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Danilo Veiga: "Lecce é uma grande oportunidade para me mostrar num dos melhores campeonatos"

Danilo Veiga em destaque ao serviço do Lecce
Danilo Veiga em destaque ao serviço do LecceArquivo Pessoal, Flashscore
Internacional por Portugal na categoria sub-21, Danilo Veiga joga atualmente no Lecce, em Itália. Fez grande parte da sua formação no FC Porto e tem João Cancelo e Kyle Walker como referências na sua posição de lateral direito. Nesta entrevista ao Flashscore, Danilo Veiga não esconde a ambição de estar presente no Europeu sub-21, deste ano, e com um olho, já, na seleção principal de Portugal.
Danilo Veiga cumpre primeira temporada no Lecce
Danilo Veiga cumpre primeira temporada no LecceArquivo Pessoal

"Futebol atrativo e competitivo"

- Como é que estão a correr as coisas em Itália, sobretudo em termos de adaptação ao clube e ao país?

- Está a ser um início muito positivo para mim. Tenho conseguido somar minutos de jogo num futebol atrativo e competitivo. O ritmo de trabalho e a intensidade são um pouco diferentes daquilo a que estava habituado, mas vejo isso como um fator essencial para o meu crescimento. Estou muito feliz por estar aqui, sinto que esta é uma grande oportunidade para evoluir e para me mostrar num dos melhores campeonatos da Europa. 

Quanto ao país, a adaptação tem sido bastante fácil. A língua é compreensível, embora um pouco mais difícil de falar, mas com o tempo lá chegarei. A cidade faz-me lembrar o Porto e a comida é excelente. As pessoas são muito simpáticas, e tudo é bastante acessível e prático.

- Saiu do Estrela da Amadora para o Lecce, tal como o Tiago Gabriel e o Gaspar que tinha ido antes. Como é que eles estão?

- Acredito que também estejam bastante felizes. Convivo com eles diariamente e é essa a sensação que me transmitem. Ambos têm feito um bom percurso. O Gaspar já conquistou o seu espaço e impôs-se na equipa. Quanto a mim e ao Tiago, cabe-nos continuar a trabalhar para mostrarmos o nosso valor. O Tiago, sendo ainda mais jovem, tem um futuro promissor pela frente e, sem dúvida, muito potencial para crescer.

O balanço de Danilo Veiga aos primeiros meses no Lecce
O balanço de Danilo Veiga aos primeiros meses no LecceOpta by Stats Perform, Lecce

- Neste momento, nenhum de vocês é titular indiscutível na equipa. No seu caso, Danilo, tem somado bastantes minutos, embora, na maioria das vezes, entrando como suplente utilizado...

- Estamos na expectativa de conquistar mais minutos, mas sei que isso dependerá muito do que demonstro ao longo da semana. Ainda assim, para quem chegou há cerca de um mês e meio, estou bastante satisfeito com os minutos que já somei até agora.

- O Danilo mencionou um campeonato muito competitivo, com alguns dos melhores jogadores do mundo. Até agora, qual equipa mais te impressionou e há algum jogador em particular que te tenha chamado mais a atenção durante a tua passagem pelo Lecce?

- Quando se fala de jogadores, é impossível não mencionar o Rafael Leão. Embora eu não tenha jogado muitos minutos contra o AC Milan, o impacto dele assim que entrou foi notório para todos. Ele até acaba por fazer a assistência para o terceiro golo. Quanto a uma equipa que me tenha surpreendido, preciso de refletir um pouco, porque, para ser sincero, não joguei contra tantas equipas assim.

- A Atalanta, o Nápoles e o Inter estão na luta pelo título...

- A Atalanta, sem dúvida, impressiona mais, não tanto pelo estilo de jogo em si, mas pela intensidade da pressão que eles aplicam, marcando homem a homem durante o jogo todo. Acho que isso exige ter um grupo de jogadores bastante diferenciado, com uma grande capacidade física e mental, para conseguir manter esse nível de exigência durante os 90 minutos.

Danilo destacou-se no Estrela da Amadora
Danilo destacou-se no Estrela da AmadoraArquivo Pessoal

"Sou muito grato ao Estrela pela oportunidade"

- Após a sua passagem pela Croácia, Danilo, teve uma breve estadia no Estrela da Amadora, mas o tempo foi suficiente para se destacar. Como foi essa experiência no clube?

