"Pensei que iria pedir desculpa não só aos adeptos da Juventus, mas a todos os adeptos do mundo do futebol e do desporto pelo erro ingénuo que cometi. Em vez disso, não, sou obrigado a vir a público falar devido à porcaria que os jornais, pessoas que só me querem pôr em maus lençóis com mil falsidades, escrevem sobre mim.... Ou talvez melhor, só para ganhar mais duas visualizações. Em breve falarei".
Com esta mensagem através de uma história no Instagram, o médio da Juventus Nicolò Fagioli decidiu desabafar a sua raiva após os últimos dias cansativos em que se viu acusado por um escândalo de apostas ilegais.
Obsessão compulsiva
Entretanto, foram revelados excertos do depoimento ao procurador Chiné.
"No início, um futebolista, tendo muito tempo livre (...) acaba por experimentar a emoção das apostas para ultrapassar o tédio. Com o passar do tempo, torna-se uma obsessão. Comecei a apostar no Tirrenia, no estágio da seleção nacional de sub-21. Primeiro por divertimento, depois encontrei-me sob o stress causado pelas dívidas", disse.
O médio ficou também celebrizado por um momento emotivo, em que chorou no banco de suplentes após ter sido substituído.
"Durante o Sassuolo-Juventus cometi um erro técnico e fui substituído e chorei no banco a pensar nas minhas dívidas das apostas", revelou, prosseguindo: Quando estava na Cremonese, a minha mãe aconselhou-me a ir tratar-me e fui algumas vezes. Tinha a ilusão de que podia passar sem ele, mas pouco tempo depois estava a jogar compulsivamente em frente à televisão em qualquer evento desportivo que estivesse a ver, incluindo futebol... mesmo a Série B e a Liga Pro".
A sugestão de Tonali
O depoimento de Fagioli também envolve diretamente Sandro Tonali, médio do Newcastle.
"Há apostas sobre faltas e advertências (...) foi-me sugerido, mas não aceitei porque era contra a minha ética", frisou, explicando como foi parar às apostas ilegais: "Foi o Tonali que me sugeriu jogar e que me fez registar uma conta no site em questão. Também, ouvi dizer que ele tinha muitas dívidas de jogo. As minhas primeiras apostas foram em eventos de ténis e depois em futebol, mas nunca apostei na Cremonese e/ou na Juventus. Por exemplo: o Torino-AC Milan de 30 de outubro de 2022 (...) Apostei num empate ou na vitória do Milan. Perdi porque acabou 2-1 para o Torino".
"Vamos partir-te as pernas"
"Pedi 40 mil euros a Gatti, mas disse-lhe que precisava deles para comprar um relógio e que tinha as contas bloqueadas pela minha mãe. Acabou por ser o Dragusin a emprestar-me o dinheiro em outubro de 2022". Eu costumava pagar as dívidas comprando Rolexes valiosos em Milão. Por vezes entregava os relógios, outras vezes os donos das plataformas iam buscá-los às joalharias", atirou.
Fagioli denunciou, também, ameaças físicas.
"As minhas dívidas? Cerca de 110 mil euros com uma casa de apostas, cerca de 1,5 milhões com umaa plataforma ilegal, cerca de 1,3 milhões com outra plataforma ilegal (...), cerca de 17 mil euros com uma agência legal (...) na província de Pordenone e cerca de 31 mil euros com um banco ilegal. E enquanto as minhas dívidas aumentavam, recebia ameaças físicas pesadas, do tipo: 'parto-te as pernas'(...) Pensei que estava apenas a jogar para recuperar a dívida".