Tem sido um verão inesquecível para o Crystal Palace, tanto pela inesperada intervenção da UEFA como pelos movimentos no mercado de transferências.
A histórica conquista da Taça de Inglaterra, com uma vitória sobre o Manchester City em Wembley, em maio, foi provavelmente o maior dia na longa trajetória dos Eagles. Com a vaga garantida na Liga Europa para a próxima temporada, Steve Parish e a direção tinham razões para sonhar com um aumento significativo nas receitas do clube nos próximos 12 meses.
Tudo parecia encaminhado para uma temporada de sonho em Selhurst Park, até que a UEFA decidiu intervir. A entidade máxima do futebol europeu considerou que a estrutura de propriedade do clube violava os regulamentos de multipropriedade, rebaixando o Crystal Palace da Liga Europa para a Liga Conferência.
O problema surgiu devido à posição de John Textor, detentor de 43% das ações do Palace e, ao mesmo tempo, fortemente envolvido na gestão do Lyon, em França. A UEFA entende que esta situação configura um conflito de interesses, incompatível com a presença de ambos os clubes nas mesmas competições europeias. Como consequência, os Eagles viram-se forçados a descer um degrau no cenário europeu, uma decisão que caiu como um balde de água fria em Londres.
Os problemas europeus do Palace podem prejudicar as hipóteses de manter Eze
John Textor vendeu a sua participação de 43% no Crystal Palace por cerca de 225 milhões de euros ao proprietário dos New York Jets, Woody Johnson, numa tentativa de resolver as restrições impostas pela UEFA e permitir que o clube do sul de Londres mantenha as suas ambições europeias. No entanto, até ao momento, o organismo que tutela o futebol europeu mantém-se inflexível.
Com uma audiência marcada para breve no Tribunal Arbitral do Desporto (TAS), o Crystal Palace irá apresentar o seu caso na esperança de ser reintegrado na Liga Europa, a segunda competição mais importante do futebol europeu.
Ao fazê-lo, isso pode ajudar a convencer o craque, e autor do golo da vitória sobre o City na final da Taça, Eberechi Eze, a permanecer no clube.
O internacional inglês atravessa uma excelente fase nos últimos 12 a 18 meses e, como a sua estrela continua a brilhar, o rival londrino, Arsenal, tem manifestado interesse em levar o jogador para o Emirates Stadium.
Arsenal não está disposto a igualar a avaliação do Palace
Neste momento, o Arsenal ainda não apresentou uma proposta formal por Eberechi Eze e não demonstra intenção de ativar a cláusula de rescisão fixada em 80 milhões de euros pelo Crystal Palace.
Com a janela de transferências ainda aberta, os Gunners podem dar-se ao luxo de esperar. No entanto, os Eagles não estão pressionados a vender e, paralelamente, vão tentar convencer Eze de que o seu futuro continua em Selhurst Park.
O jogador está aparentemente aberto a uma mudança para um clube que representou na academia desde os oito anos de idade até ser dispensado aos 13, e agora, aos 27 anos, está no auge da sua carreira como profissional.
Mas o que é que ele traria a uma equipa do Arsenal que já está repleta de nomes consagrados?
Versatilidade de Eze seria fundamental para os Gunners
A versatilidade para jogar em várias posições no ataque ou no meio-campo seria uma vantagem óbvia, já que Eze poderia facilmente substituir jogadores como Bukayo Saka ou Martin Odegaard caso estivessem lesionados ou precisassem de descanso.
Feliz por atuar em ambas as alas, o jogador do Palace também encontrou um lugar mais central e a sua capacidade de ditar o jogo a partir de qualquer zona do campo foi uma caraterística marcante da forma como os Eagles abordaram os jogos na última temporada.

O Palace utilizou maioritariamente o esquema 4-2-3-1 sob o comando de Oliver Glasner, com alguns ajustes ocasionais, e embora o Arsenal geralmente jogue no 4-3-3 sob o comando de Arteta, também já mudou para o 4-2-3-1 quando necessário.
A capacidade de Eze de se encaixar perfeitamente em qualquer formação e a sua criatividade na posse de bola complementarão o que Arteta já tem no seu plantel, mas é a sua capacidade de marcar golos e dar assistências que certamente aumentará os números do Arsenal.
Melhor registo de golos do que a grande maioria dos jogadores do Arsenal
Em 2024/25, Declan Rice conseguiu quatro golos nas 35 partidas que disputou na Premier League, o mesmo que Thomas Partey.
Odegaard marcou três em 30 jogos na principal divisão inglesa, enquanto Jorginho não registou qualquer golo em 15 jogos.

Mikel Merino foi o melhor marcador entre os médios do Arsenal, com sete golos na Premier League, apesar de Arteta o ter utilizado ostensivamente como avançado nas fases finais, e ainda está três atrás do total de oito golos de Eze em 34 jogos.
Apenas Kai Havertz de todo o plantel do Arsenal conseguiu superar o jogador do Palace (nove golos), mas se tivermos em conta todas as competições, os 14 golos e 12 assistências de Eze são realmente um rendimento de elite.

A durabilidade, muitas vezes negligenciada, é outra faceta do seu jogo que faz dele uma compra que vale a pena, e apenas cinco jogadores do Arsenal conseguiram mais do que os seus 2600 minutos jogados na Premier League em 24/25.
Depois de perder Partey e Jorginho no verão, é evidente que Arteta precisa de contratar pelo menos mais um médio antes do fecho da janela de transferências.
A liberdade e a alegria de Eze são contagiantes
Com Martin Zubimendi já tendo assinado contrato juntamente com o também médio defensivo Christian Norgaard, há espaço para o tipo de jogador que pode unir tudo.
Um jogador capaz de fazer o passe decisivo, como provam as 12 assistências em todas as competições na época passada, e de fazer avançar o ataque apesar de estar marcado individualmente nos espaços mais apertados.
Eze não é propriamente um rebelde, mas joga com algo próximo de um espírito livre em campo e a sua alegria é óbvia e contagiante. Será que Arteta espera um jogador mais disciplinado e quer mesmo retirar isso dele caso o Arsenal avance para a sua contratação?
Em última análise, qualquer decisão caberá ao jogador e, se ele deixar claro que vê o seu futuro noutro lugar, o Palace não terá outra escolha senão aceder aos seus desejos.
