Nos últimos 20 anos do século XX, a Serie A foi, de longe, a liga mais competitiva e importante da Europa e, consequentemente, do mundo.
De facto, a partir do início dos anos 80, os melhores futebolistas do planeta começaram a chegar a Itália, contribuindo para elevar significativamente o nível do torneio. Sem esquecer que, em 1982, a seleção italiana, liderada por Enzo Bearzot no banco e pelo bloco da Juve em campo, ganhou o Campeonato do Mundo.
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"Bela à noite"
E foi precisamente do lado da Juventus de Turim que, após o final do Mundial em Espanha, aterrou Zbigniew Boniek, que, nos três anos que passou na Velha Senhora, ganhou a alcunha de "Bello di notte", cunhada pelo próprio Gianni Agnelli.
Segundo o Avvocato, de facto, numa altura em que os jogos se realizavam sobretudo ao início da tarde, o talentoso avançado polaco dava o seu melhor sob os holofotes que iluminavam, sobretudo, os jogos europeus da Juve.
Tal como na trágica noite do acidente de Heysel, quando Zibi (que alguns meses antes, também à noite, já tinha eliminado o Liverpool com dois golos, na Supertaça Europeia) marcou o polémico penálti, mais tarde convertido por Michel Platini, que daria ao clube de Turim a sua primeira Taça dos Campeões.
Traidor?
A experiência de Boniek na Juventus, no entanto, durou apenas três anos. De facto, em 1982, o campeão nascido em Bydgoszcz a 3 de março de 1956 já tinha um acordo com a Roma, que, no entanto, tinha alguns problemas financeiros. Foi assim que a Juventus aproveitou a situação e conseguiu roubá-lo ao clube giallorossi.
Boniek e o presidente Dino Viola, no entanto, haviam feito uma promessa um ao outro. "Voltaremos a conversar daqui a três anos", ou seja, quando o contrato dele com a Velha Senhora terminasse. E ambos cumpriram a promessa.
Assim, em 1985, apesar de a Juve de Platini ser a equipa mais forte da Europa, Boniek mudou-se para Roma, ganhando a reputação de "traidor" aos olhos dos adeptos bianconeri.
Uma acusação que o antigo presidente da Federação Polaca de Futebol e atual vice-presidente da UEFA sempre rejeitou com firmeza. "Nunca falei mal da Juventus. Sim, é verdade, torço mais pela Roma, mas não tenho nada contra a Juve", garantiu em mais de uma ocasião.
Coração giallorossi
Se naqueles anos o campeonato italiano era o melhor do mundo, os desafios entre Roma e Juventus eram os mais acesos de sempre.
"É uma competição que se sente mais em Roma do que em Turim. Quando estava na Juventus, estávamos mais concentrados em ganhar na Europa, mas em Roma apercebi-me de que jogar contra a Juve é algo especial. Enfrentamos aquela que é provavelmente a equipa mais 'odiada' pelo ambiente", afirmou.
Em suma, o Bello di notte preto e branco tornou-se imediatamente o queridinho da Curva Sul e o seu coração depressa se tornou amarelo e vermelho.
"Nunca me senti anti-Juventus, como alguns disseram e escreveram. Apenas me senti melhor na Roma. Só isso. A melhor recordação? A vitória por 3 a 0 sobre a Juve em 1986", admitiu em entrevista ao jornal Il Messaggero.