A DAZN lançou um novo episódio do videocast “The Premier Pub”, que contou com José Fonte como convidado especial.
O defesa português, campeão da Europa em 2016 e figura marcante do Southampton, recorda na DAZN o percurso que o levou da League One até à Premier League, refletindo sobre a exigência de jogar ao mais alto nível.
Sobre a chegada à elite inglesa, José Fonte foi direto: “Na Premier League é quem erra menos, quem está melhor posicionado, quem comete o mínimo de erros possível, para além de, claro, teres de ser um super atleta. (...) E depois foi um jogo mental, é um jogo mental na Premier League e tu não podes cometer erros contra o Kun Aguero, contra o Luis Suárez, Van Persie, Ibrahimovic, porque senão vais pagar. (...) No Championship ou na 3ª divisão tu descais-te uma vez ou outra e eles não marcam (...), mas na Premier League tu descuidas-te e é golo! E foi aí que tive de ter essa capacidade de adaptação e tentar melhorar.”
Depois da histórica conquista do Euro-2016, o central português revelou que se abriram muitas portas no mercado e chegou a existir a possibilidade de trabalhar com José Mourinho em Manchester.
“Depois do Euro-2016, que ganhámos, aparecia tudo. Havia tudo. Mas a verdade é que eu gostava mesmo de estar em Southampton. Nunca forcei muito a saída, mas chegou a um ponto em que eu queria ganhar um bocadinho mais. (...) Eu era o capitão, tinha acabado de ganhar o Euro, estava com um bocadinho de moral. (...) Fui pedir um bocadinho mais. Não exagerei. (...) E aí a relação começou-se a deteriorar a partir daí. Durante o verão falou-se nessas possibilidades, especialmente do Mourinho e do Manchester United, mas depois Jorge Mendes disse-me que o Phil Jones não ia sair. Tudo dependia do Phil Jones e o Mourinho não tinha a certeza se o Phil Jones ia sair, mas nunca foi nada de concreto", recordou.
O ex-internacional português recordou o momento em que começou a acreditar na chamada à Seleção Nacional, já com 29 anos e como capitão do Southampton: “Eu cheguei à Premier League com 28 já. 28. E foi o primeiro ano. No primeiro ano ficámos em 14.º. Não foi nada de especial, foi só para sobreviver. Depois, faço 29, estamos no segundo ano, faço uma muito boa época no Southampton, ficámos em 7º se não me engano, fiz uma boa época e já começa a haver aquela esperança de ‘será que o Paulo Bento vai-me chamar?!’. Jogar na Premier League, capitão, fizemos uma excelente época. A esperança começa a crescer.”
Sobre o Euro-2016, o defesa não tem dúvidas de que o sucesso português deve muito ao rigor de Fernando Santos.
“A seleção nunca jogou o futebol mais atraente do planeta. Mas o que conta é ganhar e o mister Fernando Santos tem de ter crédito porque encontrou uma forma de ganhar. E essa forma de ganhar foi de ter toda a gente ligada. Com o Fernando Santos não há brincadeira e o Paulo Sérgio sabe disto. E tu quando vais para um jogo com o Fernando Santos, tu já vais ‘não posso facilitar um milímetro’. Tem que se dar mérito. Porque nem todos os líderes conseguem isso. E o facto é que todos os jogadores dessa seleção tinham esse feeling de ‘não posso deixar o homem ficar mal’, ‘não posso deixar os meus colegas ficar mal’, ‘somos todos’, ‘é o nós’, como ele sempre dizia, ‘isto é o nós e não o eu’. Desde o primeiro dia que ele começou com a conversa de nós irmos ganhar o Euro. Qualquer treinador diz isso. Mas a partir do momento que ganhas à Croácia, passas a Croácia, sabes que vais jogar com a Polónia, podemos ganhar. Passando a Croácia que foi um jogo dificílimo… numa final tudo pode acontecer e tudo aconteceu", recordou.
Já a pensar no futuro, o central português ao serviço do Casa Pia, começa a preparar o futuro fora das quatro linhas e está a fazer o curso de diretor desportivo: “O que eu penso é que tenho de abrir o maior número de portas possível e surgiu a hipótese de tirar este curso na Federação. São dois meses. Então eu disse sim, vou fazer o curso. Já tenho o nível 2 de treinador também, vou-me inscrever no terceiro. (...) Eu vou tentar abrir o maior número de portas e se aparecer uma oportunidade que faça sentido estar preparado.”
Questionado sobre o final da carreira, José Fonte admite que as pernas já começaram a chorar.
“(As pernas) já começaram a chorar. Às vezes é mais fácil tomarem por ti a decisão. A verdade é que o Casa Pia continuou a falar comigo pelo Pedro Correia, diretor desportivo, o treinador na altura também me pediu para fazer mais um ano. E quando é assim, quando tu sentes que as pessoas acham que ainda tens algo para acrescentar... vamos à guerra, vamos à luta", explicou.

