Klopp disse que lhe faltava energia para continuar a quando anunciou, esta sexta-feira, que se vai demitir em maio.
"O alívio estava presente quando tomei uma decisão, para ser honesto, foi outra coisa de que me apercebi, não estava a contar. Hoje (os sentimentos são) mistos. Mas não estou tão emocionado como estarei quando finalmente chegar ao fim", começou por dizer Klopp em conferência de imprensa especial.
"Com toda a responsabilidade que temos neste trabalho, temos de estar no topo das nossas capacidades. Eu estou, mas já ando nisto há 24 anos. Apercebi-me de que os meus recursos não são infinitos e prefiro colocar tudo nesta época e depois fazer uma pausa ou uma paragem ou outra coisa. Já não somos coelhos novos e já não saltamos tão alto como antes", acrescentou.
Klopp, cujos festejos de golos são adorados pelos adeptos, tem uma franqueza que é apreciada pelos meios de comunicação social. Na sexta-feira, respondeu às perguntas dos jornalistas durante cerca de 40 minutos, provocando gargalhadas com arespostas improvisadas.
"Tenho tido seis conferências de imprensa por semana desde há nove anos, praticamente. Não tenho qualquer problema convosco - mas estou ansioso por não ter de fazer mais", disse.
"Há tantas coisas neste trabalho e temos de ser a melhor versão de nós próprios. E especialmente num clube como o Liverpool, porque é muito importante para muitas pessoas. Não posso fazer isso (apoiado) em três rodas. Não é permitido. E eu nunca quis ser um passageiro", referiu.
Mas Klopp, que ganhou a Liga dos Campeões e a Premier League, entre sete troféus, desde que assumiu o comando do Liverpool em 2015, disse que nunca seria treinador de outro clube inglês.
"O que quer que aconteça no futuro, não sei agora, mas nenhum clube, nenhum país no próximo ano. Não vou treinar outro clube inglês, posso prometer isso", disse Klopp.
Melhores memórias
Questionado sobre quais são as melhores memórias no banco de suplentes, disse que o melhor ainda estaria para vir e que não tem qualquer arrependimento.
O antigo treinador do Manchester United, Alex Ferguson, anunciou em 2011 que se iria reformar, mas mudou de ideias meio ano depois. Um jornalista fez questão de recordar isso mesmo a Klopp, que nem o deixou terminar a pergunta.
"Não não, nada (me vai fazer mudar de ideias). Se ganharmos tudo esta época não mudaria de ideias. E se não ganharmos nada, também não mudaria a minha decisão", apontou.
O diretor-geral do Liverpool, Billy Hogan, mostrou-se surpreendido e triste pela decisão do técnico alemão, mas disse compreender.
"É difícil colocar em palavras o quão significante é. Quando o Jurgen se juntou a nós em 2015 falava em deixar o clube num sítio melhor do que quando o encontrou. Se olharem para onde estamos hoje, não há dúvida nenhuma que o conseguiu".
O responsável não quis colocar um prazo para encontrar um substituo e mostrou-se determinado em demorar o tempo necessário.
O antigo treinador do Borussia Dortmund pode sair em alta, já que o Liverpool tem cinco pontos de vantagem na liderança da Premier League e na corrida por três outros troféus.
Graças a uma série de contratações feitas no verão, os Reds recuperaram a forma esta época, depois de uma campanha turbulenta em 2022/23. Agora, Klopp acredita que o plantel pode ter sucesso mesmo sem ele.
"É muito importante fazer isso com 50%, é muito importante e esta equipa está preparada para o futuro. Quando disse Liverpool 2.0, isso não me incluía, obviamente, nos próximos 10 anos, mas a equipa está lá, a base está lá. Quem quer que entre, não se pode garantir que ganhe troféus, mas tem uma boa hipótese de jogar muito bom futebol", prosseguiu.
