Talvez alguma da magia dos seus tempos de jogador no Manchester United pudesse contagiar os jogadores dos Foxes, que tinham visto Steve Cooper ser despedido do cargo de treinador da equipa principal após apenas duas vitórias no campeonato até essa altura da época.
Os adeptos do Leicester esperavam que uma vitória sobre o West Ham no seu primeiro jogo no comando fosse certamente o sinal do que estava para vir, dado que também tinha vencido três e empatado um dos seus quatro jogos como treinador interino dos Red Devils.
Primeira vitória escondeu muitas deficiências
Se as circunstâncias fossem diferentes, talvez o neerlandês até pudesse ter sido mantido por Ruben Amorim, mas o treinador português deixou claro desde o início que tinha em mente os seus próprios funcionários, abrindo a possibilidade de Van Nistelrooy fazer o seu nome noutro lugar.
O Leicester foi o grato destinatário dos seus serviços, embora a vitória por 3-1 sobre os Hammers tenha talvez escondido as deficiências que iriam assombrar o antigo jogador de 48 anos durante o resto da época de 2024/25.
Para começar, os Irons tiveram 61,1% de posse de bola durante os 90 minutos, enquanto o total de remates foi de 31, contra apenas oito do Leicester. Noutro dia, se os atacantes do West Ham tivessem tido mais pontaria, o jogo teria terminado antes do intervalo.
20 dribles completos pelos londrinos, 29 duelos aéreos ganhos e 86% de passes completos foram muito, muito melhores do que a produção dos Foxes nesse dia.
No entanto, os golos ganham jogos e, por isso, o Leicester não foi julgado por uma partida que não foi assim tão boa.
Leicester questionado depois de esperar nove jogos pela segunda vitória
Quando o Leicester conseguiu a sua segunda vitória no campeonato sob o comando do neerlandês - um triunfo por 1-2 sobre o Tottenham no final de janeiro -, já se questionava a idoneidade de Van Nistelrooy.
O empate 2-2 com o Brighton seguiu-se à vitória do West Ham, mas as sete derrotas consecutivas no campeonato antes da visita aos Spurs eram um sinal claro de que os Foxes não tinham melhorado como se esperava.
Uma vitória por 6-2 sobre o Queens Park Rangers na Taça de Inglaterra não ajudou a dissipar essa sensação.
Depois de vencer os Lilywhites, o Leicester perdeu nove jogos consecutivos para a Premier League, marcando um golo contra o Manchester United, mas ficando sem marcar nos outros oito jogos.
Um novo empate 2-2 contra o Brighton foi um breve alívio, já que a vitória do Liverpool despromoveu os Foxes, ao mesmo tempo em que fortaleceu o domínio dos Reds no título da Premier League.
Primeira equipa a passar nove jogos consecutivos em casa sem marcar
A quebra do recorde de se tornar a primeira equipa na história da primeira divisão inglesa a passar nove jogos consecutivos em casa sem marcar golos não terá contribuído em nada para atenuar a sensação de que seria necessária uma nova mudança no banco de suplentes e Jamie Vardy foi o primeiro a falar sobre o que tinha sido uma campanha "miserável".
É provável que não seja o último jogador do Leicester a fazê-lo, o que coloca a questão de saber o que acontecerá a seguir a Van Nistelrooy.
Será que a despromoção é a pior coisa do mundo para o neerlandês, que pode começar do zero na próxima época, na esperança de ser promovido de imediato à Premier League? Ou será que os donos do clube voltam a ter uma folha em branco?
Muito provavelmente dependerá do que eles encontrarem quando for realizada uma revisão da temporada.
Por exemplo, apenas o Southampton marcou menos do que os 27 golos do Leicester em 24/25, e os Saints são também o único clube que sofreu mais do que os 73 golos dos Foxes.
Jamie Vardy abandona Leicester no final da época
Apenas 10 jogadores de todo o plantel contribuíram com golos e, dos 27 marcados no total, os sete de Vardy, de 38 anos, são mesmo o melhor registo individual.
É um mistério que o treinador, um dos melhores avançados do mundo no seu auge, não tenha conseguido tirar o melhor partido dos seus avançados durante 24/25 e, dado que foi anunciado na quinta-feira que Vardy iria deixar o clube, a bola está firmemente no campo do clube quanto a quem será contratado para marcar golos no Championship na próxima época.
Se o único problema de Van Nistelrooy fosse o facto de a sua equipa colocar a bola no fundo das redes, seria de esperar que ele conseguisse dar a volta à situação.
No entanto, de todo o plantel da equipa principal, apenas Harry Winks conseguiu uma estatística de conclusão de passes superior a 80%. Os defesas-centrais Conor Coady e Wout Faes só conseguiram 52,9% e 55,6%, respetivamente.
Se juntarmos a isto os inacreditáveis 18% de conclusão de passes do guarda-redes Mads Hermansen, temos uma receita para o desastre se a equipa não conseguir jogar a partir de trás com qualquer tipo de precisão.
Sem estômago para a luta
Apenas quatro jogadores do plantel, um dos quais Hermansen, fizeram mais de 100 recuperações de bola - algo imperdoável para uma equipa que luta pela sobrevivência na Premier League -, enquanto apenas Jannik Vestergaard (60,2%) ganhou mais de 50% dos seus duelos um contra um com um adversário direto.
Dos jogadores que fizeram mais de 15 desarmes na atual temporada, apenas Vardy e Fatawu tiveram mais de 70% de sucesso, evidenciando que a maioria do atual plantel nunca esteve realmente disposto a lutar.
Esta é uma acusação condenatória à gestão de Van Nistelrooy e a notícia menos surpreendente do verão seria que o Leicester o dispensasse de facto das suas funções.
Como o seu antigo companheiro de ataque no Manchester United, Wayne Rooney, também descobriu à sua custa, ser um grande nome como jogador não significa automaticamente uma transferência de competências para o cargo de treinador. O mesmo acontece com Steven Gerrard e Frank Lampard.
Por conseguinte, talvez seja necessário perguntar que clube teria a coragem de arriscar num treinador com um historial tão fraco (21 jogos, duas vitórias, dois empates e 17 derrotas) e depois apresentá-lo aos adeptos como a escolha perfeita.
