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Mudança de rumo: Arábia Saudita altera política de transferências e investe no futuro

João Felix é reforço do Al Nassr em definitivo
João Felix é reforço do Al Nassr em definitivoSEVERIN AICHBAUER / APA-PictureDesk / APA-PictureDesk via AFP

Uma reavaliação ou uma estratégia clara? Depois de estrelas envelhecidas como Cristiano Ronaldo, o rico Estado do deserto da Arábia Saudita está agora também a atrair jovens jogadores de topo da Europa com muito dinheiro.

O português João Félix foi, em tempos, considerado uma das maiores promessas do futebol mundial, chegando mesmo a ser apontado como o sucessor de Cristiano Ronaldo no seu país - agora, o homem de 127 milhões de euros é o seu companheiro de equipa na Arábia Saudita. Depois de uma queda de prestígio sem precedentes, João Félix está a tentar salvar a sua promissora carreira no deserto. Os sauditas estão felizes.

A transferência do jogador de 25 anos para o Al Nassr é mais uma prova de que o reino rico já não atrai estrelas envelhecidas como Cristiano Ronaldo, Neymar ou Karim Benzema com enormes somas de dinheiro, mas prefere agora jogadores no seu suposto auge e talentos cobiçados.

Com as contratações de João Félix, Mateo Retegui (26 anos), Theo Hernéndez (27 anos) e do jovem brasileiro Gabriel Carvalho (17 anos) na atual janela de transferências, os clubes da Saudi Pro League (SPL) estão a seguir uma estratégia clara.

Lavagem desportiva

Afinal, a liga quer ser em breve uma das melhores do mundo - e, ao mesmo tempo, polir a imagem do país, que tem sido criticado por violações dos direitos humanos. Palavra-chave: sportswashing. O Campeonato do Mundo de 2034 já está a ser preparado na Arábia Saudita.

A imagem de uma "liga de reformados" não ajuda muito. Um relatório publicado pela SPL refere cinco pilares em que assenta a sua estratégia. O primeiro é designado por "Desenvolvimento e recrutamento de talentos de topo".

Foram também criados comités de transferências para analisar as futuras contratações de estrelas veteranas, depois de os clubes terem gasto muito com elas nos últimos anos. A maioria dos clubes em que o Fundo de Investimento Público (FIP) detém a maioria das ações.

Jovens em vez de velhos

Agora que as estrelas internacionais Cristiano Ronaldo e Neymar deram rapidamente visibilidade ao campeonato, a Arábia Saudita está a investir no futuro.

João Félix custou 30 milhões de euros, depois de não ter vingado no FC Barcelona, no Chelsea e no AC Milan, após a sua transferência de 127,2 milhões de euros do Benfica para o Atlético de Madrid. E o jogador português não é um caso isolado.

Retegui (melhor marcador da Serie A e o avançado preferido dos italianos) foi para o Al-Qadisiya por 68,25 milhões de euros, em vez de jogar a Liga dos Campeões com a Atalanta. Theo Hernández (do AC Milan para o Al Hilal) também foi atraído pelo dinheiro. O cobiçado Gabriel Carvalho decidiu não se mudar para a Europa, preferindo deixar a sua marca na Arábia Saudita.

Arábia Saudita é cada vez mais popular

No inverno passado, os principais clubes sauditas já tinham lançado um grande ataque aos jogadores talentosos ou com provas dadas. Jhon Duran (21/por 77 milhões para o Al Nassr) e o ex-Leverkusen Moussa Diaby (25/por 60 milhões para o Al Ittihad) foram transferidos do Aston Villa, da Premier League, para o Reino Unido, enquanto Mohamed Simakan (24) deixou o RB Leipzig da Bundesliga para jogar ao lado de Cristiano Ronaldo em Riade.

Todos eles teriam ainda muitos anos de carreira ao mais alto nível, mas optaram primeiro pelo dinheiro.