Seis meses depois de trocar o Brentford pelo Tottenham, a pressão sobre Thomas Frank começa a aumentar. O futebol praticado não entusiasma, os adeptos assobiam e a relação do dinamarquês com eles está a deteriorar-se.
A derrota por 2-1 na Premier League frente ao Fulham foi vista por muitos como um momento de viragem, e as palavras de Frank após o jogo, ao afirmar que quem assobiou a equipa “não são verdadeiros adeptos do Tottenham”, não lhe trouxeram qualquer benefício.
O empate 2-2 fora, frente ao Newcastle, pode ter dado algum crédito a Frank, mas isso não durará muito se perder contra o seu antigo clube no sábado. Se o pior acontecer, Marco Silva, o treinador responsável pela mais recente derrota dos Spurs, seria a escolha ideal para assumir o comando.
Jogar à "maneira do Tottenham"
Com razão ou não, os adeptos dos Spurs esperam ver a sua equipa praticar um futebol atrativo e ofensivo, e esse tem sido um dos principais argumentos contra Frank. É verdade que o futebol tem sido pobre, mas melhores resultados ajudariam a suavizar a situação para quem paga milhares por um lugar anual no estádio.
Uma das poucas coisas positivas na equipa de Frank é a eficácia. O Tottenham ocupa o 16.º lugar na Premier League em remates enquadrados por cada 90 minutos, mas está em 4.º em golos marcados, com 1.6, apenas atrás de Manchester City, Arsenal e Chelsea.
É praticamente aí que terminam as boas notícias no ataque do Tottenham sob Frank. Em quase todos os outros indicadores, os Spurs são uma equipa de meio da tabela, o que corresponde à sua atual posição: 11.º.
Os Spurs estão em 11.º em grandes oportunidades criadas (25), 11.º em grandes oportunidades desperdiçadas (14), 11.º em toques na área adversária (323) e 11.º em cruzamentos certeiros por jogo (4.4). Já começa a perceber o padrão?
Isso simplesmente não é suficiente para a qualidade que Frank tem à disposição, e deve-se sobretudo ao meio-campo lento do Tottenham, enquanto Xavi Simons, contratado para dar criatividade, tem tido dificuldades em adaptar-se à Premier League.
Marco Silva está a tirar o máximo do que tem
O mercado de transferências de verão foi frustrante para Marco Silva. O treinador foi bastante vocal sobre a falta de contratações do clube, obrigando a direção a abrir os cordões à bolsa e a garantir Kevin ao Shakhtar e Samuel Chukwueze por empréstimo do AC Milan antes do fecho do mercado.
Apesar do pouco apoio da direção e de alguns momentos próximos da zona de despromoção, o Fulham tem estado bem e, na verdade, está a superar a sua posição na Liga em vários indicadores ofensivos.
Atualmente, ocupa o 15.º lugar, com 17 pontos em 14 jogos da Premier League, sendo 8.º em toques na área adversária (339), 13.º em grandes oportunidades desperdiçadas (13), 12.º em remates enquadrados por cada 90 minutos (3.8) e 14.º em xG (14.5).
Claro que o dado mais importante são os golos. Os 19 golos do Fulham não só são mais do que qualquer equipa dos cinco últimos classificados, como também superam equipas como Aston Villa e Sunderland, que estão confortavelmente na metade superior da tabela.
Silva tem fama de ser um treinador que aposta num futebol atrativo, baseado em jogo posicional, com rotações fluidas nas alas, combinações rápidas de passes e construção paciente.
É precisamente esse tipo de futebol que os adeptos dos Spurs querem ver. Acrescente-se o facto de Marco Silva já contar com quase uma década de experiência na Premier League, não seria necessário qualquer período de adaptação para o treinador português.
O Fulham terá de lutar seriamente para o manter no clube para lá desta época. O contrato de Marco Silva termina no próximo verão e, se o mercado de transferências de janeiro for tão decepcionante como o anterior, terá poucos motivos para continuar.
“Eles sabem o quanto gosto de estar neste clube de futebol. Não sou uma pessoa fácil de lidar, por vezes, porque sou muito ambicioso. Manter o projeto com a mesma pessoa durante quase cinco anos é um excelente sinal”, disse Marco Silva à Sky Sports esta semana.
Conclusão
Há algum risco em contratar Marco Silva. Isso obrigaria os jogadores dos Spurs a adaptarem-se novamente a um estilo de jogo diferente, depois de já o terem feito com Jose Mourinho, Antonio Conte, Ange Postecoglou e agora Frank.
Despachar Frank apenas seis meses após a sua chegada seria contraproducente para o Tottenham, mas há limites para a paciência dos adeptos. Se a direção decidir avançar, atualmente não há melhor treinador para assumir o comando do que Marco Silva.