Análise: Inter-Milan, um dérbi que pode ser decidido cedo

Lautaro Martínez e Rafael Leão, os líderes de Inter e Milan
Lautaro Martínez e Rafael Leão, os líderes de Inter e MilanPIERO CRUCIATTI / AFP - Flashscore by Canva

Da produtividade nos primeiros 15 minutos às dificuldades nas bolas paradas: as duas equipas chegam com perfis estatísticos distintos e com Leão e Lautaro prontos para fazer a diferença num jogo de grande tensão.

Siga aqui as incidências do encontro

O dérbi chega com uma leitura estatística que inverte parte das referências acumuladas antes da última época. O Milan apresenta-se, de facto, com a força da invencibilidade conquistada nos cinco duelos diretos da temporada passada (três vitórias, dois empates), após um período em que tinha perdido sempre frente ao Inter, (seis derrotas consecutivas).

A equipa de Chivu, por sua vez, depois do triunfo a 22 de abril de 2024 que garantiu o Scudetto da segunda estrela, não conseguiu voltar a vencer, não só o Diavolo, mas também a Juventus e o Nápoles nos 11 jogos seguintes (cinco empates, seis derrotas), tendo marcado apenas um golo nos últimos três. Um dado que evidencia as dificuldades recentes dos nerazzurri nos grandes jogos.

Os últimos duelos
Os últimos duelosFlashscore

O panorama geral, contudo, mostra duas equipas em boa forma: o Inter somou 11 vitórias nos últimos 12 jogos oficiais (uma derrota), com 28 golos marcados (média de 2,3) e sete sofridos (média de 0,6), enquanto o Milan regista apenas uma derrota nas primeiras 13 partidas da época (8 vitórias, 4 empates).

No banco, Chivu atingirá a 25.ª presença na Serie A, com uma média de 1,67 pontos por jogo (2,18 desde que regressou a Milão), enquanto Allegri chegará à marca de 518 jogos, com uma média de 2 pontos por partida.

A importância da primeira parte

A análise dos números sugere um encontro que pode ser decidido já na primeira parte. Inter e Milan são, de facto, as duas equipas que mais golos marcaram na primeira metade dos jogos: o Inter com 11 golos em 26 totais (42,3%) e o Milan com 9 em 17 (52,9%). O impacto é especialmente elevado nos primeiros quinze minutos: cinco golos para os nerazzurri (19,2%) e quatro para os rossoneri (23,5%), colocando-os entre as três equipas mais produtivas do campeonato nesse período.

O Milan mantém esta dinâmica também no final da primeira parte, com mais quatro golos, enquanto o Inter distribui os seus golos de forma diferente, privilegiando o segmento entre os 61 e os 75 minutos: seis golos, equivalentes a 23,1% do total, quase um quarto dos golos da época.

As probabilidades de vitória
As probabilidades de vitóriaOpta by Stats Perform

No plano defensivo, surgem padrões opostos. O Inter sofre sobretudo nos últimos 15 minutos de cada parte, período em que encaixa dois terços dos 12 golos sofridos, enquanto o Milan revela dificuldades no primeiro quarto de hora da segunda parte, altura em que concedeu três dos nove  golos totais (33%).

As diferenças no jogo aéreo confirmam uma característica marcante dos nerazzurri: cinco dos 26 golos do Inter foram de cabeça, representando 19,2% do total, um valor que se cruza com um dado relevante dos rossoneri, ou seja, dois golos sofridos de cabeça em nove (22,2%).

Milan aposta nos remates de longe

O dado mais relevante, contudo, diz respeito aos golos de fora da área e aos lances de bola parada, especialmente para o Milan. Ambas as equipas marcaram cinco golos de longa distância, mas com pesos diferentes: para o Milan representa 29,4%, para o Inter 19,2%. A distribuição geral revela perfis ofensivos distintos: a equipa de Chivu marca 73,1% dos golos dentro da área, enquanto a de Allegri apenas 58,8%, mostrando soluções mais variadas.

É no momento defensivo, porém, que surge o dado mais claro: o Milan ainda não sofreu qualquer golo de fora da área, enquanto o Inter já encaixou três dos 12 sofridos (25%). O controlo da zona limite da área, tendo em conta as tendências dos rossoneri, torna-se assim um ponto tático central do dérbi.

As bolas paradas, por fim, completam o quadro das assimetrias. O Inter marcou sete golos em 26 através de lances de bola parada (26,9%), enquanto o Milan fez seis em 17 (35,3%).

A diferença decisiva está na vulnerabilidade da equipa de Allegri: mais de metade dos golos sofridos resultam de bolas paradas, cinco em nove, o que equivale a 55,6%. É um dos dados mais desequilibrados entre todos os analisados e um dos potenciais fatores determinantes do confronto.

Líderes frente a frente

O foco nos jogadores destaca dois protagonistas com impacto histórico relevante. Lautaro Martínez marcou nove golos em vinte dérbis e, com mais um, atingirá a dezena, feito alcançado apenas por seis jogadores na história do duelo: Shevchenko (14), Meazza (13), Nordahl e Nyers (11), Ibrahimović e Candiani (10). Pelo Inter, só Meazza (12 nos jogos disputados de azul e preto) e Nyers (11) fizeram melhor. O encontro será também a sua 350.ª presença com a camisola nerazzurra.

Os números de Lautaro
Os números de LautaroOpta

Do outro lado, Rafael Leão participou em sete golos frente ao Inter, com três golos e quatro assistências, tendo sido decisivo em momentos importantes, desde a Supertaça da época passada à corrida pelo Scudetto em 2021/22. As suas características, especialmente a capacidade de criar superioridade em espaços abertos, continuam a ser uma das variáveis mais difíceis de controlar para a defesa nerazzurra.

Os números de Leao
Os números de LeaoOpta