Paul Doyle desfez-se em lágrimas no Tribunal da Coroa de Liverpool, esta segunda-feira, enquanto os procuradores descreviam como conduziu deliberadamente o seu carro contra multidões de adeptos, ferindo mais de 100 pessoas num dia que deveria ser de festa.
O seu ataque "gerou horror entre aqueles que tinham comparecido ao que pensavam ser um dia de alegria," afirmou a acusação.
Doyle alterou de forma dramática o seu depoimento durante o julgamento em novembro, admitindo ter conduzido de propósito o carro através da multidão no centro de Liverpool em maio.
"O arguido utilizou o veículo como uma arma", ferindo 134 pessoas em menos de 10 minutos, ao perder a cabeça, explicou o advogado de acusação Paul Greaney, na abertura da audiência de sentença, que decorre durante dois dias.
"Paul Doyle simplesmente perdeu a cabeça na ânsia de chegar ao destino pretendido. Num acesso de fúria, entrou pela multidão, e ao fazê-lo, tinha intenção de causar ferimentos graves às pessoas presentes", acrescentou Greaney.
Doyle declarou-se culpado no mês passado de 31 crimes, incluindo ofensas graves à integridade física com intenção, ferimentos com intenção, desordem pública e condução perigosa. As acusações referem-se a 29 vítimas com idades entre os seis meses e os 77 anos.
O juiz Andrew Menary disse a Doyle para se preparar para “uma pena de prisão de alguma duração”.
Os crimes mais graves podem ser punidos com prisão perpétua.
Doyle tinha anteriormente negado as acusações e era esperado que argumentasse ter entrado em pânico após ficar encurralado na multidão.
O tribunal ouviu que, a 26 de maio, Doyle saiu de casa em West Derby num Ford Galaxy Titanium cinzento, com a intenção de "ir buscar um amigo" durante as celebrações do Liverpool pelo seu 20.º título do principal escalão inglês, igualando o recorde.
"Ferimentos graves"
Numa aparente manifestação extrema de fúria ao volante, ao longo de sete minutos, Doyle conduziu o seu veículo de quase duas toneladas aparentemente de forma indiscriminada contra peões.
"Estava disposto a causar ferimentos graves a quem estivesse na multidão, incluindo crianças, se fosse necessário para atingir o seu objetivo de passar", afirmou Greaney.

De acordo com a Polícia de Merseyside, cerca de 50 pessoas necessitaram de tratamento hospitalar após o incidente.
A vítima mais nova de Doyle foi um bebé de seis meses que foi projetado do seu carrinho, mas escapou ileso de forma milagrosa.
A polícia declarou rapidamente que o incidente não se tratava de terrorismo, tendo sido posteriormente esclarecido que Doyle estava "completamente sóbrio".
Imagens de câmara de bordo do seu carro, exibidas em tribunal, mostraram Doyle a ficar cada vez mais furioso enquanto conduzia pelo meio da multidão, insultando e gritando ao desviar-se diretamente para as pessoas.
O vídeo chocante mostrou peões a serem projetados contra o capô do carro e outros a ficarem presos debaixo do veículo, entre gritos de horror.
O carro acabou por parar depois de várias pessoas, incluindo crianças, ficarem presas debaixo do veículo, e um peão saltou para o interior nos últimos 16 segundos da sua trajetória trágica, segundo a acusação.
Um homem que entrou no veículo colocou a alavanca em ponto morto, ajudando a imobilizá-lo.