- Foi uma experiência que eu procurava, voltar a casa. O Estrela da Amadora, desde o início, demonstrou um grande interesse em me trazer de volta a Portugal. Foi um clube que me acolheu de forma incrível, com pessoas espetaculares lá dentro e adeptos que, mesmo nos momentos mais difíceis, estiveram sempre ao nosso lado. É um clube ao qual sou imensamente grato pela oportunidade, especialmente porque vinha de um contexto complicado e o Estrela deu-me a mão quando mais precisei. Isso é algo que levarei sempre comigo.

- O Estrela está na luta pela permanência. O Danilo acredita que o cluve vai conseguir manter-se na Liga?

- Sim, claro. Eu, como todos os estrelistas, acredito e apoio a equipa. Tendo estado lá dentro, conheço bem o trabalho diário da malta e o esforço que colocam para que tudo corra bem e as coisas sigam o seu curso. Eles merecem, acima de tudo, pelo que a Amadora representa, por todo o contexto que, apesar de não ser fácil, pode ser superado quando todos estão unidos. Juntos, conseguem fazer a diferença.

Os números de Danilo Veiga
Os números de Danilo VeigaFlashscore

- Quer mandar pelo Flashscore alguma mensagem para os seus antigos colegas, para os dirigentes e para os adeptos do Estrela?

- Quero que, acima de tudo, os jogadores e o staff acreditem em si mesmos, mantenham a sua identidade e joguem à Estrela, com raça, dando tudo dentro de campo. Aos adeptos, só peço que continuem a apoiar a equipa até ao fim, porque é muito mais fácil quando estamos todos juntos, a lutar pelo mesmo objetivo. Sei que, no final, tudo se vai concretizar.

- A sua primeira experiência no estrangeiro foi no Rijeka, na Croácia, para onde foste ainda muito novo. Como é que foram esses tempos para ti?

- No início, a experiência foi muito positiva, especialmente porque foi a minha primeira vez fora do país. A motivação de estar em um novo ambiente, com uma cultura diferente e novos desafios, foi algo que me impulsionou. Estar fora da minha zona de conforto e viver essa experiência foi uma oportunidade que eu achava que todos os jogadores deveriam ter pelo menos uma vez na vida. No Rijeka, comecei bem, jogando praticamente todos os jogos e tendo um bom desempenho em campo. O início foi, sem dúvida, o mais fácil, pois a novidade e o entusiasmo estavam presentes.

No entanto, como em qualquer percurso, surgem desafios. Uma mudança de treinador no clube acabou por influenciar o meu desempenho, e o meu momento na equipa não se manteve da mesma forma. A mudança de técnico trouxe uma alteração na dinâmica do grupo e houve situações fora do meu controlo. O trabalho dentro de campo, de treinar e dar o meu melhor, foi feit. Agradeço ao Rijeka por me ter proporcionado essa oportunidade de aprender e amadurecer, tanto dentro como fora de campo. A experiência foi enriquecedora, mas também desafiadora.

A forma recente do Lecce
A forma recente do LecceFlashscore

- Uma oportunidade para amadurecer também como jogador e como pessoa, não é verdade?

- Exatamente, sim, sem dúvida. Principalmente quando fui para lá, não falava inglês. Entendia, mas não conseguia falar. O croata era uma língua bastante difícil e, além disso, acabei por crescer nesse sentido. Aprendi inglês para poder comunicar. Em Portugal, já vivia sozinho, mas é diferente viver sozinho em Portugal e viver sozinho num país que não é o teu, onde tens que te adaptar à cultura, ao clima, à comida, enfim, a tudo. Mas sim, acredito que foi muito benéfico para o meu crescimento pessoal e profissional.

- Quais são as principais diferenças que encontra entre as ligas portuguesa, croata e italiana?

