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Jorge Fernandes: "O campeonato saudita é muito competitivo e não vai parar por aqui"

Jorge Fernandes em destaque no Al Fateh
Jorge Fernandes em destaque no Al FatehAl Fateh, Flashscore

Dois meses após a sua chegada ao futebol saudita, Jorge Fernandes faz um balanço muito positivo da experiência no Al Fateh, num campeonato que tem dado que falar em todo o mundo.

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Sem rodeios, o defesa-central português admite o peso do fator financeiro na sua decisão de deixar o Vitória SC – um "amor à primeira vista" –, mas reforça aquilo que nomes como Cristiano Ronaldo e Jorge Jesus têm vindo a afirmar: o campeonato saudita é altamente competitivo. "Isto não vai parar por aqui", garante.

No dia em que celebra 28 anos, Jorge Fernandes abre o livro numa entrevista exclusiva ao Flashscore.

Jorge Fernandes mudou-se no mercado de janeiro para a Arábia Saudita
Jorge Fernandes mudou-se no mercado de janeiro para a Arábia SauditaOpta by Stats Perform, Al Fateh

"Cristiano abriu as portas para os outros jogadores"

- Qual é o primeiro balanço desta nova aventura na Arábia Saudita?

- Está a ser uma experiência diferente, mas, fazendo um balanço ao dia de hoje, passados quase dois meses, posso dizer que o resultado tem sido positivo, tanto a nível pessoal como profissional. A adaptação tem corrido bem e de forma bastante rápida.

- Como se processou tudo, desde o primeiro contacto até à saída?

- O processo foi delicado. Eu sabia que havia a possibilidade de acontecer, mas quando as coisas começaram a tornar-se mais reais, aconteceu um imprevisto no jogo contra o Elvas, onde tive uma pequena lesão que acabou por abalar um pouco a situação. Contudo, com o apoio do departamento médico do Vitória e das pessoas envolvidas, felizmente optámos pelo melhor tratamento, que foi não recorrer à operação. Hoje sinto-me a 100% e totalmente recuperado. Se tivesse feito a operação, teria perdido muito, incluindo a época, e o processo acabou por ser demorado devido a várias circunstâncias.

Da minha parte, fiquei satisfeito, pois entrar neste mercado era um dos meus objetivos e, como já tive a oportunidade de dizer, retribuir ao Vitória SC, também financeiramente, era algo que me motivava, e consegui alcançá-lo, o que me deixou também contente. Acredito que ambas as partes ficaram satisfeitas com o resultado, e, no fim, embora o processo não tenha sido fácil, teve um final positivo.

Os números de Jorge Fernandes
Os números de Jorge FernandesFlashscore

- Muitas diferenças entre o futebol português e o futebol saudita?

- O futebol saudita é muito competitivo, pois as equipas contam com jogadores individualmente muito fortes. Praticamente todas as equipas possuem jogadores de grande qualidade, o que torna o campeonato bastante equilibrado, onde qualquer equipa pode vencer, mesmo aquelas na parte inferior da tabela. O jogo tende a ser mais aberto, onde a individualidade, por vezes, resolve a partida, devido ao maior espaço em campo. Não é tão tático nem tão aborrecido, como estamos mais habituados a ver na Europa, com um estilo mais equilibrado e estruturado. Na Arábia, o jogo é mais intenso e aberto, com muitas transições rápidas, o que faz com que as partidas sejam mais dinâmicas. Essas são, na minha opinião, as maiores diferenças.

- O Jorge chega ao Al-Fateh com a equipa no último lugar, com apenas duas vitórias em 17 jogos. A verdade é que em 8 jogos que faz, vocês ganham 6, e estão agora fora da zona de despromoção com 22 pontos. Sente que teve um papel importante para esta mudança?

- Quando soube do interesse e as pessoas começaram a falar comigo, senti logo a responsabilidade de fazer parte da mudança. O mercado de transferências do Al Fateh teve como objetivo melhorar e alcançar resultados melhores do que os que tínhamos até então e eu senti-me logo integrado nesse processo, como alguém que podia contribuir para fazer as coisas acontecerem. Graças a Deus, as coisas têm corrido bem, mas ainda não estão nem perto de estar concluídas. Temos nove finais pela frente, até ao final da temporada, e sabemos que cada um desses jogos é fundamental. No entanto, conseguimos conquistar bons pontos nos últimos jogos.

