Daniel Farke é, por esta altura, quase um especialista no Championship. O treinador alemão venceu a competição pela terceira vez na última temporada, levando o Leeds ao título que já havia conquistado em duas ocasiões com o Norwich.
Mas há um capítulo na história de Farke que provavelmente continuou a assombrá-lo, mesmo durante o desfile com o troféu. É também a razão pela qual o seu futuro no Leeds chegou a ser discutido, mesmo depois da conquista do título.
Até agora, sempre que as equipas de Farke subiram à Premier League, acabaram por descer logo no ano seguinte.
O alemão acredita que, desta vez, será diferente. À terceira, espera conseguir manter o Leeds na elite do futebol inglês. Quem sabe, até garantir uma temporada tranquila, a meio da tabela.
Para isso, o clube reforçou-se com jogadores experientes na Premier League, como Sean Longstaff, e apostou na criatividade de Lukas Nmecha, contratado a custo zero. As outras três principais contratações partilham uma característica curiosa.
O médio defensivo Anton Stach (ex-Hoffenheim) e a nova dupla de centrais Sebastian Bornauw e Jaka Bijol (vindos do Wolfsburgo e da Udinese, respetivamente) têm todos mais de 1,90m de altura. O próprio clube chegou a brincar com esse detalhe no anúncio oficial de Stach.
Todos eles prometem dar ao Leeds mais poder físico e mais soluções nas bolas paradas, uma arma que poderá revelar-se decisiva nesta nova etapa na Premier League.
O Leeds já mostrou ser forte neste capítulo. Na época passada, marcou 11 golos a partir de cantos, o melhor registo do Championship, partilhado com outras equipas. Na Premier League, apenas o Arsenal conseguiu igualar essa marca.
Embora seja difícil repetir esses números num contexto mais exigente, o Leeds espera que as suas novas contratações ajudem a manter um bom registo nas bolas paradas, uma arma cada vez mais valorizada nas equipas que lutam pela permanência.
Os dados da última temporada provam isso. As três equipas despromovidas - Ipswich, Southampton e Leicester - estiveram entre as piores neste capítulo. O Ipswich e o Southampton marcaram apenas seis golos de bola parada, o Leicester ainda menos: cinco.
Curiosamente, o campeão Liverpool também só fez cinco golos de bola parada (todos de canto), mas tem uma frente de ataque que dispensa esse tipo de recurso. Para quem luta pela sobrevivência, esse luxo não existe.
Veja-se o caso do Everton de Sean Dyche. Passou da incerteza para a tranquilidade muito graças aos 13 golos que marcou em bolas paradas, que representaram uns expressivos 38% do total da equipa.
A equipa de recrutamento do Leeds percebe bem essa realidade. A aposta em jogadores altos e fortes no jogo aéreo é clara. E quem sabe se alguns bons cruzamentos, junto à bandeirola de canto, não acabarão por ajudar Daniel Farke a quebrar, finalmente, o seu histórico menos feliz na Premier League.