Thomas Frank continua a mudar a composição do plantel do Tottenham antes do jogo da Supertaça Europeia, contra o PSG, a 13 de agosto, e do início da nova época da Premier League, poucos dias depois.
O treinador dinamarquês de 51 anos teve a difícil tarefa de assumir o lugar de Ange Postecoglou, pouco tempo depois de o australiano ter ajudado o clube a conquistar o seu primeiro título importante em 17 anos.
Será que Frank conseguirá fazer o que Postecoglou não fez?
A vitória na final da Liga Europa, sobre o Manchester United, ficará na memória dos londrinos, mas Daniel Levy não é um homem de sentimentos e demitiu Postecoglou logo em seguida, por causa de alguns resultados abaixo do esperado no campeonato.
Tendo em conta que teve de passar grande parte da época sem alguns dos seus principais jogadores, o facto de Ange ter conseguido entregar um troféu na sua segunda época - tal como tinha prometido - foi nada menos do que sensacional.
Se a decisão de o despedir não foi suficientemente controversa, a contratação de Thomas Frank - que nunca tinha dirigido um clube "grande" - foi outra que deixou muitos céticos.
Frank transformou o Brentford no período em que lá esteve, é verdade, mas, com todo o respeito, os Bees não são o Tottenham...
Déjà vu de Daniel Levy?
É mais uma estratégia arriscada de Daniel Levy, da qual, com o tempo, poderá vir a arrepender-se. O que ninguém quer agora é o habitual período de dois a três anos de um treinador, antes de o presidente ficar com comichão e o processo se repetir ad infinitum.
Para já, há que confiar no discernimento de Levy e nas capacidades de Frank no banco de suplentes.
O segundo, por sua vez, também tem dúvidas de que, mesmo que comece bem, as coisas podem azedar rapidamente.
Há apenas duas épocas, os adeptos do Tottenham cantavam nas bancadas o nome de Postecoglou e diziam que o futebol era de outros tempos e que o sucesso estava ao virar da esquina. Dois anos depois, voltámos à estaca zero.
Pelo menos Thomas Frank começou com o pé direito no que respeita às transferências.
Kudus é uma excelente contratação
A transferência de Mohammed Kudus do West Ham para a capital foi uma jogada brilhante, e o ganês dará ao meio-campo e ao ataque dos Spurs um verdadeiro impulso em 2025/26.
Apesar de ter perdido fulgor nos Hammers na sua segunda época, basta olhar para alguns dos golos sensacionais dos seus primeiros 12 meses para perceber a qualidade do jogador que os Spurs vão receber.
A contratação de Kevin Danso e Mathys Tel também é muito importante para o clube, já que o último está convencido de que o seu futuro a longo prazo está no norte de Londres e não no Bayern de Munique.
Outro astro do Bayern que vai assinar em breve com os Spurs é João Palhinha, ex-Fulham, que deve ser emprestado ao clube.
Palhinha tem um ponto a provar
O médio português de 30 anos, com ampla experiência na Premier League, deve estar ansioso para ser titular.
Sob o comando de Vincent Kompany, o português não tem sido tão importante quanto gostaria, tendo sido titular em apenas sete dos 19 jogos da temporada passada, que totalizaram apenas 770 minutos, o equivalente a pouco mais de oito jogos e meio em todas as competições.
Um jogador conhecido pela sua tenacidade e fisicalidade no meio-campo, a sua capacidade de passe fora do comum é muitas vezes esquecida.
Por exemplo, os seus 92,9% de conclusão de passes em 2024/25 foram melhores do que todos os membros regulares da equipa dos Spurs durante a época - os 89,5% de Cristian Romero foram os que mais se aproximaram de alguém do norte de Londres.
O desafio de colocar o pé na bola quando necessário também agrada, e não é nenhuma surpresa descobrir que os 58,4% de sucesso de Palhinha em duelos também o colocariam no topo da lista dos melhores jogadores dos Spurs, ao lado de Danso (59,5%), Radu Dragusin (58,9%) e do melhor da categoria, Romero (61,6%).
Meio-campo dos Spurs precisa de ser mais robusto
É certamente algo que tem faltado ao meio-campo do Tottenham nos últimos tempos, e essa vontade de interromper o jogo deverá ter um efeito marcante e positivo para a equipa no futuro.
Com demasiada frequência, as equipas atacantes conseguiam cortar a espinha dorsal de uma equipa dos Spurs que pouco oferecia no meio-campo central em termos de resposta robusta.
No entanto, é improvável que Palhinha tenha um grande impacto no jogo aéreo, já que na última temporada venceu 20 dos 31 duelos aéreos que disputou. Por outro lado, Thomas Frank gostaria de ver o jogador a avançar e a marcar mais vezes.
Enquanto esteve no Fulham, Palhinha utilizou bem o seu pé direito em remates de longa distância e foi uma presença ofensiva suplementar em lances de bola parada. No entanto, a ausência de golos ou assistências em 2024/2025 viu esse lado do seu jogo ser reduzido.
Com a possibilidade de uma transferência definitiva dentro de um ano, se conseguir afirmar-se, o que acontecerá a seguir depende, em última análise, do próprio João Palhinha.
