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Investimento recorde em Vitor Roque pode ser uma boa notícia para o Palmeiras

Vitor Roque durante a partida contra o Botafogo
Vitor Roque durante a partida contra o BotafogoFoto Arena LTDA / Alamy / Profimedia

A Série A do Brasil é sempre um campeonato muito disputado e a próxima temporada não será diferente.

Com apenas um jogo disputado na atual temporada, apenas cinco das 20 equipas tiveram um início 100% positivo.

O Palmeiras, que tem 12 títulos nacionais e é o clube brasileiro mais vitorioso da história, foi um dos que não conquistou os três pontos na primeira jornada, mas o empate sem golos com o Botafogo, campeão da temporada passada, certamente será visto como um ponto conquistado.

Apesar de ter perdido o título de 2024 por seis pontos, os números mostram uma temporada que ainda pode ser considerada um sucesso.

Os 60 golos marcados foram mais do que o campeão e apenas um a menos do que o Flamengo, terceiro classificado, enquanto os 33 golos sofridos em 38 jogos só foram superados pelo Botafogo, com a equipa de Abel Ferreira a somar 22 vitórias no campeonato, uma a menos do que o campeão.

Com 13 golos e nove assistências durante o campeonato de 2024, Estevão foi fundamental para o Palmeiras na busca pela glória, mas a partir de julho deste ano vestirá a camisola do Chelsea, seguindo uma longa linhagem de brasileiros em Stamford Bridge.

Vitor Roque precisa de esquecer o pesadelo do Barcelona

Essa lacuna precisa de ser preenchida e pode explicar, de certa forma, por que o clube fez a compra mais cara da história do futebol sul-americano e contratou Vitor "Tigrinho" Roque do Barcelona por um valor a rondar os 25,5 milhões de euros.

Com apenas 20 anos de idade, Vitor Roque deve estar feliz por voltar a um campeonato onde a sua forma - 12 golos e três assistências em 25 jogos do Campeonato Paranaense pelo Athletico Paranaense - lhe valeu a prestigiosa transferência para o Barça que, infelizmente, não deu certo. 

De facto, a queda de forma foi notória.

Nove golos em 40 jogos - dois no Barcelona e outros sete enquanto esteve emprestado ao Betis - é quase um golo em cada quatro jogos, mas para um avançado que joga na elite do futebol mundial, isso não é suficiente.

O golo de Vitor Roque contra o Villarreal
O golo de Vitor Roque contra o VillarrealIvan Terron / Zuma Press / Profimedia

O seu ritmo de trabalho não está em causa, mas a sua taxa de concretização de passes tem de ser analisada, mesmo que se considere que Vítor Roque não está ali para passar bolas, mas sim para as receber. Algo que ele tem feito muito bem em grande parte da sua carreira de futebolista.

A melhor leitura do jogador em termos de precisão de passe no último terço aconteceu esta época, ao serviço do Real Betis, onde conseguiu uns impressionantes 87,5%, mas a percentagem de acerto foi tão baixa como uns inesperados 33,3% quando jogava no gigante catalão.

Apenas sete passes para a frente efetuados durante todo o tempo em que esteve no Barça contrastam fortemente com as duas épocas anteriores no Athletico Paranaense, onde registou 29 em 2022/23 e 37 em 2023/24.

Embora a sua taxa de conversão de remates também tenha descido de um máximo de carreira de 23,5% em 23/24 para 9,8% na época passada, é interessante notar que a sua precisão de remate continua a melhorar.

63,6% para o Betis nesta temporada é quase 10% melhor do que quando registou os seus melhores números anteriores no Paranaense. 26 remates à baliza em 26 jogos no Betis também é um registo impressionante para o jovem e um bom presságio para uma equipa do Palmeiras que quase certamente ajudará Tigrinho a criar mais oportunidades de golo.

Os números de Vítor Roque
Os números de Vítor RoqueFlashscore

Uma taxa de conversão de grandes oportunidades de 42,9% e 50 remates dentro da área, ambos no Betis, foram os melhores resultados nesse quesito desde a sua segunda temporada no Brasil, que foi a sua campanha mais bem-sucedida até hoje.

Isso deve ser suficiente para que o Palmeiras entenda que, se levar a bola para as áreas centrais que Vitor Roque patrulha, o temível predador vai dar conta do recado para o Verdão.

A experiência europeia, por muito negativa que tenha sido a sua passagem pelo Barça, também lhe terá dado uma força de caráter incrível que não pode ser menosprezada, sobretudo nos grandes momentos do final da época.

Uma das áreas em que o jogador sempre se destacou foi a da diligência e do ritmo de trabalho.

Vitor Roque continua a fazer jus à alcunha de Tigrinho

Vitor Roque não tem medo de se envolver em duelos com adversários diretos e isso é demonstrado pela quantidade de duelos em que esteve envolvido em todos os clubes por onde passou.

No Barcelona, não marcou golos, mas disputou 53 duelos e ganhou a maioria deles graças à sua natureza de tigre, ao seu desejo natural e à sua vontade de vencer.

Combativo e competitivo, não joga sujo, como indica um cartão vermelho em 117 faltas cometidas na carreira. Até a expulsão foi discutível, como se pode ver nas imagens abaixo.

A recuperação de bola e da posse de bola são outras áreas em que se destaca. Por exemplo, durante a sua passagem pelo Betis, recuperou a bola nada menos do que em 42 ocasiões, uma atitude que será muito útil no futebol brasileiro.

Em suma, quer se trate de jogar bonito ou de se empenhar, Abel Ferreira não vai ficar desiludido com a contratação de Tigrinho.

Se Vitor Roque continuar a evoluir, o 13 pode ser o número da sorte do Palmeiras nesta temporada.

Jason Pettigrove
Jason PettigroveFlashscore