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De predestinado a enigma: Juventus procura reacender o talento perdido de Sancho

Jadon Sancho celebrou Liga Conferência com o Chelsea
Jadon Sancho celebrou Liga Conferência com o ChelseaRichard HEATHCOTE / GETTY IMAGES EUROPE / Getty Images via AFP
Depois de uma ascensão meteórica no Borussia Dortmund e um fracasso no Manchester United, Jadon Sancho tornou-se um talento em busca de redenção. A Juventus está disposta a fazer uma aposta, mas o percurso recente do inglês levanta mais do que uma questão.

A Juventus está a aproximar-se cada vez mais de Jadon Sancho, o extremo inglês do Manchester United, que poderá tornar-se o golpe mais importante do mercado de verão da equipa de Turim. Com uma proposta melhorada, enriquecida com bónus facilmente alcançáveis e a vontade de contribuir para o salário do jogador, a Velha Senhora parece estar pronta para lançar o seu ataque decisivo.

Mas por trás desse talento cristalino e desses feitiços mágicos em campo há sombras e incógnitas que a sociedade bianconeri terá de saber gerir com astúcia, porque o caminho para a redenção de Sancho será tudo menos simples.

O nascimento de um novo prodígio

Sancho é um talento indiscutível: cresceu na formação do Manchester City, depois explodiu na Bundesliga com o Borussia Dortmund. No clube alemão, escreveu páginas importantes, tornando-se o jogador mais jovem da história da Bundesliga a marcar 30 golos no campeonato, o mais jovem a conseguir 50 assistências, chegando cedo à seleção inglesa.

Durante a sua passagem pelo Borussia, Sancho deixou uma marca indelével, tornando-se o primeiro jogador nascido na década de 2000 a marcar dois golos num só jogo da Bundesliga e o mais jovem a fazê-lo pelo clube. Foi também a primeira pessoa nascida nos anos 2000 a marcar na Liga dos Campeões com a camisola do clube alemão. Estabeleceu numerosos recordes, incluindo o de ser o jogador mais jovem a marcar oito e depois nove golos numa só época da Bundesliga, bem como o mais jovem jogador do Dortmund a atingir os dois dígitos em golos na primeira divisão alemã.

O seu impacto global foi extraordinário: em 137 jogos com o Dortmund, contribuiu diretamente para 108 golos (50 golos e 58 assistências), com uma média de um golo a cada 92 minutos. Só na Bundesliga, em 104 jogos, marcou 38 golos e fez 45 assistências, o que representa um golo por cada 90 minutos de jogo. 

O seu crescimento constante e os seus números impressionantes fizeram dele um dos talentos mais promissores do futebol europeu.

Crescimento problemático em casa

No entanto, a transferência para o Manchester United, em 2021, foi um verdadeiro flop. De quarta compra mais cara da história dos Red Devils (cerca de 85 milhões de euros), Sancho conheceu uma descida desportiva e psicológica que o transformou de promessa a fracasso.

Desempenhos dececionantes, problemas de atitude e uma série de mal-entendidos com o clube e com o treinador Erik ten Hag levaram-no a ser repetidamente excluído dos treinos com a equipa principal, relegado para a equipa de reservas, e até mesmo excluído da cantina e do grupo de Whatsapp dos seus colegas de equipa.

A gota de água foi o seu desabafo no Instagram, onde se queixou de ser o bode expiatório por não ter sido convocado contra o Arsenal devido à sua falta de esforço nos treinos. O clube foi duro, exigindo um pedido de desculpas que nunca chegou a ser feito e criando uma cisão que se tornou irremediável.

Objeto misterioso

Sancho passou então por dois anos difíceis, que terminaram com dois empréstimos infrutíferos: primeiro um regresso ao Borussia Dortmund, onde não conseguiu recuperar o brilho de outrora, e depois uma transferência para o Chelsea. Apesar de ter marcado um golo na final da Liga Conferência, a experiência nos Blues não pode ser considerada positiva. As incertezas sobre o seu futuro ainda persistem.

Agora, a Juventus pode representar uma nova oportunidade, mas também um risco.

Os números de Sancho
Os números de SanchoFlashscore

Por um lado, Sancho tem todas as qualidades técnicas para fazer a diferença na Serie A e se tornar um elemento-chave no ataque Bianconeri. Por outro, é um jogador frágil, com problemas de continuidade e disciplina que podem tornar-se um problema num balneário exigente como o da Juventus.

Em caso de fumo branco, a Juventus (com Igor Tudor à cabeça) terá de gerir não só o talento puro de Jadon Sancho, mas também as suas fragilidades de carácter e as suas perturbações fora de campo. O objetivo será relançar uma carreira que parece ter sido bloqueada mais por dinâmicas comportamentais do que por limitações técnicas. Se for bem-sucedido, poderá descobrir-se um jogador ainda capaz de se impor ao mais alto nível europeu. Caso contrário, arrisca-se a aumentar a lista com mais uma aposta onerosa e mal orientada.