Nunca tiveram uma oportunidade melhor. Não desde a saída de Arsene Wenger em 2018. Na verdade, não desde muito antes disso. Com o Manchester City a deslizar. Com a equipa do Liverpool ainda sem estar a funcionar a todo o vapor. Esta época foi feita à medida para o Arsenal. Tão perto após as duas últimas campanhas, os Gunners não deveriam estar a olhar para os Reds de Arne Slot e para o Chelsea. Deveriam estar livres e desimpedidos. Se não estivessem fora de vista, pelo menos deveriam estar a uma distância considerável do grupo de perseguidores.
Em vez disso, como dizemos, estão a olhar para cima. Seis pontos atrás do Liverpool - e também tendo jogado uma partida a mais - não é um cenário de desgraça. Mas, apesar de todo o ímpeto acumulado nos últimos dois anos, o Arsenal não só está a ter um desempenho abaixo do esperado, como também ameaça desperdiçar a oportunidade de conquistar o título.
"Temos de nos concentrar em nós próprios e, para nós, estamos frustrados por não termos vencido os dois últimos jogos do campeonato", afirmou o capitão Martin Odegaard a meio da semana.
"O que quer que as outras equipas estejam a fazer, não podemos controlar, temos que olhar para nós mesmos, garantir que melhoramos e aprimoramos nosso jogo nos momentos-chave do jogo", acrescentou.
Foi uma chamada de atenção para os colegas de equipa. Mas estes tropeções não são só dos jogadores. Eles precisam de ajuda. Uma intervenção. Esta equipa precisa daquela contratação de um avançado-centro há muito procurada.
Desde que Dusan Vlahovic escolheu a Juventus em vez do Arsenal, quando saiu de Florença, há dois anos, é evidente que a direção sabe que a equipa de Mikel Arteta tem falta de um avançado. Ou melhor ainda, falta um avançado-centro. Um homem-alvo. Um goleador nato. Um que os médios ofensivos de Arteta possam rodear. Que possa ser servido com cruzamentos. E em quem se possa confiar para converter uma elevada percentagem das oportunidades que criam.
Para já, o Arsenal não tem isso. E tem sido um mistério o facto de, após o revés de Vlahovic, a direção não ter conseguido trazer para London Colney alguém semelhante. Na verdade, é quase como se eles estivessem com medo de arriscar desde o desprezo do sérvio.
Mas isso tem de acabar no próximo mês. O Arsenal precisa de acelerar o passo. Mais uma vez, é uma questão de oportunidade. Alexander Isak está no mercado. O Arsenal sabe que o Newcastle o venderá em janeiro pelo preço certo.
Os Toon ainda estão a lutar contra as ridículas regras de lucro e sustentabilidade da Premier League. Para ter alguma hipótese de renovar o plantel de Eddie Howe, e permitir a Paul Mitchell reformular a equipa, o Newcastle precisa de uma grande venda. Entre 100 e 110 milhões de euros foram mencionadas como um preço que levaria os Magpies à mesa de negociações - mesmo em janeiro. Claro que é um valor exagerado. Muito caro. Mas, como dizemos, quanto é que a direção do Arsenal quer?
É aqui que o Arsenal toma a decisão final. Será um clube dos quatro primeiros? Ou um candidato ao título? Isak está pronto para se mudar. O sueco desistiu das negociações de um novo contrato em outubro. Com vínculo até 2028, à primeira vista, o Newcastle não está sob pressão para vender. Mas a frustração do PSR e o desejo do jogador de ser titular na Liga dos Campeões são fatores que estão a abrir caminho para que o Arsenal consiga concretizar o negócio.
Para o Newcastle, a situação é difícil. A direção sabe que precisa de corresponder às ambições dos talentos que tem em carteira se quiser mantê-los satisfeitos. Mas a única forma de o fazer é sacrificar um ou mais jogadores para contornar os limites do PSR. A venda de Isak, pelo preço proposto, poria fim a esse dilema. Haveria uma reação adversa. E poderia ser semelhante à venda de Andrew Cole ao Manchester United há quase 30 anos. Mas algo tem de ser feito. Sentar-se na metade inferior da tabela nunca esteve no guião dos proprietários sauditas do clube.
Portanto, a porta está aberta. A oportunidade existe. O Arsenal só precisa de agir. Já o fez antes - há 18 meses, queimou os dois clubes de Manchester para conseguir Declan Rice. Este não é o clube de lata de biscoitos do passado.
Mas eles precisam reconhecer o momento em que estão. Não se trata de construir algo em direção a algo. Agora é a altura de agir. Para ganhar. Mesmo que seja preciso pagar muito caro. Isak pode ser a peça final para transformar esta equipa de candidatos a campeões.