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Proprietário do Tottenham acusado nos EUA de abuso de informação privilegiada

Lewis negou qualquer irregularidade
Lewis negou qualquer irregularidade Reuters
Joe Lewis, bilionário inglês e proprietário do Tottenham, foi acusado em Nova Iorque de ter orquestrado um esquema "descarado" de abuso de informação privilegiada.

Segundo os procuradores, Lewis explorou o seu acesso que tinha a salas de reuniões ao dar dicas sobre empresas nas quais investiu a amigos, assistentes pessoais, pilotos privados e parceiros românticos, o que lhes permitiu obter milhões de dólares de lucros.

"Nada disto era necessário. Joe Lewis é um homem rico", afirmou o procurador Damian Williams num vídeo publicado na rede social X, anteriormente conhecida como Twitter.

"Mas, como alegamos, ele usou informações privilegiadas como forma de compensar os seus empregados ou dar presentes aos amigos e amantes. Isso é corrupção empresarial clássica. É batota. E é contra a lei", vincou.

Lewis, que fundou a empresa de investimento Tavistock Group, foi alvo de 16 acusações de fraude de títulos e três acusações de conspiração, por alegados crimes cometidos entre 2013 e 2021.

"O governo cometeu um erro de julgamento flagrante ao acusar o Sr. Lewis, um homem de 86 anos de integridade impecável e conquistas prodigiosas", disse o advogado de Lewis, David Zornow, em comunicado enviado por e-mail.

"O Sr. Lewis veio voluntariamente para os EUA para responder a estas acusações mal concebidas e defendê-lo-emos vigorosamente em tribunal".

A troca de informações privilegiadas tem sido um foco do gabinete do procurador Williams já desde 2009, quando o seu antecessor, Preet Bharara, deu início a várias investigações sobre a matéria.

Lewis foi acusado de ter, entre 2019 e 2021, passado informações materiais que não eram do conhecimento público sobre empresas como a Mirati Therapeutics, a Solid Biosciences e a Australian Agricultural Co.

Além disso, está implicado de ter, entre 2013 e 2018, conspirado para cometer fraude contra a Mirati, a Comissão de Valores Mobiliários dos EUA e investidores, ao ter utilizado empresas de fachada e outros meios para esconder a participação de 20% que detinha na empresa de terapia do cancro.

Os procuradores indicaram que, em alguns casos de abuso de informação privilegiada, Lewis emprestou dinheiro às pessoas a quem deu dicas, incluindo em 2019, quando transferiu um milhão de dólares para dois pilotos, de forma a que pudessem comprar mais ações da Mirati.

No documento da acusação é citada uma mensagem de texto de um dos pilotos a um amigo, revelando que "o chefe emprestou-me a mim e ao Marty 500 mil dólares para isso", o que o levou a pensar que "o chefe tem informações privilegiadas", porque, caso contrário, "porque é que nos diria para investir?".

Os dois pilotos terão, alegadamente, reembolsado os empréstimos logo a seguir, pouco depois de a Mirati ter anunciado resultados favoráveis de um ensaio clínico, o que fez com que o preço das suas ações subisse 16,7%.

"Reembolso do empréstimo para a MRTX", escreveu o segundo piloto nos seus registos.

Lewis é também conhecido por ter adquirido uma participação de quase 10% no banco Bear Stearns em 2007, pouco antes de ter evitado por pouco o colapso e ter sido comprado pelo JPMorgan Chase a preço de saldo. As suas perdas foram estimadas em mais de mil milhões de dólares.