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Análise: Pode Unai Emery ser a solução para os problemas do Manchester United?

Ruben Amorim, com Unai Emery, do Aston Villa, ao fundo
Ruben Amorim, com Unai Emery, do Aston Villa, ao fundoDarren Staples / AFP / AFP / Profimedia

Ruben Amorim somou mais uma vitória recentemente, com o Manchester United a bater o recém-promovido Sunderland por 2-0 em Old Trafford.

Com o ambiente sombrio que tem rodeado o Teatro dos Sonhos ultimamente, os três pontos foram recebidos com alívio. No entanto, os Red Devils precisam de uma sequência sustentada de bons resultados para que a direção do United continue convencida de que o português é o homem certo para o cargo.

Amorim não vai mudar a sua forma de trabalhar

Dependendo da perspetiva, a recusa firme de Amorim em fazer as coisas de forma diferente da que considera correta pode ser refrescante ou, pelo contrário, uma teimosia. A realidade estará provavelmente algures no meio.

Ninguém, a não ser o treinador, deve ter o direito de decidir o onze ou o sistema de jogo, embora a direção deva definir a linha geral do clube.

Muitas vezes esquece-se que Amorim está no cargo há menos de um ano, não recebeu o apoio esperado nos mercados de transferências e continua a tentar tirar o máximo rendimento de jogadores que, provavelmente, não teria contratado.

Aqui está o verdadeiro problema: continua a tentar limpar a confusão deixada por Erik ten Hag.

Resultados não foram suficientes

A grande desvantagem do treinador de 40 anos é que lidera um dos maiores clubes e marcas do futebol mundial, e os seus adeptos, que há anos sofrem, estão cansados da falta de sucesso.

No final, Amorim continuará a ser avaliado pelos resultados, que até agora não têm estado à altura, apesar das circunstâncias atenuantes.

Os resultados recentes do United
Os resultados recentes do UnitedFlashscore

Nos 50 jogos que dirigiu desde a sua chegada, o Manchester United obteve 19 vitórias, 12 empates e 19 derrotas, com 78 golos marcados e 76 sofridos. Isso deixa-o com uma percentagem de vitórias de apenas 38,1%.

Também não passou despercebido o facto de jogadores que faziam parte da lista de transferíveis — Marcus Rashford, Antony e Rasmus Hojlund — estarem a renascer no Barcelona, no Betis e no Nápoles, respetivamente.

As suas manias bizarras na linha lateral — como não ver os penáltis ou brincar com o quadro tático durante os jogos — também chamaram a atenção, e não exatamente de forma positiva.

Emery, o último a ser apontado ao banco de Old Trafford

As dúvidas sobre se o cargo é demasiado grande para ele não são totalmente infundadas. No entanto, quantos treinadores mais vão ser apontados pela incapacidade do United de recuperar a glória da era Sir Alex Ferguson?

Agora os rumores apontam para uma observação muito próxima de Unai Emery, do Aston Villa, pela sua experiência em grandes clubes e pela transformação total que conseguiu na equipa dos Midlands nas últimas épocas.

Durante o período em que esteve em Villa Park, Emery levou os Villans de lutar para não descer a competir na Europa, praticando um futebol vistoso, baseado numa defesa sólida, um meio-campo dinâmico e um ataque rápido e preciso.

Até à data, o treinador espanhol orientou 122 jogos, com 62 vitórias, 26 empates e 34 derrotas, o que representa uma percentagem de vitórias de 50,8%.

Os 188 golos marcados e 165 sofridos ainda podem ser melhorados, mas é preciso entender o contexto: de onde o Villa partiu e até onde chegou — e o que pode alcançar no futuro.

United pode aprender com o modelo do Aston Villa

De certa forma, a direção do United poderia seguir o exemplo da do Villa. O crescimento dos Villans explica-se, em grande parte, pelo facto de Emery ter tido todas as ferramentas necessárias para trabalhar. Amorim não teve essa sorte.

Talvez a outra grande diferença seja a enorme experiência que Emery acumulou ao longo dos anos.

Com 13 anos a mais do que Amorim, passou pelo Paris Saint-Germain e pelo Arsenal, além de se ter tornado um vencedor habitual da Liga Europa com o Sevilha antes de assumir o comando em Villa Park.

Ganhou a oportunidade de treinar na elite, enquanto com Amorim pode argumentar-se que nunca tinha treinado numa das cinco grandes ligas europeias antes de receber, talvez prematuramente, um dos bancos mais cobiçados do mundo pela sua brilhante passagem pelo Sporting.

Decisões, decisões...

Se os resultados não melhorarem de forma significativa nos próximos meses, a direção do United terá de tomar uma decisão. E essa decisão poderá ser mais fácil sabendo que Emery é mais flexível e tem maior capacidade de adaptação tática se as coisas não funcionarem.

Ainda assim, continuará a ser imprescindível contar com os jogadores adequados para que o sistema funcione de forma coerente. E é aí que os Red Devils devem olhar para dentro, porque não interessa quem se senta no banco se os jogadores escolhidos para certas funções não estiverem à altura.

Jason Pettigrove
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