Quando foi anunciada a mais recente convocatória dos Países Baixos, nela constava Frenkie de Jong, um dos melhores médios do mundo. Também fazia parte Ryan Gravenberch, eleito Jovem Jogador da Época da Premier League. A lista incluía ainda Xavi Simons, que se tornou a contratação mais cara da história do Tottenham, e também Justin Kluivert, que se afirmou como um dos melhores números 10 em Inglaterra, com 14 golos no último ano.
No entanto, não havia grandes dúvidas de que Tijjani Reijnders seria titular na equipa principal de Ronald Koeman.
Nos dois jogos seguintes, somou 135 minutos em campo e marcou o seu quinto golo internacional, estando agora à beira das 30 internacionalizações, apenas dois anos depois da estreia.
O percurso ao nível de clubes tem sido igualmente positivo. Na época passada, foi eleito Médio do Ano da Serie A e garantiu uma transferência do Milan para o Manchester City.
Desde então, tem tido um início sólido, ainda que discreto, na liga mais competitiva do mundo, com um golo e duas assistências nos primeiros sete jogos e uma média de 7,1 no sistema interno de avaliações do Flashscore.
Ao contrário de muitos jogadores de topo, a sua ascensão não parecia nada garantida quando começou a carreira.
"Não percebi que ele era tão bom como é agora", confessou Henk Brugge, treinador na academia do PEC Zwolle, onde Reijnders jogou a partir dos 12 anos.

"Tinha muito talento e já era especial naquela altura, mas que se tornasse um dos melhores do mundo, só se podíamos esperar que sim".
Com 14 anos, Reijnders saiu de Zwolle para integrar uma academia de maior dimensão, a do FC Twente, mas regressou cinco anos depois, após ser dispensado.
Passou um ano a jogar pelos sub-19 do clube, então orientados por Brugge, e depois estreou-se na equipa principal no início da época 2017/18.
Ao voltar a trabalhar com ele, Brugge viu Reijnders a debater-se com a exigência física do futebol sénior.
"Era um jogador técnico, com grande inteligência de jogo, mas fisicamente ainda não estava totalmente desenvolvido", explicou.
"Biologicamente, era mais novo do que os colegas de equipa. Por causa do físico, por vezes tinha dificuldades nos duelos com jogadores mais fortes e fisicamente mais maduros".
No entanto, Reijnders não se deixou travar pelas limitações físicas, impressionando Brugge pela inteligência e atitude.
"Devido ao físico, tinha de ser mais inteligente do que os outros – no posicionamento, na técnica, na leitura do jogo e na capacidade. E era mesmo! A mentalidade também era excelente, e via em tudo um desafio, sempre com um sorriso".
Nessa altura, Reijnders trabalhava a tempo parcial num supermercado Aldi local, mas teve uma grande oportunidade apenas duas semanas depois da estreia pelo PEC Zwolle, quando o AZ Alkmaar o contratou.
O clube de Alkmaar é dos melhores dos Países Baixos na formação de jovens talentos, com jogadores como Mousa Dembele, Teun Koopmeiners, Vangelis Pavlidis e Milos Kerkez a destacarem-se e a seguirem para voos mais altos.
O médio adaptou-se rapidamente, somando três golos e cinco assistências pelo Jong AZ na primeira metade da época, na segunda divisão do país, e quando Koen Stam assumiu o comando da equipa pouco menos de um ano depois, gostou do que viu.
"O Tijjani era um verdadeiro apaixonado pelo jogo", afirmou.
"Era livre, bem-disposto e gostava de treinar e de jogar. Depois dos treinos, queria sempre ficar mais um pouco para treinar livres ou jogar com os colegas ou treinadores".
Tal como Brugge, Stam ficou especialmente impressionado com o lado mental do jogo de Reijnders.
"É um jogador inteligente, que está sempre a aprender, absorve informação e reflete muito, procurando sempre formas de evoluir".
"Ajuda também o facto de gostar genuinamente de futebol e de vir de uma família estável, que sempre lhe deu feedback construtivo".
No entanto, apesar de se destacar nos escalões jovens, Reijnders fez apenas uma aparição na Eredivisie pelo AZ nas duas primeiras épocas no clube, e aos 21 anos tinha apenas três jogos como sénior.
Em 2020, porém, conseguiu finalmente afirmar-se e nunca mais olhou para trás.
"Quando finalmente teve oportunidades na equipa principal do AZ, percebeu-se que tinha potencial para chegar à seleção neerlandesa", disse o treinador.
Cinco anos depois, a jogar ao mais alto nível, tornou-se um médio goleador graças, em grande parte, à inteligência destacada por Brugge e Stam, com o jogador de 27 anos a encontrar espaços na área e a surgir nas costas das defesas com movimentos bem cronometrados.
Muitos dos seus golos têm sido autênticos golaços de longa distância, e ambos os treinadores ficaram impressionados com a evolução técnica do médio.
"As maiores qualidades dele são as capacidades técnicas aliadas a uma excelente coordenação", sublinhou Stam.
Brugge sente-se orgulhoso ao ver o que o seu antigo pupilo se tornou, considerando-o agora um jogador completo, e acredita que a paixão pelo jogo continua a ser uma das suas maiores forças, mesmo passados estes anos.
"Adora cada minuto! Tecnicamente brilhante, lê o jogo, tem inteligência tática, marca golos e defende bem. Um jogador completo e excecional".
Uma das discussões que surgiu no seu país é sobre qual a melhor posição para Reijnders, com Koeman a utilizá-lo como número 10 para abrir espaço para Gravenberch.
Apesar de ambos considerarem que pode jogar atrás do avançado, Brugge e Stam concordam que rende mais numa posição mais recuada.
"Acho que pode jogar em qualquer posição do meio-campo, mas como oito é onde mais se destaca. Sente-se confortável com bola, tanto em zonas recuadas como mais adiantadas. Um verdadeiro médio box-to-box", afirma Brugge.
"Penso que é no papel de seis ou oito que está no seu melhor; pode ser muito forte na construção e também muito eficaz no último terço", diz Stam.
Alguns questionam se terá sucesso na Premier League, já que não voltou a marcar desde o golo de estreia frente ao Wolves, embora tenha feito assistências contra o Nápoles e o Arsenal desde então.
Contudo, quando questionados sobre a certeza de que vingaria, Brugge e Stam deram a mesma resposta: "100%".

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