- Intensidade. Acho que é a maior diferença. Em termos de nível técnico, acredito que temos jogadores técnicos, jogadores tecnicistas em todo o lado, mas é a intensidade que faz a diferença. Aquele detalhe, o meio segundo antes, o receber a bola e já pensar onde vou meter a bola a seguir, o que vou fazer. Acho que é isso que faz toda a diferença, e a exigência é sempre muito alta aqui, em comparação com o campeonato croata e português. A exigência está sempre no máximo. O primeiro treino da semana é no máximo, o último treino da semana é no máximo e não há descanso.

Danilo Veiga é internacional sub-21 português
Danilo Veiga é internacional sub-21 portuguêsArquivo Pessoal

"Euro sub-21? Acredito no meu trabalho e nas minhas qualidades"

- Vamos falar um pouco sobre a seleção Sub-21, Danilo. Foi chamado recentemente, nos últimos meses do ano passado, e vem aí o Europeu na Eslováquia em junho. Tem esperança de fazer parte da equipa no Campeonato da Europa?

- Sim, claro que sim. Acredito no meu trabalho e nas minhas qualidades. Acho também que talvez precise de mais minutos aqui para poder ir ao Europeu, mas estou confiante no que mostrei quando lá estive e no que ainda posso mostrar até ao final do campeonato, para que o mister Rui Jorge possa voltar a chamar-me para esta fase decisiva.

- Continuar nas seleções é também um objetivo para si, agora nos Sub-21 e quem sabe mais tarde na Seleção A?

- Sim, claro que sim. Acho que essa é a ambição de todo jogador: poder representar o seu país, seja nas camadas jovens ou na Seleção A. E eu não fujo à regra. É o meu sonho também, um dia poder estar a defender os 11 milhões. Acredito que só o tempo dirá. Tenho confiança de que é possível, mas só o tempo dirá quando será o momento certo para lá estar. Por enquanto, o foco está no que posso fazer aqui no clube, para poder representar a Seleção Sub-21 e no Europeu.

- Quais são as suas principais referências, Danilo, na posição de lateral-direito? Se olharmos para a Seleção A, vemos grandes jogadores, por exemplo.

- Sim, da minha posição e da Seleção, gosto bastante do Cancelo, apesar de estar agora lesionado. Identifico-me também um pouco com ele na parte ofensiva. Depois, tenho outras referências, como a carreira incrível que teve o Dani Alves, de quem gostava muito. Gosto muito também do Kyle Walker. São jogadores que, sempre que posso, observo para tentar tirar aquilo que considero importante para o meu jogo.

Os próximos jogos do Lecce
Os próximos jogos do LecceFlashscore

- Você é luso-brasileiro, não é? Tem família brasileira?

- Correto, o meu pai.

- Mas nasceu cá, em Gondomar?

- Sim, sim, sim. Nasci aqui em Portugal, em Gondomar.

- Passou pela formação do FC Porto. É o seu clube em Portugal? Também representou Estrela, entre outros... 

- Eu, honestamente, já fui fanático por um certo clube. Hoje em dia, sou apenas um adepto de futebol. Gosto de ver futebol, não para saber quem ganha, mas para apreciar o jogo jogado. Há sempre uma afinidade com clubes como o Gil Vicente, o FC Porto e o Estrela da Amadora, claramente, porque foram clubes onde joguei, onde fui bem recebido e onde gostei de estar. Mas não tenho uma equipa em concreto à qual possa dizer: 'sou adepto deste clube até ao fim'. Neste momento, não tenho.

- Para terminar, Danilo, falou em sonhos há pouco. Com apenas 22 anos, quais são os seus sonhos tanto no futebol como na vida?

- Na vida, o meu objetivo é dar uma grande estabilidade à minha família, poder um dia ser pai, ter os meus próprios negócios e garantir que a minha família nunca mais se preocupe com as condições de vida a nível profissional. Espero poder continuar na Liga Italiana, mas não sei o que o futuro me reserva.

Todos nós, jogadores, sonhamos em jogar em grandes clubes. Mas acho que o clube em si não é o mais importante. Dizer que sonho jogar num clube específico não é o que realmente importa. O importante é que estou aqui na Liga Italiana, e isso sim, é o meu sonho a ser realizado. Agora, o foco está em lutar pela manutenção, garantir que ficamos aqui e, no próximo ano, estaremos de volta com novos objetivos coletivos e individuais.