O Wolverhampton, orientado pelo português Vítor Pereira, teve um início de temporada complicado, aumentando os receios de que a despromoção possa já estar à vista. Analisamos as dificuldades enfrentadas pela equipa de Vitor Pereira e as suas hipóteses de sobrevivência.
Depois de perder os primeiros cinco jogos da Premier League, o Wolverhampton está a viver o pior início da sua história de 148 anos. A equipa de Vitor Pereira ocupa o último lugar da tabela e já parece estar em sério risco de despromoção.
As probabilidades não estão do lado dos Wolves: apenas duas equipas conseguiram evitar a descida na Premier League após perderem os cinco primeiros jogos e, ao contrário da época passada, as equipas que subiram do Championship mostram-se bastante sólidas.
O Wolverhampton vai precisar de um verdadeiro milagre se quiserem continuar na Premier League para lá desta temporada.
Uma janela de transferências longe do ideal
O Wolverhampton perdeu os seus dois melhores jogadores durante o verão. Primeiro, Matheus Cunha transferiu-se para o Manchester United por um valor de 70 milhões de euros e, uma semana depois, o lateral-esquerdo Rayan Ait Nouri assinou pelo Manchester City.
Juntos, os dois foram responsáveis por 35% dos 54 golos dos Wolves na Liga na época passada, e a sua ausência tem sido bastante sentida. Nesta temporada, os Wolves ocupam o quarto pior lugar em xG, com 4,4, e apenas o rival Aston Villa tem uma média de golos por 90 minutos inferior, com os Wolves a conseguirem apenas 0,6.
A falta de Aït-Nouri e Matheus Cunha deixou o Wolverhampton sem soluções. Na época passada, os dois somaram 13 assistências e eram fundamentais na capacidade da equipa de ultrapassar adversários, transportar a bola e criar oportunidades.
Agora, sem essas qualidades, o Wolverhampton está perto do fundo da Liga em todos esses aspetos, com um ataque frequentemente previsível, sem criatividade e pouco eficaz.
Apesar disso, o clube investiu para tentar colmatar essas saídas. Além de Jorgen Strand Larsen, que esteve emprestado na época passada, Fer Lopez chegou do Celta Vigo e o avançado Tolu Arokodare foi contratado ao Genk por 26 milhões de euros.
Os defesas David Moller Wolfe e Jackson Tchatchoua também reforçaram o plantel no verão, enquanto Vítor Pereira, que acompanhou de perto o jogador no Brasil, foi decisivo na contratação do extremo Jhon Arias ao Fluminense por quase 20 milhões de euros.
Com exceção de Strand Larsen, nenhum dos reforços tem experiência na Premier League. Os Wolves já encontraram verdadeiros talentos no mercado internacional anteriormente, mas, dada a situação atual, há muita pressão para que estes novos jogadores rendam quase de imediato.
Problemas na defesa
Desde que substituiu Gary O’Neil, em dezembro de 2024, Vítor Pereira transformou a defesa instável dos Wolves numa unidade mais disciplinada e compacta. Apostando num 3-4-2-1 consistente, simplificou processos e trouxe estabilidade à equipa. Os resultados foram evidentes: os remates concedidos baixaram de 14,6 para 10,7 por jogo, enquanto os golos sofridos caíram de 2,5 para 1,3.
Esta temporada, no entanto, o cenário mudou. O Wolverhampton já concedeu 12 golos, apenas o West Ham concedeu mais, com 13, e ocupam a segunda posição partilhada na Liga em grandes oportunidades de xG permitidas, com 0,13.
Parte disto deve-se a erros individuais, com o defesa Emmanuel Agbadou a liderar o número de erros que resultaram em golo nas cinco principais ligas europeias esta época, mas é a mesma falta de coesão que custou o lugar a O’Neil na época passada.
Não é surpresa que a equipa pareça algo desorganizada. Vítor Pereira perdeu sete titulares no verão e já deu estreia a seis reforços desde a derrota por 4-0 frente ao Manchester City. Também já utilizou o maior número de suplentes na Premier League, com 25. O treinador português ainda está a tentar encontrar o seu melhor onze após um verão de grandes mudanças.
Um raio de esperança
Nem tudo é negativo para o Wolverhampton. O clube tem por tradição começar devagar; na época passada não venceu nenhum dos primeiros dez jogos e mesmo assim conseguiu manter-se na Liga sem grandes dificuldades. Na verdade, nas últimas quatro temporadas, nunca somaram mais de três pontos nas quatro primeiras jornadas da Liga.
Veredito
É provável que esta seja uma temporada longa para o Wolverhampton. Com os reforços ainda a adaptarem-se e a saída de jogadores-chave, Vítor Pereira precisa de de agir rapidamente e voltar a tornar a equipa sólida defensivamente. Se conseguir, os Wolves podem contrariar as probabilidades e permanecer na Premier League...