O regresso do filho pródigo ao seu clube de origem, doze anos depois de ter deixado o Barcelona, tinha suscitado grandes esperanças entre os adeptos do Santos.
Em fevereiro, milhares de adeptos do clube histórico de Pelé enfrentaram uma chuva torrencial para assistir à apresentação oficial de Ney num estádio da Vila Belmiro lotado.
Três meses depois, o atacante de 33 anos continua afastado dos relvados, tendo disputado apenas nove jogos, dos quais apenas dois em oito possíveis no campeonato, no qual o Santos é penúltimo.
No entanto, o início foi bastante animador. Mesmo que o seu nível de jogo esteja longe de ser o que o transformou numa estrela mundial, Neymar registou um melhor registo estatístico num mês do que em mais de um ano e meio no seu anterior clube.
No Al-Hilal, da Arábia Saudita, sofreu uma grave lesão no joelho durante uma partida da Seleção e disputou apenas sete jogos em 17 meses, marcando apenas um golo e fazendo três assistências.
Em sete jogos pelo Santos no estadual de São Paulo, entre fevereiro e início de março, o ex-parisiense fez três assistências, mas marcou três vezes mais golos, incluindo um de canto direto, o primeiro da sua carreira.
Carnaval e podcast
Mas, no geral, Neymar "não teve o desempenho que esperávamos", disse à AFP Leonardo Bertozzi, comentador da filial brasileira da ESPN.
O Santos "teve um desempenho melhor com ele do que sem ele, mas no momento decisivo do Campeonato Paulista ele não estava em campo", lembrou, referindo-se à derrota na meia-final com o Corinthians, que o camisola 10 perdeu devido a um desconforto na coxa.
Poucos dias antes, Neymar havia participado das festividades do carnaval no Rio de Janeiro - o suficiente para reacender as críticas ao seu estilo de vida, mesmo tendo feito a viagem durante os dias de folga concedidos pelo clube. As suas participações na Kings League, um campeonato de futebol de sete que está na moda na Internet, também causaram polémica.
O seu staff tentou ainda impedir a difusão de um podcast que contava a sua vida, nomeadamente a relação com o pai, descrito como um "empresário voraz e temido no mundo do futebol". O pedido foi rejeitado por um juiz brasileiro, que o qualificou de "odiosa censura prévia".
Regresso
O avançado regressou a 13 de abril, entrando como suplente num jogo do campeonato contra o Fluminense (derrota por 1-0) no estádio do Maracanã, no Rio de Janeiro, mas sofreu uma recaída quatro dias depois, lesionando novamente a coxa quando era titular na vitória em casa por 2-0 sobre o Atlético Mineiro.
Desde então, Neymar ainda não voltou a jogar. O melhor marcador da história da seleção brasileira espera estar de volta aos relvados antes de 26 de maio, quando será anunciada a primeira lista do novo técnico do Brasil, o italiano Carlo Ancelotti, para os jogos da qualificação para o Mundial-2026 contra Equador e Paraguai, a 5 e 10 de junho.
Ele foi convocado em março pelo seu antecessor, Dorival Júnior, mas teve de ser dispensado devido a um problema na coxa.
"Ancelotti impõe tanto respeito que ninguém vai exigir tratamento especial para Neymar", prevê Paulo Vinicius Coelho, colunista do site Uol.
Enquanto espera para saber se Neymar vai ou não voltar à seleção, o Santos espera contar com ele para ajudar a equipa a sair da zona de descida, enquanto as negociações estão em andamento, de acordo com a imprensa brasileira, para uma possível renovação do seu contrato, que vai até 30 de junho.
A situação é particularmente tensa: os adeptos invadiram o centro de treinos no final de abril para protestar contra os maus resultados da equipa após uma humilhante despromoção no final de 2023.