As redações do Flashscore, composta por jornalistas de vários países, voltou a escolher a futebolista nascida em Sant Pere de Ribes como Jogadora do Ano. Desta vez, ao contrário do que sucedeu em 2023 e 2024, a concorrência era bem mais forte, já que esteve presente nas duas finais mais importantes: a do Europeu (contra Inglaterra, decidida nos penáltis) e a da Liga dos Campeões (derrota por 1-0 frente ao Arsenal).
Na verdade, voltar a manter a coroa em 2026, tanto nestes prémios como no atribuído por esta redação, será bastante mais difícil devido à sua recente lesão – fratura do perónio –, que a afastará dos relvados sensivelmente até abril. Resta saber se terá tempo para voltar a ser decisiva antes do final da presente época, embora seja na segunda metade do ano que poderá atingir o seu melhor nível.
Reconhecimento merecido e disputado
Apesar de ter havido consenso novamente, desta vez existiram mais dúvidas, bastante justificadas, aliás. Os sucessos individuais estão ligados aos coletivos e, embora ao Barcelona tenha faltado um golo para forçar o prolongamento e Espanha só tenha precisado de mais eficácia nos 11 metros, a verdade é que teve de se contentar com a medalha de prata em ambas as competições.
Mariona Caldentey, por exemplo, destacou-se em 2025: peça fundamental na Roja, conquistou a Liga dos Campeões com o Arsenal e foi eleita melhor jogadora da Women's Super League na sua estreia. Os seus 19 golos – um deles naquele jogo de má memória frente às britânicas – e 19 assistências desde 1 de janeiro, além dos títulos já referidos, não foram suficientes desta vez.
Não é preciso sair do Barça para encontrar outras jogadoras que também disputaram intensamente o prémio com a 6. Alexia Putellas, duas vezes vencedora da Bola de Ouro; Claudia Pina – com grande eficácia perante a baliza adversária – e Patri Guijarro – autêntica bússola e peça-chave tanto na seleção como na equipa azulgrana – tiveram um ano de destaque. A própria avançada, que renovou recentemente até 2029, marcou 38 golos em 2025.
Fora da Liga F há outros nomes a considerar: um deles é Chloe Kelly, do Arsenal, que revolucionou o encontro em Basileia com uma assistência decisiva para Alessia Russo. Ainda assim, a carismática atacante esteve longe de ter a regularidade das espanholas, algo que Russo conseguiu, autora de 25 golos – considerando as assistências, participou em mais nove – e rainha do Velho Continente em dose dupla.
Aitana, um talento que vai além dos números
Como canta Rosalía, falar de Bonmatí e limitar-se às estatísticas seria cair numa "narrativa redutora". Isto pode acontecer com outros perfis e Mariona é outro exemplo perfeito. Mas, focando em Aitana, é um facto que o seu papel em campo ultrapassa o que é mensurável, abraçando o espírito de liderança e ambição de uma verdadeira líder – aspetos que passam despercebidos até para métricas estatísticas tão apuradas como as desta casa.
O futebol de Bonmatí pode ser analisado, claro, pois além das 31 participações em golos, há outros registos dignos de destaque: mudanças de ritmo em condução, passes filtrados, serenidade em momentos críticos, compromisso defensivo... Para além disso, teve um papel de relevo em duelos importantes, como na meia-final do Europeu frente à Alemanha, no jogo em Stamford Bridge ou no último El Clásico, em que nem sequer precisou de ser titular.
Por vezes, é verdade, a talentosa futebolista revelou sinais de desgaste físico e mental. Depois de passar pelo bloco operatório para iniciar a recuperação, ela própria admitiu nas redes sociais: "Honestamente, sentia que era altura de abrandar e, de facto, considerei fazê-lo, mas não o fiz e a vida obrigou-me a parar de repente. Com esta lição, encaro o que aí vem convicta de que será um processo de aprendizagem".
Que assim seja e que regresse ainda melhor do que estava... para o bem deste desporto.
--------------------------------------