse deixam a equipa em melhor posição para marcar. Nenhum outro lateral foi tão válido na condução da bola até ao terço ofensivo. Além disso, foi um perigo constante para a baliza adversária.
Os seus pontos fortes são sobretudo os cruzamentos, sejam eles altos, baixos, da linha de fundo ou em profundidade. Apesar de ter sido muito esporádico na execução de lances de bola parada, enviou um grande volume de bolas para a área. A média é de sete por jogo, o que constitui o segundo melhor resultado. E não entre laterais, mas sim entre todas as posições... Terminou com oito assistências para golo no campeonato, graças à grande qualidade no último passe.
Numa equipa ofensiva e dominadora como é o Benfica nas competições nacionais, Jurásek deverá dar uso imediato à criatividade, adaptando-se igualmente depressa a outros aspetos do jogo. A equipa treinada por Roger Schmidt trouxe um futebolista com um enorme potencial. Quer em termos de jogo, quer em termos de lucro com eventuais vendas futuras.
Um dos jogadores mais criativos do mundo
Juntamente com a chegada de Kai Havertz ao Arsenal, este é o negócio mais caro da atual janela de transferências da Premier League até ao momento. Szoboszlai ganhou fama com remates de longe vistosos e uma capacidade perfeita para executar situações de bola parada, mas se nos aprofundarmos um pouco mais nas suas habilidadees, há uma palavra perfeita para o descrever: versatilidade.
Com apenas 22 anos, o capitão da seleção húngara pode jogar não só nas duas alas, mas também como número dez, oito ou mesmo como número seis. No meio-campo, pode jogar em praticamente qualquer posição e papel. No contexto da sua transferência para o Liverpool, o papel mais natural parece ser aquele que Jordan Henderson ocupou no final da época.
Nesse caso, veríamos Szoboszlai alternar posições no meio-campo direito e na ala, onde trocaria constantemente de lugar com Mohamed Salah e Trent Alexander Arnold, fazendo uso ideal da sua capacidade técnica e acrescentando valor no último terço. Para além da boa velocidade, os pontos fortes incluem o controlo da bola, uma grande variedade de passes criativos ou técnicas de remate, seja para finalização, cruzamentos ou as já mencionadas bolas paradas.
Os modelos de dados avançados mostram também o quanto foi um trunfo para as dinâmicas do Leipzig. Numa métrica que analisa todos os passes de um jogador e o quanto estes aumentam as hipóteses de uma equipa marcar golos, Szoboszlai ficou ligeiramente atrás do (agora antigo) colega de equipa Dani Olmo. Durante a época, no último terço do campo fez um total de 21 tipos diferentes de passes, o que o torna num dos jogadores mais criativos do mundo nesse aspeto.
Por isso, embora crie oportunidades de golo muito perigosas com os cruzamentos em jogo corrido e em situações de bola parada, não se fica por aí. O seu repertório inclui também um grande número de passes diagonais e perpendiculares a partir do meio-campo e da zona central perto da área adversária, e é capaz de virar o jogo com rapidez e precisão a partir de qualquer posição do campo, graças à visão periférica.
Virar o jogo para o lado com mais espaço foi o grande trunfo do Liverpool entre 2018 e 2020 e, com a chegada de Szoboszlai, pode voltar a ser uma das grandes armas da equipa.
A excelente técnica do húngaro é também evidente na finalização. Na Bundesliga alemã, na Bundesliga austríaca, na Liga dos Campeões ou nas eliminatórias para o Campeonato do Mundo - em todo o lado Szoboszlai marcou mais golos do que o valor esperado de golos(xG) que lhe foi atribuído. Estamos a falar de uma amostra conclusiva de 10.000 minutos jogados.
Além disso, há também habilidades que os dados do não registam. O que, de uma forma indireta, traz de volta a versatilidade mencionada na introdução. Szoboszlai está constantemente a analisar o espaço à sua volta e, quando joga sem bola, é capaz de avaliar rapidamente o que está a acontecer no campo naquele momento e como deve reagir à situação. Não joga de acordo com um modelo estabelecido, mas tem um talento inegável para ler o adversário e adaptar-se ao seu jogo. E isso é algo que nasce com um jogador.