Os últimos jogos do Al Fateh
Os últimos jogos do Al FatehFlashscore

Mas, como disse, não podemos relaxar nesta fase, que é a mais crucial. Acredito que já conseguimos superar o mais difícil, que foi sair da zona de despromoção e voltar à luta pela manutenção. No entanto, não é por estarmos acima da linha de água que devemos relaxar. Agora é o momento de nos dedicarmos ainda mais para alcançar o nosso objetivo. O trabalho feito até agora é mérito de todos no clube, da equipa técnica, de todos os jogadores e até da direção. O nosso foco agora é continuar a trabalhar para conquistar esse objetivo.

- Em Portugal e noutros países fala-se muito sobre o que está a acontecer na Arábia Saudita. Mas, afinal, ninguém melhor do que quem está a viver isso para nos dar uma verdadeira ideia. O que tem notado que está a acontecer por lá?

- Claramente, a Arábia tem vindo a ganhar mais destaque, especialmente depois da chegada do Cristiano Ronaldo. Desde então, o país tem sido mais falado e o futebol árabe passou a ser mais reconhecido. Foi o Cristiano quem abriu as portas para muitos outros jogadores, com diferentes carreiras, entrarem também na Arábia, e eu, como é óbvio, estou incluído nisso. Isso fez com que as pessoas começassem a olhar para o futebol árabe de outra forma, algo que, antigamente, não acontecia, pois o campeonato não tinha tanto protagonismo nem tantas estrelas. Hoje em dia, a visibilidade do futebol árabe aumentou consideravelmente, em grande parte graças a isso.

O futebol árabe está em crescimento, e os próprios clubes estão a investir para se desenvolverem, se organizarem e se tornarem referências. Sabem que, para isso, é necessário um esforço contínuo e uma evolução constante. Além disso, percebem que, para crescerem, precisam de algumas referências, não só no campo, mas também nos outros departamentos. Sente-se que há uma vontade de aprender e evoluir, o que é o primeiro passo para alcançar os objetivos que traçaram. E, de facto, têm cumprido esses objetivos, como podemos ver pelo crescimento do futebol árabe.

Recentemente, a seleção teve uma excelente vitória contra a China, o que só valoriza ainda mais o futebol da região. Este crescimento está a beneficiar tanto os jogadores estrangeiros como os locais, além de impulsionar o desenvolvimento dos clubes, das cidades e do próprio país. O futebol tem essa capacidade de transformar e impulsionar várias áreas.

- Como tem sido a sua adaptação a uma nova cultura e a um estilo de vida, que imagino ser diferente do que estava habituado?

- A adaptação tem corrido muito bem. Posso destacar dois fatores principais. A minha primeira experiência fora de Portugal, tão novo, com 21 ou 22 anos, na Turquia, deu-me uma bagagem muito boa para esta minha segunda aventura. Isso permitiu-me adaptar-me muito mais rapidamente, pois já sabia o que esperar ao sair de Portugal e deixar a nossa zona de conforto. Eu e a minha mulher temos um estilo de vida um pouco mais caseiro, o que também facilitou a adaptação. Estamos a adorar estar lá (na Arábia Saudita), sentimos-nos super bem e temos tudo o que precisamos. Por isso, está a correr tudo bem.

- O que acha que o futebol saudita pode aprender com os jogadores que vêm da Europa? E, por outro lado, o que é que você, enquanto português e europeu, podes aprender com o futebol saudita?

- O que nós, enquanto europeus, podemos contribuir é, sobretudo, na parte tática, mostrando uma forma diferente de interpretar o jogo. O jogador saudita, por vezes, tende a ser mais influenciado pelo estado emocional, seja para o lado positivo ou negativo, o que pode dificultar o controlo das situações durante a partida. Por exemplo, se estás a ganhar 1-0 aos 89 minutos e ficas empolgado, podes ver os teus laterais subirem sem manter o equilíbrio da equipa, pensando que vais fazer o golo. Faltam-lhes, por vezes, a capacidade de ler o jogo e perceber que, naquele momento, a prioridade é manter a calma e não se expor. Acho que o maior ensinamento que podemos passar é o controlo das emoções e a gestão do jogo.

