Sacchi e o treinador do AC Milan, Sergio Conceição, trocaram farpas na imprensa nas últimas semanas, mas, em declarações à Gazzetta dello Sport, Sacchi decidiu enterrar o machado.
"Sempre pensei que o clube, com a sua história e as suas ideias, vem antes do treinador e o treinador vem antes dos jogadores. Isso significa que o papel decisivo, neste caso, deve ser o da direção. É essencial, para que tudo funcione e o motor funcione corretamente, que haja uma harmonia perfeita entre as várias componentes do clube", disse.
"Vou dar-vos um exemplo, para me compreenderem melhor: Berlusconi era o homem que decidia a linha, (Adriano) Galliani era responsável por garantir que essa linha era seguida, e (Ariedo) Braida fazia o mesmo. E depois havia eu, ou seja, o treinador, que, em perfeita sintonia com os dirigentes, tinha a tarefa de transformar essas ideias em jogo".
"Quando (Silvio) Berlusconi me disse que queria ganhar e convencer, que para ele o futebol era um espetáculo e que o seu objetivo era entreter o público, ficou imediatamente claro para mim o que tinha de fazer: propor um jogo inovador, bonito, envolvente e cativante".
"E este sucesso foi possível porque houve uma partilha total de pontos de vista entre a direção e o treinador, entre o CEO (Galliani) e o diretor desportivo (Braida), entre o treinador e os jogadores. Os problemas do Milan esta época são o resultado dos erros cometidos no verão passado e, ao dizer isto, não revelamos nenhum segredo. É evidente que não havia química entre aqueles que deviam trabalhar em conjunto, de tal forma que (Paulo) Fonseca, nas primeiras dificuldades, foi despedido", lamentou.
"As pessoas que fazem parte de um clube devem remar na mesma direção, com o objetivo de chegar à meta antes dos adversários. Se, em vez disso, cada um seguir o seu caminho e tentar salvar-se apenas a si próprio, acabamos por não chegar a lado nenhum. Aqui, precisamente porque gosto muito do Milan, espero que agora, neste período crucial para a definição do projeto para a próxima época, não se cometam os erros do passado muito recente e, sobretudo, que nos concentremos em homens de confiança: o diretor desportivo, o treinador e os jogadores".
"Todos unidos, e com uma ideia clara que vem do topo do clube, podemos pensar em regressar à grandeza", concluiu.