Glasner, de 49 anos, foi contratado poucas horas depois da saída de Roy Hodgson, que deixou o cargo antes do empate do Crystal Palace contra o Everton. O resultado deixou o clube londrino no 15.º lugar e com um registo recente de apenas duas vitórias em 14 jogos.
Enquanto o Palace busca um novo rumo sob o comando de Glasner, quem é o austríaco e o que ele trará para Selhurst Park?
De jogador a treinador
Como jogador, Glasner fez carreira na Áustria entre 1992 e 2011, disputando 571 partidas pelo Ried e sendo emprestado ao LASK. Depois de recuperar de uma cirurgia, Glasner iniciou a sua carreira de treinador em 2012.
O primeiro passo de Glasner foi como assistente no RB Salzburgo, sob o comando do então treinador Roger Schmidt, que atualmente dirige o Benfica.
Glasner regressou ao Ried em 2014, tornando-se treinador do clube durante uma época, antes de se juntar ao LASK, levando o clube a subir do segundo escalão e a participar nas rondas de qualificação da Liga dos Campeões e da Liga Europa.
Os quatro anos de sucesso chamaram a atenção dos alemães e foi nomeado treinador do Wolfsburgo em 2019, onde garantiu o acesso à Liga dos Campeões na sua segunda campanha. Apesar da qualificação para a principal competição europeia, Glasner trocou a Baixa Saxónia pelo Eintracht Frankfurt.
O início no clube foi difícil, com a equipa ancorada na metade inferior da Bundesliga a meio do campeonato, embora o oposto possa ser dito das suas iniciativas na Liga Europa.
Glasner levou o Frankfurt ao primeiro título europeu em 42 anos, derrotando clubes como Barcelona e West Ham antes de derrotar o Rangers nos penáltis, na final.
Foi um grande feito e algo que o clube teria dificuldade em repetir, sendo eliminado da Liga dos Campeões nos oitavos de final, perdendo a final da Taça da Alemanha e terminando o campeonato seguinte em sétimo lugar.
Glasner deixou o Frankfurt no final da época 2022/23, com um ano de contrato por cumprir, tendo o clube invocado o "desenvolvimento desportivo e o desempenho global" para justificar a decisão.
Intensidade e honestidade
Uma das coisas que Glasner vai trazer para o Palace é um estilo de pressão, com o objetivo de forçar erros e ganhar a bola no alto do campo. Tem tendência para privilegiar uma formação 3-4-2-1, com uma forte concentração a partir da frente e os laterais a terem uma grande influência na ação.
Esta será uma grande mudança para os jogadores do Palace, que muitas vezes se mostraram um pouco passivos quando não tinham a posse de bola e tendiam a ficar em bloco baixo sob o comando de Hodgson.
Com essa abordagem agressiva, Glasner confia muito nos seus jogadores e costuma deixar claro se algo não está bem. Basicamente, ele não tem medo de deixar seus sentimentos transparecerem.
E, embora essa honestidade possa ser considerada refrescante, ela foi parte de suas saídas do Wolfsburg e do Frankfurt, com as relações em ambos os clubes supostamente ficando tensas em relação às contratações.
Ainda assim, embora o estilo de Glasner possa ser complicado de implementar a curto prazo, as suas tácticas podem trazer alguma frescura em termos de estética para o resto do mandato.
Quais jogadores podem ser beneficiados?
Eberechi Eze e Michael Olise, que podem se destacar ainda mais com um pouco mais de liberdade no ataque. Embora ambos estejam lesionados, a utilização dinâmica de Daichi Kamada e Jesper Lindstrom por Glasner no Frankfurt pode ser um bom exemplo para a dupla.
Alguns dos laterais do Palace podem se beneficiar com a chegada de Glasner, apesar de não terem sido incumbidos de jogar mais pelos flancos com muita frequência. Tyrick Mitchell parece ser a melhor aposta para a esquerda, mas Daniel Muñoz, que chegou em janeiro, pode ser o mais intrigante do lado oposto. Antes de chegar ao Palace, o colombiano marcou sete gols em 29 jogos pelo Genk nesta temporada e teve uma campanha produtiva na última, com oito gols e sete assistências.
Os seus métodos não vão necessariamente trazer uma solução rápida para os problemas do Palace - é uma estrutura que exige rigidez e que todos os jogadores estejam na mesma página. Mas o apoio certo para moldar o seu plantel durante o verão poderá trazer uma direção diferente e uma perspetiva mais positiva para o clube.