Da parte deles, o que mais me surpreendeu foi a capacidade física dos jogadores sauditas. Eles têm uma resistência impressionante e conseguem manter uma intensidade muito boa durante os 90 minutos. Isso acaba por nos obrigar a estar mais preparados, pois o jogo lá é mais aberto e exige maior capacidade de transição e resistência. Ao contrário do jogo mais tático e posicional que estamos habituados, onde a corrida é menos intensa, na Arábia tens de estar mais preparado para a velocidade e o ritmo elevado.

Jorge Fernandes assumiu-se como pilar do Al-Fateh
Jorge Fernandes assumiu-se como pilar do Al-FatehAl Fateh

"Campeonato é muito competitivo. Se é melhor ou pior? Depende..."

- Já defrontou jogadores como Aubameyang, Nacho, Toney, Mahrez, Wijnaldum, Galeno, e tem em vista duelos com Benzema e Cristiano. Como é estar num campeonato repleto de tantas estrelas?

- Acabas por defrontar alguns dos melhores jogadores do mundo, com um nível muito alto. São jogos difíceis, sem dúvida, mas que também nos obrigam a melhorar, a crescer e contribuem para o nosso desenvolvimento. O último jogo contra o Ronaldo, se acontecer, será especial para mim. Será uma grande oportunidade de defrontá-lo, se ambos tivermos a sorte de jogar. São nomes mundialmente conhecidos, com carreiras extraordinárias, e ter a chance de os enfrentar e mostrar o meu valor também fez parte da minha decisão, sem dúvida.

- O que tem a dizer às pessoas que falam da Arábia apenas pelo dinheiro envolvido e que riem quando alguém afirma que é um campeonato muito competitivo?

- Acho que o mais importante aqui é sermos honestos. A capacidade financeira, sem dúvida, tem um impacto e influencia qualquer decisão de quem vai para a Arábia Saudita, porque eles estão num nível competitivo muito alto, devido a uma capacidade financeira que pouca gente na Europa consegue acompanhar, seja em relação ao meu nível ou ao nível do Ronaldo. Não vou ser hipócrita e dizer que a parte financeira não conta, porque claramente conta.

As prestações de Jorge Fernandes ao serviço do Al Fateh
As prestações de Jorge Fernandes ao serviço do Al FatehFlashscore

Quanto ao campeonato, a realidade é que é realmente muito competitivo. Se é melhor ou pior que outros, isso é muito relativo e depende de como cada um vê o jogo. Todos temos a nossa própria visão e opinião. O que é certo é que o campeonato está a ganhar visibilidade, especialmente com os nomes envolvidos, e está em crescimento. Tenho a certeza de que não vai parar por aqui, e mais pessoas, como eu, vão querer vir para cá. Não só pela parte financeira, mas também pela experiência única e pela oportunidade de defrontar jogadores com nomes impressionantes. E, claro, por fazer parte deste processo.

- A questão da competitividade vai sempre depender sempre de quem vê...

- Isso depende muito do estilo de jogo que cada pessoa prefere. Por exemplo, se gostas de um jogo mais aberto, em que a individualidade do jogador se destaca, com mais espaço para o um contra um e mais situações de golo, vais provavelmente gostar do campeonato saudita. Por outro lado, se preferes um jogo mais trabalhado, com mais posse de bola, provavelmente vais achar que o campeonato espanhol é o melhor. Tudo depende dos fatores que cada um valoriza.

- Já se nota o entusiasmo pela organização do Campeonato do Mundo?

- Acredito que o Mundial será como a cereja no topo do bolo para eles, mas também tenho a sensação de que será apenas o primeiro de muitos bolos que ainda vão fazer.

Jorge Fernandes não esquece o Vitória SC
Jorge Fernandes não esquece o Vitória SCMIGUEL RIOPA / AFP

"Vitória SC é a página mais bonita da minha carreira"

Na sua mensagem de despedida, o Jorge assumiu que "o Vitória foi amor à primeira vista". Afinal, o que significa o clube da cidade de Guimarães para si?

- Para mim, falar do Vitória é sempre um pouco difícil, porque estabeleci uma ligação muito forte ao clube durante os anos que lá estive. Criei uma relação muito especial com as pessoas do clube, com os meus companheiros e com os adeptos, apesar dos altos e baixos, das lesões e dos desafios que fazem parte do futebol. Acaba por ser quase como um amor à primeira vista, porque, quando somos miúdos, sonhamos em jogar em clubes com adeptos apaixonados, que enchem estádios, que sentem o clube, que nos pressionam, que nos exigem e nos obrigam a ser melhores.

