Bolívar foi um dos convidados especiais do evento do Flashscore em Porto Alegre, na última semana. Aos 43 anos, o antigo jogador trocou a capital gaúcha por Capão da Canoa, no litoral do estado. O ídolo colorado chegou a iniciar a carreira de treinador, após pendurar as chuteiras, mas está atualmente fora do mercado.
Na conversa com o Flashscore, Bolívar mostrou otimismo para a sequência do Inter no Brasileirão, após a traumática eliminação nas meias-finais da Libertadores. O "General" também lembrou a saída polémica do Botafogo, em 2014, e revelou que está a torcer pelo tricampeonato brasileiro do Alvinegro.

- Como a derrota diante do Fluminense na Libertadores afetou o Inter? A vitória no Grenal, logo de seguida, já fez a equipa esquecer essa dedeção?
- O Inter ficou muito afetado com essa eliminação na Taça Libertadores. Criou-se uma expectativa muito grande nos adeptos, depois de ter uma campanha onde eliminou o River Plate e o Bolívar. E um grande primeiro jogo contra o Fluminense, no Rio. Foi um balde de água fria. Mas o futebol é apaixonante porque dá-te a oportunidade de recuperar logo em seguida. O Inter conseguiu reverter essa situação dentro de casa, estando numa situação muito incómoda na tabela. Nada melhor do que vencer um Grenal para poder adquirir novamente essa confiança diante dos adeptos. E para a competição também, para que possa começar a somar pontos para lutar por uma vaga na Libertadores novamente.
- Ainda dá para alcançar essa vaga na Taça Libertadores?
- Acho que sim. O Inter é uma equipa muito bem preparada. Infelizmente, às vezes as coisas acontecem numa derrota, e não é por isso que está tudo errado. O Inter mostra ser uma grande equipa, mostrou isso no clássico. E agora, com a sequência de jogos que vai ter pela frente, acredito que vai lutar também por uma vaga na Libertadores.

- O Inter não conquista títulos de grande expressão desde a Libertadores de 2010, consigo como capitão. O que é preciso fazer para voltar ao ciclo vitorioso? O clube está no caminho certo?
- Acho que sim. Falamos sempre que a continuidade do plantel é muito importante, e o Inter não tem conseguido fazer isso nos últimos anos. Então, esperamos que a equipa de agora possa ser mantida para a próxima temporada. A continuidade do trabalho leva-te a conquistar os objetivos. Esperamos que o Inter possa ter essa continuidade para voltar a lutar por títulos. Tivemos o título da Libertadores em 2010 e o da Recopa Sul-Americana em 2011. Já estamos a falar de 12 anos sem um título de expressão, e o adepto foi habituado a festejar títulos seguidos. Por ser colorado, torço para que possa ter uma continuidade para a próxima temporada para poder lutar por títulos.
- A geração atual de centrais da seleção brasileira tem jogadores como Marquinhos, Gabriel Magalhães, Bremer e Nino. Confia neles?
- É uma geração muito boa. Vemos aí o Marquinhos há muito tempo. Apesar da pouca idade (29 anos), já é capitão no Paris Saint-Germain, tem uma bagagem de Mundial. Isso é importante. Os novos jogadores, como Ibañez e o próprio Nino, vêm procurando o seu espaço, e acredito que o Diniz vai dar continuidade a ambos. Sabemos que a seleção, como todos os clubes, precisa de continuidade. Esses jogadores vêm ganhando experiência em competições internacionais. O Brasil está muito bem servido de centrais.

- E no futebol brasileiro, quem são os principais centrais da atualidade?
- Gosto muito do Vitão. Não por estar a jogar no Inter, mas é um central com muito potencial, rápido, técnico, de muita qualidade. O próprio Nino, um rapaz também muito interessante, que é capitão no Fluminense. Vai ter a grande oportunidade de levar o Fluminense a um título da Libertadores e ser o capitão. Esses jogadores são interessantes.
- Fez parte da equipa do Botafogo em 2013, com Seedorf e companhia, mas viveu um 2014 conturbado, com uma saída polémica. Como foi essa passagem?
- Em 2013 tivemos um dos melhores plantéis dos últimos anos. Fomos campeões cariocas com o nosso grande maestro, o Seedorf, que era um tipo exemplar, dentro e fora de campo. Foi muito prazeroso jogar ao lado dele. Fizemos um brilhante Campeonato Brasileiro, terminámos em 4.º lugar e levámos o Botafogo a uma Libertadores depois de 17 anos. E aí acabaram por acontecer todas aquelas situações de salários atrasados, fundo de garantia, INSS… Por ser líder daquela equipa, juntamente com Emerson Sheik, Júlio César e Edilson, acabámos por assumir a frente. Não para cobrar, mas para pedir uma satisfação pelo facto de termos feito um ano de 2013 com tudo direitinho, com as condições perfeitas, e por isso os resultados apareceram... e em 2014 veio tudo aquilo. É muito triste. Se continuássemos, acredito que o Botafogo não teria descido. Nós éramos os pilares daquela equipa. Mas sou muito feliz por ter vestido uma camisola tão histórica.
- Quase 10 anos depois da sua saída, o Botafogo é líder isolado do Brasileirão. O título é uma questão de tempo?
- Sabemos que está muito próximo. Está nas mãos do Botafogo ser campeão brasileiro. A equipa acabou por oscilar em algumas jornadas, mas mostrou na última (contra o Fluminense) que está muito forte na luta pelo título. Eu, como colorado e botafoguense, torço para que o Botafogo possa ser campeão.
- A SAF é uma solução para resolver esse problema crónico dos salários em atraso no futebol brasileiro?
- Acredito que sim. O clube passa a ter um dono, uma pessoa que vai mandar. Porque em clubes, às vezes, são muitas pessoas com um poder muito grande, que não têm conhecimento a fundo sobre o futebol. E quando tens uma SAF, uma pessoa que coordena e manda, isso é muito importante. Sem falar no dinheiro, porque os clubes não sobrevivem sem isso, e sabemos o quanto é importante um clube com as suas dívidas pagas e sanadas. Acho que isso vai ser uma tendência, principalmente no futebol brasileiro, pela crise que alguns clubes enfrentam. Torço para que isso aconteça, para que possamos ter um Campeonato Brasileiro sempre muito nivelado.