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Richarlison pronto para assumir o protagonismo no Tottenham

Richarlison esteve em grande forma contra o Burnley
Richarlison esteve em grande forma contra o BurnleyBEN STANSALL / AFP
A aventura de Richarlison no Tottenham tem sido marcada por altos e baixos, mas a chegada de Thomas Frank ao comando técnico pode abrir um novo capítulo para o avançado brasileiro. Agora com a oportunidade de assumir a liderança do ataque dos Spurs, a grande questão é: será esta a época em que Richarlison vai finalmente confirmar todo o seu potencial?

No sábado, 16 de agosto, o Tottenham deixou para trás a deceção da Supercopa e iniciou a Premier League da melhor forma com uma vitória tranquila por 3-0 frente ao Burnley. O grande destaque foi Richarlison, que brilhou no ataque dos Spurs sob o comando de Thomas Frank.

Depois de uma temporada 2024/25 para esquecer, marcada por lesões e por um papel secundário com Ange Postecoglou, em que somou apenas cinco golos e duas assistências em 24 jogos, o avançado brasileiro voltou a mostrar a sua melhor versão. Aos 60 minutos, assinou um dos primeiros grandes golos da temporada, com um espetacular pontapé de bicicleta.

Foram apenas 71 minutos em campo, mas suficientes para acender a esperança: estará Richarlison finalmente pronto para corresponder às expectativas com o novo treinador?

Mais responsabilidade para Richarlison

James Maddison ficará afastado durante grande parte da temporada, se não mesmo toda, após sofrer uma grave lesão no ligamento cruzado anterior durante a pré-temporada. Dejan Kulusevski também continua em recuperação de uma lesão séria no joelho, o que abre espaço para Richarlison ganhar protagonismo e somar muitas oportunidades no ataque dos Spurs.

Embora a sua posição preferida seja a de avançado partindo da esquerda, onde gosta de receber a bola e enfrentar diretamente os defesas, o internacional brasileiro mostrou ser igualmente eficaz noutras funções. Frente ao PSG, atuou como referência ofensiva, segurando o jogo e envolvendo os companheiros, enquanto diante do Burnley voltou a destacar-se pelo instinto goleador, com um dos golos mais espetaculares deste arranque de época.

Thomas Frank não escondeu a satisfação com Richarlison após a vitória por 3-0 frente ao Burnley. O treinador do Tottenham destacou a importância de manter o avançado brasileiro em plena forma, classificando-o como peça-chave para a temporada.

"Esteve muito bem contra o PSG e hoje foi excecional, com o seu ritmo de trabalho, conduzindo a equipa, fazendo ligações, segurando o jogo, dominando e depois os dois remates", elogiou Frank, acrescentando que o progresso do jogador é fruto do trabalho conjunto do departamento médico e de desempenho.

O técnico reconheceu, no entanto, que a gestão física do jogador será contínua: "É apenas o segundo jogo da época; há um longo caminho a percorrer, mas muito positivo com ele".

Com Dominic Solanke ainda a recuperar ritmo competitivo, entrou apenas 19 minutos frente ao Burnley, Richarlison tem agora a oportunidade de se afirmar como o número nove titular dos Spurs, num arranque de época que pode redefinir o seu estatuto em Londres.

Uma conexão instantânea com Mohammed Kudus

No final da época, Mohammed Kudus pode muito bem ser recordado como a contratação do ano. Depois de duas temporadas a destacar-se num West Ham irregular, o ganês tem agora a oportunidade de brilhar num clube do "big six" e está a aproveitá-la ao máximo.

Contra o Newcastle, Kudus esteve em grande plano ao servir Richarlison. Primeiro, cruzou da direita para o brasileiro abrir o marcador com um remate de meia-volta colocado no canto inferior da baliza de Dubravka. Mas a jogada que ficará para a memória foi a do segundo golo.

O ex-West Ham deixou Quilindschy Hartman para trás e cruzou para trás da marca de penálti. Richarlison, com leitura perfeita, ajustou o corpo e, cronometrando o salto com precisão, assinou um espetacular pontapé de bicicleta.

Thomas Frank sabe como treinar avançados

Durante os sete anos em que comandou o Brentford, Thomas Frank trabalhou com alguns avançados de topo. Nomes como Ollie Watkins, Neal Maupay, Ivan Toney, Yoane Wissa e até Bryan Mbeumo brilharam sob a orientação do dinamarquês.

A filosofia era clara: os seus avançados tinham de ser capazes de colocar os companheiros em jogo. Watkins e Toney, em particular, destacaram-se pelo físico, pela forma como competiam com os centrais em duelos aéreos e terrestres, oferecendo sempre uma referência ofensiva à equipa.

É um papel exigente, de alta intensidade e pressão, pensado para gerar inúmeras oportunidades de golo. E é precisamente aqui que Richarlison pode encaixar: o brasileiro tem a mesma entrega sem bola, mas alia a isso a capacidade técnica para atacar os espaços certos e receber em zonas apertadas.

Talvez o trunfo maior de Frank seja a sua flexibilidade tática. Frente a adversários de maior dimensão, não hesitava em apostar num 3-5-2 — um cenário que pode abrir espaço para vermos Richarlison lado a lado com Dominic Solanke esta temporada. Se essa dupla funcionar tão bem quanto Wissa e Mbeumo no Brentford, os adeptos dos Spurs terão razões para sonhar.

Veredito

Se Richarlison conseguir finalmente encontrar consistência, o calendário pode jogar a seu favor. Com o Mundial de 2026 já no próximo verão, o brasileiro tem diante de si a oportunidade ideal para assinar uma temporada de afirmação sob o comando de Thomas Frank. O avançado encaixa-se perfeitamente no perfil de jogadores com os quais o novo treinador do Tottenham já teve enorme sucesso no passado, trabalhadores, intensos e capazes de decidir jogos.