Acompanhe o Liverpool no Flashscore
O lateral-direito desviou-se de qualquer pergunta sobre o seu próximo passo na carreira quando foi entrevistado após a partida contra o Leicester City no último fim de semana, um jogo em que o seu remate de pé esquerdo levou os Reds à beira do segundo título da Premier League em cinco anos, e o primeiro que o clube poderá comemorar perante os seus adeptos.
A equipa de Jürgen Klopp de 2019/20 conquistou para o Liverpool o seu primeiro título da primeira divisão inglesa na era da Premier League, e o primeiro em 30 anos. No entanto, a pandemia de COVID-19 privou o clube da oportunidade de o celebrar no estádio com os seus fiéis adeptos.
Título seria o final perfeito para o Liverpool de Trent
A imagem de Jordan Henderson a erguer o troféu perante um Anfield vazio ficará na memória por vários motivos, mas uma vitória frente ao Tottenham, no domingo, será certamente o ponto de partida para um ambiente de festa no emblemático estádio.
Se esta for, de facto, a última época de Trent no clube ao qual chegou com apenas seis anos, em 2004, então a conquista do título seria o desfecho perfeito para a sua história em Anfield.
Do ponto de vista do Liverpool, a mudança abre a possibilidade de Conor Bradley reivindicar a posição como sua. Apesar de Joe Gomez e Jarrell Quansah também terem jogado na lateral-direita, o norte-irlandês de 21 anos parece ser a opção mais natural.
Consistência de Alexander-Arnold tem mantido Conor Bradley à margem
Nas últimas três épocas, Conor Bradley teve poucas oportunidades em campo, muito por conta da consistência de Alexander-Arnold, que manteve a titularidade na maior parte do tempo.
Basta olhar para os números: nesse período, Trent somou 10 golos e 23 assistências, enquanto Bradley registou apenas um golo e oito assistências.
É certo que os 2.159 minutos disputados pelo jovem desde o início da época 2022/23 não se comparam aos 7.792 de Trent. Ainda assim, é seguro afirmar que, caso lhe seja confiada a responsabilidade de patrulhar o flanco direito na ausência de Alexander-Arnold, esses números deverão crescer em breve.
Se ele chegará ao nível do seu contemporâneo é um ponto discutível nesta fase.
Os 61,5% de acerto de Bradley em comparação com os 33% de Trent são um pouco enganadores, dado o número de remates de ambos - 24 para o primeiro e 138 para o segundo -, pelo que será interessante ver até que ponto a melhoria será feita se Arne Slot não procurar fora do clube um substituto para o seu lateral-direito.
O passe de excelência reforça o jogo natural de Trent
Do ponto de vista da progressão com passe, Trent não tem rival no clube nas últimas três épocas. O seu total de 5.890 passes é superado apenas por Virgil van Dijk, mas o internacional inglês lidera a tabela do Liverpool no que toca ao número de passes para a frente — 2.104 — com uma taxa de acerto de 66,4%.
Para além das responsabilidades defensivas que Conor Bradley — ou qualquer outro jogador incumbido da posição — terá de assumir, é a capacidade de Trent em contribuir de forma relevante no ataque que será mais difícil de replicar.
No Real Madrid, sem Dani Carvajal para avançar pelo lado direito, os merengues têm tido bastante dificuldade em criar oportunidades nessa zona do campo.
Lucas Vázquez pode ser considerado o substituto de Carvajal e tem feito o trabalho esta temporada devido à lesão deste último, embora tenha 34 anos no início da nova temporada.
Raúl Asensio foi testado na posição e, se necessário, Antonio Rudiger ou Éder Militão poderão ocupar o lugar, mas a necessidade de Alexander-Arnold entrar e dar algum equilíbrio à defesa parece óbvia.
Carvajal e Vázquez para pressionar Trent
Considerando o mesmo período de três épocas, a precisão de 82,8% de Vázquez nos passes realizados no terço final (1.243 efetuados, 1.029 bem-sucedidos) supera os 77,5% do seu contemporâneo (1.262 efetuados, 978 bem-sucedidos) e é claramente superior aos 66,4% de Trent. No entanto, ambos ficam bastante aquém da produção ofensiva do jogador do Liverpool nesse aspeto.
Os sete golos de Carvajal e os nove de Vázquez estão em linha com os números de Trent, mas as 10 e 15 assistências, respetivamente, ficam longe das 23 registadas pelo lateral dos Reds.
Os 6.107 minutos disputados por Vázquez são significativamente inferiores aos 7.192 de Carvajal, que, por sua vez, jogou cerca de 600 minutos a menos do que Trent — o equivalente a aproximadamente seis jogos e meio. Tendo em conta a sua idade, o internacional espanhol pode considerar que o seu desempenho ofensivo foi positivo, ainda que longe de ser brilhante.
Uma das áreas em que ambos os jogadores do Real se destacaram foi nos duelos individuais contra adversários diretos.
Carvajal participou em 623 duelos e Vázquez em 597, ambos no top 10 do plantel do Real Madrid, com taxas de sucesso superiores a 50%. Em comparação, Trent esteve envolvido em 637 disputas, mas venceu apenas 48,4% delas.
Alexander-Arnold é um jogador que já evoluiu em vários aspetos, mas há outros em que ainda precisa de crescer.
Em Liverpool, é — e sempre foi — visto como um dos seus. Em Madrid, terá de provar tudo de novo. E, para além disso, vai ter de mostrar o seu real valor sob o escrutínio implacável da imprensa espanhola.
