Habituado a ter muitos brasileiros no plantel, o Shakhtar sofreu com a debandada no início da guerra. Mais de três anos depois da invasão russa, porém, a tradição foi retomada. Kevin tem a companhia de oito compatriotas no plantel, algo que ajudou bastante na adaptação.
"Facilita muita coisa. É diferente conversar com uma pessoa do seu idioma. O Shakhtar sempre foi um berço de brasileiros, sempre os acolheu muito bem. Teve um momento de baixa, mas isso só tende a crescer", afirma.
Em abril, Marlon Gomes anotou o milésimo golo brasileiro do Shakhtar Donetsk. O 1001-º foi de Kevin. O jovem terminou a temporada com nove golos e quatro assistências em 35 jogos, coroados pelo título da Taça da Ucrânia. Em março e abril, foi eleito o melhor jogador do mês na equipa.
"É muito gratificante ajudar com uma marca histórica e tão grandiosa assim. Poder seguir uma geração de tantos jogadores maravilhosos. E para mim é muito importante continuar a construir essa história. Pude ajudar fazendo bastantes golos, e espero que venham muito mais", projeta.

O futuro de Kevin, porém, pode estar longe da Ucrânia, uma vez que o avançado tem vindo a despertar o interesse das grandes ligas europeias. Nápoles e RB Leipzig estão dispostos a pagar 40 milhões de euros pelo brasileiro, segundo o UOL.
"É um sonho de criança ajudar a seleção brasileira num Mundial e poder representar um clube gigante da Europa", revela.

Como é jogar na Ucrânia?
Apesar da tensão de estar num cenário de guerra, Kevin garante que a situação não é tão "estrondosa" quanto parece.
"É claro que o momento daqui é complicado, mas o Shakhtar dá todo o apoio que precisamos", explica.
O caso mais impactante ocorreu numa partida contra o Kryvbas, a 1 de setembro, na Premier League da Ucrânia. Cinco dias antes, a Rússia bombardeou o hotel em que o Shakhtar ficaria hospedado.
"O jogo começou no ano passado e foi cancelado por conta da sirene (de ataque russo). Jogámos o primeiro tempo, e o resto da partida foi em abril de 2025. Era para durar uma hora e meia, acabou por durar 200 dias", conta Kevin.
O atacante nem sequer cogitou recusar a oferta do Shakhtar quando estava no Palmeiras, pelo momento que vivia no clube. O pai de Kevin deixou a decisão nas mãos do jogador, que optou pela transferência.
"Achei que seria melhor para mim, mesmo com o momento que a Ucrânia estava a passar. E não errei na minha escolha. Dá para ver isso hoje porque estou bem aqui, fazendo os meus números, e não me arrependo de nada. Aqui é um grande clube, dá todo o suporte da estrutura", afirma.
Saída do Palmeiras
A venda de Kevin em 2024 rendeu críticas dos adeptos do Palmeiras à direção e ao técnico Abel Ferreira. Eleito o craque da Copinha em 2023, vencida pelo Verdão, o avançado só fez 11 jogos como profissional até à transferência. Kevin evita entrar em detalhes sobre o período na equipa principal do Verdão.
"Procuro ouvir apenas os comentários do meu pai, da minha mãe e dos meus empresários, que vão agregar alguma coisa na minha carreira. Sobre isso do Abel e da comissão, procuro não saber de muita coisa porque foi algo muito bem conversado. Talvez no momento ali eu não poderia ser muito utilizado", admite Kevin.
"Cada jogador tem o seu momento no clube. Ali não seria o meu momento no Palmeiras, e estou muito feliz hoje", acrescenta.

Ídolo no futebol
Kevin realizou um sonho ao disputar a Liga dos Campeões e marcar dois golos na última edição. O avançado chegou a ostentar a marca de brasileiro com mais dribles certos na competição. E Kevin não esconde de quem vem a sua inspiração.
"Sempre deixei muito claro que o meu ídolo é o Neymar. Pelo estilo de jogo, por crescer assistindo aos seus jogos. Sempre gostei muito de assistir o Neymar, seja em que clube for. E nunca foi diferente. Torço muito por ele hoje, estando no Santos, e o meu ídolo sempre vai ser ele", confessa Kevin.