Tive a sorte de representar um clube assim, como o Vitória SC , e isso será sempre uma das grandes realizações da minha carreira. Não vou dizer que espero que seja o ponto mais alto da minha carreira, mas sem dúvida é um dos pontos altos. Representar o Vitória SC  foi uma das páginas mais bonitas da minha trajetória, por tudo o que vivi lá. Só posso ser imensamente grato ao clube, às pessoas, à cidade, por tudo o que fizeram por mim. E agora, apesar de estar noutro lado, sou mais um, de coração, e estarei sempre ao lado do Vitória SC, seguramente até ao fim da minha vida.

- Consegue apontar algum momento assim mais especial?

- Existem vários momentos marcantes. Um deles foi, por exemplo, o jogo contra o SC Braga, na época do Pepa, que vencemos 2-1, com um golo do Nelson da Luz no final. Esse jogo foi muito significativo para mim, pois estava a atravessar uma fase difícil a nível individual. Quando estás num clube como o Vitória SC, sabes que a exigência é alta e que, mesmo sem palavras, sentes que as pessoas estão a avaliar o teu desempenho, o que é normal. Naquela altura, senti que não estava ao meu nível e que isso estava a ser notado. Então, ter a oportunidade de ser titular naquele jogo, contra o SC Braga, e saber que era a minha chance de mostrar o meu valor, foi um momento especial. Eu senti que fiz um excelente jogo e, para mim, foi marcante.

Jorge Fernandes deixa elogios ao Vitória SC
Jorge Fernandes deixa elogios ao Vitória SCOpta by Stats Perform, Al Fateh

Mas, na verdade, há muitos outros momentos que ficam na memória. A qualificação para a Liga Conferência, os jogos dessa competição, e até o empate 4-4 recente com o Sporting em casa, são apenas alguns exemplos. A vitória contra o Sporting em casa no ano passado também foi um grande momento. São muitos os momentos que me marcaram ao longo destes anos, tanto pelos resultados como pelas pessoas e pelo dia-a-dia no clube.

- Ficou surpreendido pelo facto de, nos últimos meses, terem saído tantos jogadores para clubes como a Juventus, o Benfica, e até o próprio treinador Rui Borges ter ido para o Sporting? Ou logo no início da época percebeu que havia algo de especial no plantel?

- Isso acaba por ser o culminar de um trabalho que vem sendo feito ao longo do tempo, não só nesta época, mas também pelas pessoas que estão à frente do clube. É um esforço coletivo de todos que estiveram no clube ao longo desta temporada, porque existem pessoas muito competentes na estrutura do Vitória SC. O clube está claramente no caminho certo, e estas vendas são apenas a prova disso. Elas mostram que o Vitória SC está a caminhar para conquistas maiores e, a qualificação para a Liga Conferência, por exemplo, também é um reflexo desse progresso.

Como eu digo, tudo isso acaba por valorizar todas as pessoas envolvidas, desde os jogadores aos que já saíram, porque é o resultado do trabalho de uma equipa, de um clube, de todos. Quando as coisas correm bem, todos saem valorizados, e é isso que deve ser destacado: o trabalho de todos. Claro, ainda há muito a fazer, mas este sucesso é fruto da qualidade dos jogadores e também do trabalho que foi feito ao longo do tempo. A qualidade sempre existiu no Vitória SC, e ainda há muita qualidade no plantel. Não é só falar por falar, há jogadores realmente acima da média, e tenho a certeza de que, num futuro próximo, eles vão dar o salto.

- Como espera que seja o final de época do Vitória SC? E a luta pelo título?

- Claro que continuo a acompanhar o Vitória SC e vou continuar a acompanhar. Tenho acompanhado de perto, e agora é uma fase decisiva para alcançar o objetivo final, que é a qualificação para a Liga Conferência. Acredito plenamente que o clube vai conseguir isso. Quanto à luta pelo título, acredito que vai ser até ao fim, porque o campeonato é muito competitivo e exige isso. Não sou de fazer apostas, por isso não sei quem será o vencedor, mas o campeonato vai ser certamente disputado até ao último momento.

