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Futuro em aberto: qual o caminho de Mourinho após a saída do Fenerbahçe?

Mourinho livre no mercado
Mourinho livre no mercadoBruno de Carvalho / BRAZIL PHOTO PRESS / Brazil Photo Press via AFP
A passagem turbulenta de José Mourinho pelo Fenerbahçe levanta agora muitas dúvidas sobre o próximo passo do treinador português, com especulações crescentes em torno do futuro da sua carreira.

O Special One volta a estar livre no mercado. Poucos dias depois de falhar o acesso à Liga dos Campeões, com uma derrota agregada por 1-0 frente ao Benfica, Mourinho foi dispensado sem grandes formalidades pelo clube turco.

Conhecido por nunca permanecer demasiado tempo em nenhum projeto, Mourinho construiu a sua carreira em momentos de grande sucesso, embora esses já não surjam com a frequência de outros tempos. Para muitos, o homem que conquistou praticamente tudo no futebol começa a parecer desfasado da nova realidade do jogo.

Mourinho, porém, não partilha dessa visão. Com uma carreira marcada por títulos e polémicas, dificilmente aceitará ficar afastado por muito tempo, mesmo tendo já acumulado cerca de 104 milhões de euros em indemnizações ao longo das suas demissões.

O que se segue, então, para um dos treinadores mais marcantes da história do futebol moderno?

Um regresso à Premier League?

As ligações a um possível regresso de José Mourinho ao futebol inglês são inevitáveis e já começaram a ganhar força.

No West Ham, Graham Potter continua sob enorme pressão, apesar da vitória por 3-0 frente ao Nottingham Forest ter aliviado momentaneamente o ambiente. O clube de Londres reforçou-se nos últimos dias do mercado, contratando os médios Mateus Fernandes e Soungoutou Magassa, mas o futuro do treinador permanece em aberto.

Por falar no Nottingham Forest, o The Athletic revelou recentemente uma desavença significativa entre o técnico Nuno Espírito Santo e o novo Global Head of Football, Edu. Com o cargo de Nuno em risco, Mourinho surge como um nome capaz de levar o clube a outro patamar, embora, dada a relação atribulada com o proprietário Evangelos Marinakis, a estabilidade dificilmente fosse duradoura.

No entanto, o cenário mais plausível poderá estar no Wolverhampton. Após uma temporada em que conseguiu inverter a má fase da equipa, o atual treinador Vítor Pereira vê-se agora no último lugar da Premier League, com três derrotas em três jogos e apenas dois golos marcados.

Tendo em conta a forte ligação do clube a Jorge Mendes, agente de Mourinho, não seria surpreendente ver o português assumir em breve o comando dos Wolves.

Será que é altura de passar para o comando de uma seleção?

Há já algum tempo que se sente que o ciclo de José Mourinho como treinador de clubes de topo está a esgotar-se. O português já não transmite a mesma aura de outros tempos e parece ter perdido a capacidade de se relacionar com os jogadores ao nível que lhe permitiu triunfar em gigantes como Chelsea, Real Madrid ou Inter de Milão.

O comando de uma seleção nacional tem sido frequentemente apontado como o passo seguinte na sua carreira, e o próprio Mourinho já admitiu estar aberto a essa mudança em várias ocasiões.

Em entrevista recente ao Sporty Net, o técnico foi claro: “Estou fora de Portugal desde 2004 e acho que o meu país não me aceitaria treinar uma seleção que não fosse a minha. O meu destino, em termos de seleções, é disputar um Campeonato do Mundo com a seleção portuguesa. Nunca pensei em treinar o Brasil. A minha primeira experiência tem de ser com Portugal, e depois as pessoas têm de perceber que sou um profissional e que posso treinar outras equipas, mas sempre com algo que me ligue a elas. O Brasil, obviamente, pela relação histórica entre os países, a Inglaterra porque é a minha casa, a Itália, onde trabalhei vários anos… mas a primeira experiência tem de ser com a seleção portuguesa”.

Seja destino ou coincidência, Mourinho a comandar Portugal num Mundial seria, no mínimo, um sucesso garantido de bilheteira.

Um caminho menos percorrido?

O Fenerbahçe é um clube de grande dimensão internacional, mas poucos esperariam ver José Mourinho rumar à Turquia. Talvez seja um reflexo dos tempos, mas também pode ser um sinal da disposição do treinador português em aceitar desafios em clubes e países fora do círculo das cinco principais ligas europeias, hoje dominado por uma elite mais restrita.

Ally McCoist, lenda do Rangers, comentou na TalkSPORT o quanto gostaria de ver Mourinho a treinar o seu antigo clube, ainda que tenha reconhecido que as limitações financeiras tornariam a operação complicada. A ideia, porém, não parece totalmente descabida, tendo em conta que Mourinho já manifestou em várias ocasiões a sua admiração pelo futebol escocês e pela paixão dos seus adeptos.

Entretanto, a imprensa russa avançou que o técnico estaria em negociações com clubes do país. No entanto, dada a exclusão da Rússia das principais competições desportivas internacionais, tal hipótese dificilmente avançará, não só pelas barreiras competitivas, mas também pelo risco de Mourinho se tornar persona non grata no cenário global.

Veredicto

Este é um verdadeiro momento de portas giratórias para José Mourinho. Num período em que muitos clubes privilegiam perfis de treinadores principais em detrimento de gestores mais tradicionais, não se prevê que o técnico português regresse de imediato a um banco de uma equipa de elite.

Ainda assim, caso Portugal não corresponda às expectativas no Campeonato do Mundo do próximo ano, cresce a perceção de que a seleção poderá representar o passo mais natural na carreira do Special One.