Criticado pela torcida, ainda mais depois de não conseguir chegar à final do Campeonato Mineiro, o plantel do Cruzeiro foi valorizado por Pepa, que não quis entrar em detalhes sobre o tipo de participação que teve nas contratações para esta temporada. A nova gestão contratou quase 20 atletas, o mais recente é Leandro Castán, defesa que estava no Guarani. De acordo com o novo técnico, o que ficou percetível nos primeiros contactos foi a qualidade dos nomes à disposição, atletas que, segundo ele, lhe dão conforto.
"O primeiro contacto foi há um mês e meio que foi o primeiro contato, como eu tinha dito no aeroporto. Senti-me orgulhoso e acho que esse é o caminho de ser tão esmiuçado por parte da estrutura do Cruzeiro. Em relação aos jogadores, temos tempo ainda. Mas mais do que estar a pedir jogadores, o conforto é grande com o que encontrei", disse Pepa.
"Quinta-feira foi um dia que se tivesse mais do que 24 horas teria aproveitado mais ainda, porque agora é a nossa vez de esmiuçar ao máximo o clube, acima de tudo, os jogadores, o plantel, os jogadores jovens, muita qualidade e é nestes que temos que nos agarrar e depois, pontualmente, podermos acertar alguma coisa", acrescentou o treinador.
Estilo de jogo fixo?

O comandante também foi questionado sobre a ideia de jogo. Declarou a preferência pelo 4-3-3, mas disse que o esquema não estava fechado, já que é fundamental entender também as características dos jogadores que tem à disposição. Os treinos dirão se essa ideia pode ser explorada.
"Uma ideia fixa, uma convicção muito grande, mas essa ideia fixa é aberta, acima de tudo, aos jogadores e ao plantel. Portanto, é conhecer de forma profunda o plantel que temos, as características que temos, há uma convição muito grande dos objetivos que cremos e queremos atingir, não tenho dúvidas sobre isso. Mas, acima de tudo, uma base com uma linha de quatro, três médios e três avançados. Mais do que estar aqui a falar de convicções ou do passado recente, não seria verdadeiro, dizer que está tudo fechado. Não está tudo fechado", enfatizou o treinador português.
"Eu tenho que perceber as características dos jogadores e potencializá-las ao máximo também. Se eu chegar aqui com uma ideia muito fechada, não vou rentabilizar ou tirar o maior proveito dos jogadores", ressaltou.
Entusiasmado com a missão

O timoneiro mostrou entusiasmo com a missão que lhe foi confiada o maior desafio da carreira depois de passagens pelo Tondela, Paços de Ferreira ou Vitória de Guimarães.
"Eu vou fazer um resumo, foi um processo demorado, mas concordo e defendo. Se eu estivesse do outro lado, se eu pertencesse a uma direção, não quereria errar num treinador. Portanto, iria esmiuçá-lo ao máximo. Isso foi feito comigo e com a equipa técnica, e deixou-nos ainda mais apaixonados pelo Cruzeiro. Quanto mais nós víamos o Cruzeiro, mais queríamos ver e aprofundar. E fomos descobrindo do outro lado do Atlântico. Não é bem descobrindo, porque o Cruzeiro em termos mundiais dispensa apresentações", exaltou Pepa.
O treinador garantiu ter amplo conhecimento do plantel do Cruzeiro pelo tempo que passou a avaliar atletas e o estilo de jogo empreendido por Pezzolano. Destacou ainda que estudou com afinco os detalhes da Taça do Brasil e também do Brasileirão, os torneios que o Cruzeiro terá pela frente durante a temporada.
"Quanto mais pesquisávamos, mais estudávamos, mais entusiasmados ficávamos. Quanto mais reuniões tínhamos com a direção, mais entusiasmados ficávamos com a linha orientadora que tem de trabalho. Depois estava curioso para outras coisas, se realmente desse certo ou não. Se desse certo, era estar ansioso por estar aqui e estar ali no campo para trabalhar com os jogadores. Portanto, o conhecimento é profundo do plantel, do Cruzeiro, da Série A, da Taça é profundo, e uma ideia muito vincada daquilo que queremos e do objetivo que queremos para esta época", salientou.
Invasão portuguesa no futebol brasileiro

Com Pepa, oito treinadores portugueses estão a liderar equipas do escalão máximo do futebol brasileiro. Mais do que o sucesso de nomes como Abel Ferreira e Jorge Jesus, Pepa preferiu focar no que pode passar como legado e também no que pode usufruir como aprendizagem. O antigo jogador tem a certeza de que a experiência no futebol brasileiro o vai tornar num treinador ainda melhor.
"Nunca vou entrar na questão do treinador brasileiro e treinador português porque isso acontece em todo lado. Há muito treinador brasileiro espalhado com muita competência, muito jogador brasileiro em Portugal. Houve uma altura em que estiveram muitos jogadores brasileiros em Portugal, muitos treinadores portugueses aqui".
"Uma coisa eu tenho a certeza, quando sair do Cruzeiro, vou sair melhor treinador do que sou hoje, porque a grandeza é grande aqui. Viemos com este espírito de conhecimento, de transportar as nossas ideias, convicções, mas também temos certeza do que nos rodeia, da estrutura que temos, dos departamentos que temos e é isso que temos nos focar e rentabilizar ao todo. Não basta só eu estar a falar do plantel, há uma estrutura muito grande, muito profissional, muito competente, que está num caminho reto, muito focado naquilo que pretende. É uma sinergia, estão todos imbuídos no mesmo espírito, na mesma linha de raciocínio e esse é o nosso desafio, de colocar todos nesta linha de excelência, porque competência aqui não falta", encerrou Pepa.