Acredita-se que o médio defensivo, de 29 anos, foi excluído do plantel para o jogo da Supertaça da UEFA frente ao Paris Saint-Germain devido a atrasos persistentes nos treinos. Além disso, a contratação de João Palhinha por Thomas Frank terá enviado uma mensagem clara a Yves Bissouma.
Uma mensagem que, ao que tudo indica, foi recebida em alto e bom som, já que, nos três primeiros jogos da Premier League, o jogador não somou qualquer minuto.
O cenário dificilmente mudará, uma vez que Bissouma, que está a entrar no último ano de contrato, aparentemente não faz parte dos planos de Frank para a época 2025/26.
Tendo em conta os números de Yves Bissouma na época passada, a decisão de Thomas Frank pode parecer, à primeira vista, difícil de compreender.
Os 12 cartões amarelos, o segundo registo mais elevado entre os jogadores do Tottenham, apenas atrás de Rodrigo Bentancur, poderão ter pesado na avaliação do treinador. No entanto, uma análise mais detalhada mostra que o internacional marfinense continua a ter muito para oferecer na posição de médio defensivo.

Os 21 duelos aéreos ganhos em 35 disputados em todas as competições representam um registo sólido, enquanto, na Taça da Liga, o médio registou uma taxa de sucesso notável de 71,9% nos duelos individuais. Já na Premier League, os 50,6% de eficácia podem ser melhorados, mas continuam a ser um número respeitável.
Na época 2024/25, Bissouma completou 62 desarmes em 92 tentativas, realizou 41 interceções e somou 36 alívios de cabeça, confirmando a sua relevância defensiva.
Também ao nível do passe, o seu desempenho mantém-se consistente, não havendo qualquer aspeto a criticar.

Com uma taxa de acerto de 89% na Premier League - 753 passes certos em 846 tentados -, Yves Bissouma apresenta um nível de elite na circulação de bola. Na Taça de Inglaterra, o desempenho foi ainda mais impressionante, com 95,9% de eficácia - 141 passes certos em 147 tentados -, um registo simplesmente sensacional.
Palhinha, o médio defensivo de eleição
A contratação de João Palhinha, um ano mais velho do que Yves Bissouma, poderia ter sido interpretada como uma opção de rotação ou uma solução provisória para reforçar o meio-campo defensivo. No entanto, o internacional português rapidamente caiu nas graças de Thomas Frank e parece ter-se tornado a primeira escolha do treinador para a posição.
Ainda assim, é difícil compreender a lógica desta decisão, não apenas pela diferença de idades, mas também porque Bissouma realizou uma campanha muito mais consistente e intensa na época 2024/25.
Os registos indicam que João Palhinha disputou 24 jogos em todas as competições pelo Bayern de Munique, mas somou apenas 941 minutos, o que equivale, no total, a cerca de 10,5 jogos completos, menos quatro minutos do que esse valor.
Uma comparação direta com outros jogadores poderá, por isso, ser pouco representativa, mas ainda assim vale a pena analisar o desempenho do ex-jogador do Fulham durante a sua passagem pela Baviera.
Na Bundesliga, João Palhinha venceu 52 duelos individuais em 89 tentativas, registando um aproveitamento de 58,4%, um valor superior ao de Yves Bissouma na Premier League. Nos duelos aéreos, o médio português ganhou 25 em 41, números que o colocam ao mesmo nível do internacional marfinense.
Defensivamente, o desempenho de Palhinha também se destaca: 14 desarmes ganhos em 20 tentados, com uma eficácia de 70%, revelam consistência. Além disso, o facto de ter visto apenas dois cartões amarelos em toda a época deve ser entendido como consequência direta do tempo limitado de utilização.

O aproveitamento de 92,9% nos passes certos realizados por João Palhinha nos jogos disputados na Bundesliga é ligeiramente superior ao do seu contemporâneo Yves Bissouma. No entanto, o português tentou menos 297 passes e completou menos 243 em comparação com o médio marfinense, o que ajuda a contextualizar a diferença.
A prerrogativa de Frank
Ao analisar os dados de João Palhinha e Yves Bissouma lado a lado, conclui-se que não existe uma diferença significativa entre os dois médios. Por isso, tudo indica que Bissouma simplesmente não faz parte das preferências de Thomas Frank.
É, naturalmente, prerrogativa de um novo treinador definir as suas opções, mas, caso Bissouma ainda acredite que tem muito a oferecer, poderá sentir algum desgosto com a situação atual. Nesse cenário, seria sensato considerar qualquer proposta de outro clube que surja nos próximos dias.
Se, por outro lado, optar por manter-se irredutível e recusar uma transferência, estará praticamente a aceitar que passará grande parte de 2025/26 fora das opções. Isso poderá ter um impacto negativo no interesse de potenciais clubes daqui a 12 meses.
Jogador "ridículo"
Há pouco tempo, James Maddison, colega de equipa no Tottenham, elogiou abertamente Yves Bissouma: “Todos conhecemos a capacidade do Yves. Ele é, por vezes, um jogador inacreditável. Tem uma habilidade que poucos possuem e precisa de continuar a trabalhar arduamente”, afirmou o internacional inglês.
Com um perfil técnico acima da média, é evidente que Bissouma precisa de jogar com regularidade para manter o seu nível competitivo. Com clubes da Turquia e da Arábia Saudita a acompanhar de perto a sua situação, o internacional marfinense terá de refletir cuidadosamente sobre o próximo passo na carreira.