Jorge Fernandes mudou-se recentemente para a Arábia Saudita
Jorge Fernandes mudou-se recentemente para a Arábia SauditaAl Fateh

"É fácil para mim falar do mister Rui Borges"

- Ficou surpreendido com a ida do mister Rui Borges para o Sporting?

- Falar sobre o mister Rui é fácil para mim, porque tive uma excelente relação com ele e com toda a equipa técnica. Sempre que falo dele, tento destacar também o trabalho da equipa técnica, porque, para mim, são um todo. E isso é, sem dúvida, um dos pontos fortes do mister. Ele acaba por dar o salto por mérito próprio, porque as pessoas perceberam a sua competência e a sua capacidade, e ele tem demonstrado isso. O que eu desejo ao mister é, sem dúvida, o melhor, porque ele merece, e sempre foi impecável comigo em todos os momentos, assim como toda a equipa técnica. Enquanto jogador dele, só posso falar bem e só posso desejar-lhe sucesso. Espero, um dia, reencontrá-lo e desejo-lhe todo o sucesso, sem dúvida.

- Há aqui mais alguns tópicos que também gostava de falar consigo. A paternidade mudou algo em si?

- Era um sonho, um objetivo de vida que tinha, e claro, quando te tornas pai, tudo muda. Tudo muda para melhor, sem dúvida. O nascimento da minha filha trouxe-me mais motivação para conquistar, mais resiliência, principalmente quando as coisas não estão tão bem ou quando surge algum percalço, como uma lesão, por exemplo. Porque agora há alguém, no caso uma bebé, que um dia vai olhar para o pai e querer ter orgulho nele. Isso traz uma grande responsabilidade, e a maneira como vemos a vida muda. A partir desse momento, essa criança passa a ser a prioridade. É uma sensação incrível, e espero continuar a lutar tanto por ela como pela minha esposa.

- Outro ponto é a formação FC Porto. Ainda aplica o que aprendeu durante todos aqueles anos na formação azul e branca?

- O FC Porto acabou por ser a minha escola, tanto enquanto jogador como pessoa. Todas as aprendizagens, os treinadores e as pessoas que passei a conhecer foram fundamentais para a minha vida. É um clube de grande exigência, que nunca permite que fiquemos relaxados, e isso ajudou-me a crescer. Assinei o meu contrato de formação só como júnior, e, por isso, no final de cada época, tinha sempre reuniões com os dirigentes para saber se ia continuar ou não, o que gerava sempre grande ansiedade. Foi sempre um sonho, e desde cedo soube que tinha de dar o meu melhor, porque não sabia se aquele seria o meu último dia no clube. O que levo do FC Porto é a exigência máxima, a responsabilidade, o trabalho árduo e a lealdade a mim mesmo.

Os próximos jogos do Al Fateh
Os próximos jogos do Al FatehFlashscore

- E como é que se olha para o futuro aos 28 anos?

- O meu foco está, claramente, em terminar bem esta época e em alcançar os objetivos que temos para os próximos nove jogos. O objetivo agora é esse, e depois logo se verá o que pode acontecer, seja no sentido de continuar aqui ou de dar outro passo na minha carreira. O que ambiciono, sem dúvida, é continuar no estrangeiro e dar continuidade à minha carreira, depois de abrir portas neste mercado. Embora o foco esteja no presente, claro que espero poder continuar aqui.

- Como espera ser recordado no dia em que decida terminar a sua carreira?

- Essa é uma questão profunda. Acima de tudo, quero que as pessoas sejam honestas e expressem o que realmente sentem em relação ao Jorge Fernandes. No final, o que eu diria é que sempre dei o meu melhor, sempre dei tudo de mim. Conquistei muitas coisas, mas também houve sonhos que ficaram por realizar. No entanto, se assim acontecer, que fique sempre com a sensação de que esses sonhos não eram para mim, eram para os meus colegas, e ficarei feliz por eles. 

Até este momento, conquistei muitos dos meus objetivos, e espero conquistar ainda mais. Quero terminar com a sensação de que dei tudo de mim, dentro daquilo que posso controlar. Porque, no fundo, há muitas coisas que o jogador não pode controlar. O mais importante é chegar ao fim com a consciência tranquila, sabendo que fiz o melhor possível.