Fulham foi uma equipa "ioiô" durante grande parte da década de 2010, descendo e subindo à Premier League por três vezes antes de se afirmar definitivamente no principal escalão inglês, em 2022/2023.
Desde então, não houve grandes sobressaltos, com o clube a terminar sempre a meio da tabela, conseguindo algumas vitórias de destaque, como frente ao Liverpool, Chelsea e Tottenham na época passada, chegando a dar a sensação de que poderia garantir um lugar nas competições europeias.
Com onze jornadas disputadas esta temporada, o Fulham está no 15.º lugar, apenas um ponto acima da zona de despromoção. Portanto, será que os adeptos do Fulham devem começar a preocupar-se?
Tudo começou no verão
Depois de terminar em 11.º lugar em 2024/25, a apenas uma posição do seu melhor registo desde o regresso à Premier League, muitos adeptos esperavam que os proprietários apoiassem o treinador Marco Silva durante o mercado de transferências de verão.
Isso não aconteceu. Va verdade, a primeira contratação só foi feita no final de julho, um negócio de 500 mil euros pelo guarda-redes suplente Benjamin Lecomte, que, sem surpresa, ainda não se estreou na Premier League.
Com a pressão dos adeptos a aumentar, Shahid Khan acabou por abrir os cordões à bolsa, desembolsando cerca de 40 milhões de euros para contratar o extremo brasileiro Kevin ao Shakhtar Donetsk.
O que se disse sobre o mercado de verão?
Khan dirigiu-se aos adeptos frustrados no programa do clube antes do jogo com o Manchester United, garantindo que o clube estava a trabalhar em novas contratações, depois de Marco Silva ter criticado publicamente a direção pela falta de atividade no mercado.
“Foi uma prioridade neste verão proteger o núcleo do plantel que estabeleceu um recorde de pontos do Fulham na Premier League no ano passado, e conseguimos fazê-lo ao prolongar a permanência de Kenny Tete e do nosso capitão de longa data, Tom Cairney. Continuaremos – como sempre fazemos nesta altura do ano – a explorar todas as opções para reforçar o nosso plantel", escreveu.
Depois destacou a ascensão dos jovens da academia, Josh King e Seth Ridgeon.
“Tão importante como manter e recompensar a próxima geração de talentos da Academia do Fulham, que acreditamos poder ter um impacto positivo na nossa equipa principal, hoje e nos próximos anos. Por isso, focámo-nos e acabámos por garantir contratos de longa duração para três dos nossos jovens mais promissores que evoluíram ou estão a evoluir na nossa Academia: Josh King, Luc De Fougerolles e Seth Ridgeon. Como vimos no sábado em Brighton, o Josh já está a dar nas vistas. De facto, a sua exibição valeu-lhe a distinção de Homem do Jogo pelos nossos adeptos em fulhamfc.com, e com toda a justiça", acrescentou.
Mau registo fora e falta de golos
A derrota por 2-0 frente ao Everton no sábado (8 de novembro) foi a quinta consecutiva fora de casa na Liga, a segunda vez que tal acontece sob o comando de Marco Silva, tendo já sucedido entre novembro de 2023 e janeiro de 2024.
Na verdade, a última vitória fora foi por 3-2 frente ao rival Brentford, no penúltimo jogo de 2024/25, numa partida em que nenhuma das equipas tinha objetivos e Bryan Mbeumo falhou uma grande penalidade.
Em casa, o Fulham tem estado melhor, embora o nível dos adversários que recebeu em Craven Cottage não tenha sido particularmente exigente. As três vitórias foram contra equipas que seria de esperar vencer, nomeadamente o Leeds, recém-promovido, Brentford e Wolverhampton, que ocupa o último lugar.
Defensivamente, não estão mal. Das cinco equipas do fundo da tabela, concederam menos golos, apenas 16, e defesas como Joachim Andersen e Tete têm estado em bom plano. O problema está no ataque.
Harry Wilson é o melhor marcador da equipa na Liga, com dois golos, a par do lateral-esquerdo Ryan Sessegnon, enquanto o avançado titular, Raul Jiménez, de 34 anos, começa a mostrar sinais de declínio, tendo marcado apenas uma vez.
O mais preocupante é que duas das equipas abaixo do Fulham, Burnley e West Ham, marcaram mais golos, com 14 e 13, respetivamente.
Há motivos para esperança?
O sistema de Marco Silva tem sido bastante rígido. Com um duplo pivô no meio-campo, formado por Sander Berge e Sasa Lukic, que juntos fizeram 168 passes para o último terço, a bola não chega suficientemente rápido aos jogadores mais criativos e ofensivos, o que seria fundamental para uma equipa que deveria lutar por um lugar na Liga Conferência.
Alex Iwobi tem sido o destaque, sendo de longe o jogador mais criativo da equipa, com 20 oportunidades criadas, 30 passes longos bem-sucedidos e nove cruzamentos eficazes. Se conseguirem colocá-lo mais vezes em jogo, é provável que o ataque ganhe outra dinâmica.
Só Marco Silva saberá porque Emile Smith-Rowe não tem jogado tanto quanto seria de esperar. O ex-Arsenal só foi titular em um dos 11 jogos da Premier League, mas apresenta o melhor registo de xG + xA por 90 minutos (0,48) e o maior número de remates enquadrados por 90 minutos (0,8).
Veredicto
Felizmente para o Fulham, há algumas equipas na Premier League em pior situação. O Wolverhampton parece já sem solução, o Leeds dificilmente conseguirá manter-se, e depois de alguns bons jogos, o Burnley começa a perder gás.
O período festivo será complicado, mas o Fulham deverá conseguir manter-se, embora esta época deva ser encarada como um retrocesso.
