Num documento divulgado nas redes sociais, o Flamengo argumenta que os clubes em processo de recuperação judicial (RJ ou REJ) não devem usar o período de suspensão de pagamentos de dívidas como vantagem desportiva. O clube propõe o bloqueio do registo de novos jogadores e a perda de pontos para quem se beneficiar do intervalo entre o pedido e a homologação da recuperação.
O texto também pede maior rigor contabilístico, defendendo que o controlo financeiro vá além da folha salarial registada em regime CLT e inclua todos os custos do plantel, como direitos de imagem, prémios, bónus e comissões de agentes. O objetivo é evitar “maquilhagens” financeiras e rateios fictícios que mascaram despesas do futebol profissional sob outras rubricas, como as categorias de base ou o futebol feminino.
Outro ponto de destaque é a proposta de limitar transações entre clubes e empresas pertencentes aos mesmos proprietários, para impedir que aportes de capital sejam contabilizados como receitas recorrentes, prática que, segundo o Flamengo, distorce a realidade financeira e compromete a competitividade do campeonato.
Ataque aos sintéticos
Entre as propostas de maior impacto, o Flamengo defende que os relvados artificiais sejam banidos de todas as competições profissionais nacionais.
De acordo com o clube, os chamados “relvados de plástico” criam desequilíbrios financeiros, uma vez que os custos de manutenção são significativamente inferiores aos dos campos naturais, e aumentam o risco de lesões nos atletas.

A questão reacende o debate sobre a alegada vantagem competitiva dos clubes que atuam em estádios com relvado sintético - casos de Palmeiras, no Allianz Parque, Botafogo, no Nilton Santos, e Atlético Mineiro, na Arena MRV. Todos defendem o uso do material como um avanço tecnológico, mas enfrentam resistência de jogadores e adversários, que apontam diferenças no ressalto da bola e um maior desgaste físico.

Outras propostas
O Flamengo propõe ainda a criação do chamado “Teste de Proprietários e Dirigentes”, um mecanismo de governança inspirado em modelos aplicados no futebol inglês. O objetivo seria avaliar a idoneidade e a capacidade financeira de novos gestores antes de assumirem cargos de direção.
O clube carioca defende também a aplicação de sanções automáticas e efetivas, nomeadamente restrições nas janelas de transferências, mesmo que o clube punido regularize a sua situação durante o período. A intenção é evitar adiamentos no cumprimento das normas e reforçar a seriedade do sistema.
