Um forte baque na estreia, depois três vitórias seguidas sem sofrer golos. Num grupo que parecia estar em desordem, Massimiliano Allegri trouxe de volta a ordem, a fome e a coragem. A revolução rossoneriana começou silenciosa, mas hoje está a fazer barulho. E agora, com o calendário cada vez mais quente, o Diavolo está a sonhar alto.
Um colapso estrondoso no primeiro dia, depois só vitórias. Ainda não é o AC Milan dos tempos áureos, mas é um AC Milan que se reencontrou. Mais do que uma mudança de ritmo, uma refundação silenciosa, mas radical. E ao leme deste renascimento está um homem: Massimiliano Allegri.
Quando regressou, Milanello era um campo minado. A equipa estava desorganizada, sem identidade, incapaz de encontrar continuidade. No relvado reinava a confusão, fora dele apenas a amargura e a raiva. O AC Milan parecia estar perdido, engolido por um verão de lágrimas, despedidas e revoluções.
Neste deserto de certezas, Allegri não se limitou a pôr o balneário em ordem: devolveu ao grupo uma direção, um sentido, uma ideia clara. Este não é o AC Milan das grandes noites europeias, ainda não. Mas é um AC Milan que luta, que sabe sofrer, que aprendeu a permanecer em campo novamente.
A revolução do verão
Até ao verão passado, a direção técnica do AC Milan estava a afundar-se nas areias movediças da confusão. Um caminho incerto, feito de mudanças de treinadores, tentativas falhadas e um ambiente em que a raiva dos adeptos se misturava com a frustração dos jogadores.
A equipa era um corpo sem cabeça, incapaz de reagir às dificuldades, com uma atitude muitas vezes desorganizada. Paulo Fonseca e Sérgio Conceição não conseguiram travar o desastre, apesar de terem ganho a Supertaça de Itália. Finalmente, veio o choque que todos os adeptos rossoneri esperavam.
Uma revolução que começou no topo, com a chegada de um diretor desportivo com ideias claras como Igli Tare, e com a escolha de Allegri para o banco, um treinador que, apesar dos rumores de que estava longe de Milanello, conseguiu dar uma estrutura sólida e uma identidade de jogo bem definida.
Com ele, a confusão foi eliminada, os jogadores que já não acreditavam no projeto foram despedidos e uma nova energia impregnou a equipa. Um pouco a contragosto, é claro, mas também graças a saídas inteligentes (como a de Thiaw), o AC Milan soube aproveitar para reforçar o grupo sem comprometer a sua estrutura.
O punho duro e o toque leve
O que Allegri fez não foi apenas um trabalho de reestruturação tática, mas uma verdadeira psicoterapia coletiva. Colocou de pé uma equipa que parecia ter perdido toda a esperança, trazendo uma disciplina que faltava há demasiado tempo.
A chegada de reforços de última hora, como o "pupilo" Adrien Rabiot, completou o trabalho. O médio francês encaixou perfeitamente no projeto de Allegri, trazendo uma fisicalidade que faltava no coração do jogo. Com ele ao lado de Luka Modrić, o AC Milan encontrou um equilíbrio perfeito, capaz de lidar com os jogos com a classe e a força de uma grande equipa.
As vitórias vieram como uma chuva benéfica: a vitória por 1-0 contra o Bolonha, graças ao golo do croata, e a vitória por 3-0 contra a Udinese, em Friuli, com Rabiot a dominar o meio-campo e Pulisic finalmente livre para expressar o seu talento. O AC Milan fez o que parecia impossível há alguns meses: redescobriu o jogo, a compactação e uma confiança que se tinha perdido.
O paralelo com o Nápoles
Entre os adeptos rossoneri, há quem não consiga deixar de pensar que o AC Milan está a seguir uma trajetória semelhante à do Nápoles na época passada. Quando o clube napolitano iniciou a sua caminhada rumo ao título, teve um começo negativo, com uma derrota pesada na estreia contra o Verona. Mas, a partir daí, tudo mudou: o Nápoles não sofreu nenhuma derrota e culminou uma temporada lendária.
O AC Milan, após o baque inicial contra a Cremonese, iniciou uma marcha triunfal que parece prometer o mesmo epílogo. Mas com um acréscimo a mais: solidez defensiva. No ano passado, os rossoneri muitas vezes rangiam na defesa; hoje, o AC Milan é uma rocha: seis golos marcados e zero sofridos em três jogos. Três jogos consecutivos sem sofrer golos, um sinal inequívoco de como Allegri também pôs ordem na defesa.
Não podemos deixar de fazer uma outra reflexão: estará o AC Milan realmente pronto para se lançar em direção a objetivos mais ambiciosos? Se estas são as premissas, a resposta parece ser afirmativa. Com o equilíbrio certo entre uma defesa sólida e um ataque brilhante, o Diavolo pode não apenas lutar por uma vaga na Liga dos Campeões, mas também provar que Allegri é o homem certo para levá-lo de volta ao topo do futebol italiano e, por que não, europeu. O caminho, no entanto, ainda é longo.
O verdadeiro teste virá dentro de algumas semanas, quando o AC Milan enfrentará Nápoles, Juventus e Fiorentina, antes de mergulhar em outro tríptico complicado com Pisa, Atalanta e Roma. Allegri falou do jogo contra a Udinese como aquele que poderia "virar a temporada" e, aparentemente, esse ponto de viragem já chegou. A sensação é de que os rossoneri estão finalmente prontos para tudo.