Mais

Exclusivo com Jermaine Pennant: "Arsenal devia ter pago o preço de Watkins"

Jermaine Pennant ao serviço do Arsenal
Jermaine Pennant ao serviço do ArsenalGetty Images via AFP
Tal como muitas outras pessoas, Jermaine Pennant, antigo prodígio do Arsenal, estava curioso para ver quem é que os Gunners iriam acrescentar ao seu plantel na janela de transferências de inverno. No entanto, Mikel Arteta não recebeu nenhum jogador novo para trabalhar.

"Sim, fiquei um pouco surpreendido com isso", admite Jermaine Pennant. 

"Vimos alguns jogos em que, por vezes, lhes falta um pouco de acutilância, um pouco de vantagem na frente da baliza. Não acho que eles tenham facilitado a disputa pelo título ao não contratarem um atacante. Ainda têm capacidade suficiente, mas penso que agora estão a apostar mais no Liverpool do que no Arsenal. Com um avançado, o Liverpool ficaria um pouco mais pressionado. Vimos o Havertz a ter muitas oportunidades, mas a não rematar a bola. Em algum momento, isso vai custar caro", acredita Pennant, que se pergunta por que o Arsenal não trouxe Ollie Watkins.

Aparentemente, o Aston Villa colocou-o à disposição por 60 milhões de euros, mas o Arsenal recusou.

"Vimos o que Ollie Watkins fez durante o seu mandato no Aston Villa. Ele consegue marcar golos, é uma ameaça atrás, consegue segurar a bola. Dir-se-ia que é o número nove dos tempos modernos. Sim, tem 29 anos, mas parece estar em grande forma. Pode dar-nos pelo menos três ou quatro anos, sem sombra de dúvida. Se olharmos para Harry Kane, ele ainda está a dar cartas no Bayern de Munique. Não estar disposto a gastar 60 milhões de euros nos dias de hoje e neste mercado por um avançado inglês é uma loucura. Especialmente quando se gastou 65 milhões de euros em Kai Havertz", explica Pennant.

O Arsenal ainda está à procura de um substituto para Edu, que surpreendentemente deixou o clube em novembro, e a sua ausência está a ser sentida, diz Pennant ao Tribalfootball, numa conversa exclusiva.

"Ele teve uma grande influência, porque acho que todos os jogadores que chegaram se devem ao Edu de alguma forma. Agora já não o têm e a situação é um pouco complicada nesse departamento. Ao longo dos anos, temos visto como é importante fazer as transferências certas, o que pode ser bom para o clube. Ou prejudicial, quando é o contrário; veja-se o caso do Manchester United e do Antony. Um bom diretor desportivo pode fazer o trabalho", lembra.

Jermaine Pennant sabe muito bem o que é jogar num grande clube como o Arsenal quando ainda é jovem, o que o deixa um pouco preocupado com a quantidade de tempo de jogo que jovens como Ethan Nwaneri e Miles Lewis-Skelly estão a ter.

"São grandes talentos, mas se queremos ganhar o campeonato, precisamos de experiência. Vimos isso quando o Arsenal defrontou o Manchester City há dois anos e tentou fazer uma investida na fase final da época. A experiência que lhes faltava ficou patente. O Arsenal caiu de ritmo, enquanto o Manchester City foi mais forte e ganhou, ganhou e ganhou", lembra.

"Se estamos a entrar numa corrida pelo título, precisamos dessa experiência, precisamos de jogadores que tenham estado lá e o tenham feito, e que saibam o que se sente quando os últimos 10 jogos são todos como uma final da Taça. Com os jovens, a emoção dos jogos em curso pode tornar-se um pouco excessiva, porque é tudo novo e não se quer cometer um erro e talvez desiludir o clube. Por isso, vai ser difícil entrar numa batalha de campeonato com jovens", acrescenta Pennant.

Falando de Lewis-Skelly, chamou muita atenção após o frente a frente com Erling Haaland. Alguns acharam hilariante, outros nem por isso e Jermaine Pennant percebe o que ambos os lados estão a dizer.

"É óbvio que os adeptos do Arsenal adoram. Os neutros adoram-no. Mas como futebolista, penso que há uma regra oculta que obriga a respeitar os mais velhos, especialmente alguém tão condecorado como Haaland. Quando estava no Arsenal, a subir na hierarquia e admirava Thierry Henry, Tony Adams ou Patrick Vieira, se fizesse alguma coisa difícil, se os ultrapassasse, não pensaria nem me atreveria a gozar com eles. Sabia que teria de os enfrentar nos balneários e que poderia ter ficado lesionado durante alguns meses. Acho que se deve ter um pouco de respeito pelos nossos compatriotas. Mas, sabe como é, hoje em dia são os jovens", finaliza Pennant, com um brilho nos olhos.