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Endrick, a nova joia do futebol brasileiro, quer manter a cabeça fria

Endrick, a nova joia do futebol brasileiro
Endrick, a nova joia do futebol brasileiroAFP
Com apenas 17 anos, Endrick já foi comparado a Neymar e Pelé. Anunciado como a nova joia do futebol brasileiro, está determinado a manter a cabeça fria.

"Tenho consciência de que ninguém pode chegar perto do pedestal de Pelé. Ele é o rei do futebol", diz o jovem avançado, que ajudou o Palmeiras a conquistar o segundo título consecutivo do Campeonato Brasileiro e que deverá juntar-se ao Real Madrid no verão de 2024, numa transferência avaliada em 60 milhões de euros, além de bónus.

"Só quero ser o Endrick. Quero mostrar-lhes quem é o Endrick", sublinhou em entrevista à AFP, aquando da apresentação de um novo patrocinador em São Paulo.

Robusto, veloz, técnico e habilidoso com a bola, Endrick já foi alvo de muitos elogios desde a sua estreia como profissional, aos 16 anos.

Em novembro, com 17 anos e três meses, tornou-se o jogador mais jovem a ser convocado para a seleção nacional desde Ronaldo em 1994, enquanto a seleção brasileira, cinco vezes vencedora do Campeonato do Mundo, não ganha o evento desde 2002.

O Brasil está atualmente apenas em sexto lugar no grupo de qualificação para o Mundial-2026, depois de três derrotas consecutivas, incluindo uma derrota em casa para a arquirrival Argentina, no mês passado.

Os adeptos brasileiros gostariam que o selecionador interino, Fernando Diniz, o colocasse como titular com a camisola 9 qu usa no Palmeiras e que já foi usada por craques como Ronaldo e Tostão.

"Muitos jogadores querem ser o número 9 da seleção. Eu não me importo com isso, só quero estar lá e jogar", diz o jovem jogador.

"Mudei a chave na minha cabeça e percebi que estava feliz"

Mas será que vai estar à altura das esperanças depositadas pelo Real Madrid quando chegar ao clube espanhol?

Endrick já sabe como jogar sob pressão. Depois de se ter destacado na sua estreia em 2022, marcando três golos para ajudar o Palmeiras a conquistar o título, jogou a sua primeira época completa em 2023.

Depois de um início difícil, em que marcou apenas quatro golos nos primeiros 19 jogos, chegou mesmo a chorar em campo, frustrado com a falta de sucesso.

"Foi um início de época bastante instável", reconhece.

"Mas mudei a chave na minha cabeça e percebi que estava feliz. Ajudei a minha equipa a conquistar o título e acho que vou ajudá-la ainda mais no próximo ano", antes de se juntar ao Real Madrid.

A "pequena chave" que teve de mudar foi deixar de ler o que as pessoas escreviam sobre ele nas redes sociais e rodear-se de família e amigos. Além disso, aumentou a sua preparação física, além dos treinos, e aprendeu inglês e espanhol através de aulas.

O esforço valeu a pena na segunda metade da temporada, quando o Palmeiras ultrapassou o líder Botafogo e conquistou o título, num sprint final de tirar o fôlego.

Endrick marcou seis vezes nos últimos dez jogos, incluindo dois golos contra o Botafogo, e aquele que garantiu o título para o Palmeiras, na última quarta-feira.

"As pessoas disseram que eu fui o herói, mas acho que não. Foi a equipa toda. Estou muito feliz por ter ajudado o clube que amo", resumiu o jogador nascido em Taguatinga.

O pequeno avançado canhoto tenta não pensar muito sobre a chegada ao Real Madrid, com os pais e o irmão, para não ficar "ansioso", pois sabe dos insultos racistas que o compatriota e futuro companheiro Vinicius Junior recebe do público espanhol.

Endrick conta que já se deparou com o racismo no Brasil.

"Não me deixei intimidar e mantive o meu nível de jogo", sublinha.

"Só quero fazer o que me faz mais feliz: jogar futebol", acrescenta.

Os números de Endrick
Os números de EndrickFlashscore