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Jorge Jesus: "Não voltaria ao Benfica, a minha segunda passagem foi um momento muito difícil"

Jorge Jesus, treinador do Al Nassr
Jorge Jesus, treinador do Al NassrAl Nassr FC

Jorge Jesus, treinador português de 70 anos, agora no comando técnico do Al Nassr, deu uma entrevista à RTP, transmitida esta quarta-feira, onde recordou a passagem pelo Benfica, bem como a nova aventura na Arábia Saudita, agora no clube onde joga Cristiano Ronaldo.

Passagem pelo Benfica: "Eu ganhei no Benfica aquilo que nunca ganhei em nenhum clube. Tenho 10 títulos, sou o treinador mais titulado do Benfica. Até agora ainda não apareceu... espero que apareça alguém, mas até agora não apareceu nenhum. Foram anos especiais."

Mantém amizade com Luís Filipe Vieira? "Com Luís Filipe Vieira, Rui Costa, com várias pessoas que trabalham no Benfica."

Luís Filipe Vieira continua a ser visita da sua casa? "Continua... e nos momentos mais difíceis para ele e para a família dele, estive sempre com ele e continuo a estar. Vou jantar amanhã com ele."

Voltava ao Benfica? "Não... Não porque a minha segunda passagem pelo Benfica foi na altura do Covid, foi um momento muito difícil no mundo para toda a gente. E também foi para o treinador e jogadores. Foi um ano desportivamente em que não fui muito feliz no Benfica. Os adeptos do Benfica, que eu pensava que compreendessem, não me perdoaram por ter saído para o Sporting. E isso criou sempre um clima pesado na segunda passagem."

Invasão à Academia do Sporting: "No momento, na altura em que aquilo estava a acontecer, não foi difícil porque confrontei-me com a situação. Eu não tenho medo. Estava lá e entrei. Fui agredido, tentei defender os meus jogadores, como é óbvio. Senti o perigo, mas emocionalmente não senti o que hoje sinto. Marcou-me tão profundamente que nunca mais consegui ver um jogo do Sporting ao vivo. Nunca mais. Os jogadores nunca mais quiseram treinar. E eu pedia-lhes 'nós temos que treinar'. E eles 'mas nós não conseguimos entrar dentro de Alcochete, míster. Não nos peça. Não conseguimos entrar dentro de Alcochete'. Naquela altura nem os percebia muito bem, mas hoje percebo."

Foi o momento mais duro da carreira? "É. Já perdi várias finais. Perdi duas finais com o Benfica da Liga Europa, mais importantes do que a Taça de Portugal, mas sentimentalmente não me marcaram como aquela. Aquela final veio de um contexto em que mexeu comigo no futuro."

Já perdoou os invasores? "Já. Aquilo não são os verdadeiros sportinguistas. Um verdadeiro sportinguista ou benfiquista não toma atos daqueles. Aproveito esta oportunidade para dizer a todas as claques dos clubes 'esqueçam isso'. Não é essa pressão que faz com que os jogadores corram mais, pulem mais, saltem. É a pressão positiva. Podem fazê-lo no estádio dar a entender o desagrado, agora fora do estádio... esqueçam isso. Tirem isso das vossas cabeças."

Treinar Cristiano Ronaldo: "É um desafio desportivo. É diferente, até na vida biológica. Por isso é que tem 40 anos e ainda joga. Pensamos muito da mesma forma fora do futebol. Tenho 70 anos, mas não sinto nada no que é a minha vida psicológica e física".

Cristiano Ronaldo é referência do clube: "É uma referência no mundo. Em Portugal não sabemos valorizar o que Cristiano Ronaldo é. É a maior referência humana no mundo, é a pessoa mais conhecida no mundo. É a maior celebridade no mundo. Muito para lá do mundo do futebol."