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Apesar de estar atualmente afastado da competição devido a uma pequena lesão, o avançado sérvio encontrou tempo para conversar connosco sobre a sua mudança para o Catar, o seu percurso no Newcastle e no Fulham, as suas opiniões sobre o treinador Marco Silva e a situação atual da seleção da Sérvia.
"Estou na melhor fase da minha carreira"
- Juntou-se ao Al Rayyan após dois anos na liga saudita. O que o levou a trocar a Arábia Saudita pelo Catar?
Foram várias razões. Vim para um clube com grande potencial, que quer crescer e conquistar troféus. Cheguei vindo de uma liga onde também representei um grande clube que venceu muitos títulos.
As pessoas do Al Rayyan queriam muito contar comigo, gostei bastante do projeto, da forma como pensam e falam sobre futebol... Espero que juntos possamos alcançar muito.
- Quais são as suas primeiras impressões sobre o futebol e a vida no Catar, e sobre jogar pelo Al Rayyan?
Muito agradáveis. É um ambiente mais tranquilo, com menos pessoas na rua e menos trânsito. Em termos de futebol, temos excelentes instalações, campos de treino, é fantástico. Acho que temos tudo para desfrutar do futebol e ter sucesso.
O clube não conquista um troféu há sete ou oito anos, e espero poder ajudar a mudar isso.
- Passou oito anos em Inglaterra. O que traz para o Al Rayyan?
Acredito que estou na melhor fase da minha carreira. Passei por muita coisa, em Inglaterra, com a seleção nos Mundiais e nos Europeus... Espero que, com a minha experiência, consiga ajudar os meus colegas, especialmente os mais jovens, a elevar o nível das exibições.
O meu principal objetivo aqui é marcar golos e ajudar a equipa a vencer os jogos. Espero conseguir fazê-lo, mas também procuro ajudar e dar conselhos nos treinos.
- Passou muito tempo no Newcastle. Que recordações guarda dessa época? Sentiu pressão extra por saber que todos os avançados número nove do Newcastle acabam por ser comparados com Alan Shearer, um dos melhores avançados da história da Premier League?
Nunca senti pressão por causa disso. Foi uma experiência muito boa, o Newcastle é um clube que sempre apreciei. Tem um lugar especial no meu coração desde que comecei a acompanhar futebol. Talvez pela cor do equipamento, porque o clube que apoio na Sérvia também joga de preto e branco. Quando cheguei ao Newcastle, percebi que para as pessoas de lá o futebol é quase uma religião.
Vivem para o futebol. Foi a minha primeira paixão no futebol, embora tenha ido para lá ainda jovem e sem muita experiência. Tinha 20, 21 anos e jogava na melhor liga do mundo; não tive muito tempo para me adaptar. Talvez não tenha corrido exatamente como planeei, mas criámos grandes memórias e laços com os adeptos. Ainda tenho muitos amigos lá.

"Marco Silva fez um trabalho notável no Fulham"
-Jogou no Fulham sob o comando de Marco Silva. Ele é um dos treinadores há mais tempo na Premier League. O que acha que faz dele um bom treinador para a Premier League?
É difícil falar sobre o Marco, porque temos uma relação muito próxima. Não foi apenas meu treinador; considero-o também um amigo. Falamos frequentemente, a cada poucas semanas conversamos sobre futebol e sobre a vida. Para mim, é um dos melhores treinadores com quem tive o privilégio de trabalhar.
Não há apenas um aspeto a destacar, acho que ele é excelente em tudo - tática, gestão de grupo, tem uma visão muito clara do futebol. É uma pessoa fantástica e, sinceramente, não percebo como ainda não está num clube de topo.
Nada contra o Fulham, é um clube que adoro, mas penso que ele deveria treinar uma equipa como o Liverpool, Chelsea ou Manchester United, um clube que lute pela Liga dos Campeões. Acho que fez um trabalho notável no Fulham e espero que em breve alcance voos ainda mais altos.
- Ficou no Newcastle durante uma descida de divisão. Ficou no Fulham durante duas descidas. Pensou em sair para um clube da primeira divisão ou preferiu consolidar o seu legado nos clubes onde jogava?
Para ser sincero, quando se desce de divisão, sente-se uma certa culpa. Não importa quanto jogues; fazes parte do grupo que desceu. Sempre quis corrigir isso e trazer o Newcastle e depois o Fulham de volta. Ambos os clubes são fantásticos e, na minha opinião, deviam competir na Europa.
Fico feliz por estarem a ter bons resultados agora. O Newcastle teve algumas temporadas muito boas, chegou à Liga dos Campeões, e o Fulham também esteve perto dos lugares europeus, e espero que no futuro lá cheguem.
Como se vê, adoro ambos os clubes e continuo a acompanhá-los e a apoiá-los. Por isso, nas alturas das descidas, não quis sair porque me sentia bem e acarinhado, mesmo quando estávamos na segunda divisão, sentia que os adeptos queriam que eu ficasse.

"Novo selecionador da Sérvia vai encontrar um grupo com jovens talentosos"
- Joga há doze anos na seleção da Sérvia. O Mundial do próximo ano é o grande objetivo que quer alcançar com a seleção?
Espero que sim, mas neste momento já não depende só de nós. Perdemos pontos em jogos em que não devíamos, e agora temos dois desafios difíceis com a Letónia e especialmente a jogar em Inglaterra. Temos de tentar obter os melhores resultados possíveis para continuar na luta e pressionar as equipas que estão à nossa frente.
Acho que temos um bom grupo, jovens talentosos, e já conseguimos feitos importantes juntos. Se houver pelo menos uma pequena hipótese, temos de lutar e depois ver o que acontece.
- Como descreve a era da seleção sob o comando de Dragan Stojkovic, que se demitiu após a derrota frente à Albânia?
Foi um final infeliz para ele, porque fez um trabalho muito bom com a seleção. Participámos em dois Mundiais, chegámos ao Europeu depois de mais de vinte anos. Penso que ele até tem o maior número de vitórias de todos os treinadores da história da nossa seleção.
Claro que também tivemos momentos menos bons no nosso percurso, mas isso faz parte do futebol, faz parte da vida... Estamos gratos por tudo o que fez e agora olhamos para o futuro. O novo treinador (Veljko Paunovic) vai encontrar um grupo com jovens talentosos. Vamos ver o que acontece.
