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Itália: Família Agnelli sem intenção de vender as ações da Juventus

A Tether atingiu uma participação superior a 10% na Juventus este ano
A Tether atingiu uma participação superior a 10% na Juventus este anoMARCO BERTORELLO / AFP / AFP / Profimedia

A família Agnelli, de Itália, não pretende vender a participação na Juventus, embora esteja aberta a colaborar com outros investidores, segundo afirmou John Elkann, descendente da família, à Reuters, após o grupo de criptomoedas Tether ter adquirido uma fatia significativa.

Elkann é o CEO da Exor, a holding da família Agnelli, cujos laços com o clube de Turim, o mais titulado de Itália, remontam a 1923, quando Edoardo Agnelli assumiu a presidência. A Exor é o acionista maioritário do clube.

Questionado sobre se a Exor ponderava vender ações da Juventus, Elkann garantiu à Reuters que a empresa não tem essa intenção.

"Mantemos o nosso compromisso total com a Juventus e orgulhamo-nos de ser o acionista de controlo há mais de um século", afirmou.

Estas declarações, as mais diretas sobre o tema, surgem depois de a Tether ter atingido uma participação superior a 10% no clube este ano. A empresa propôs dois candidatos para o novo conselho de administração da sociedade cotada em Milão, e os investidores votarão na assembleia anual na sexta-feira.

"Sempre estivemos abertos a ideias construtivas de todos os envolvidos que partilhem a nossa ambição e paixão pelo clube", referiu Elkann, deixando em aberto a possibilidade de colaboração com a Tether.

A Tether, criadora da maior stablecoin do mundo, é agora o segundo maior acionista da Juventus, atrás da Exor, que detém cerca de 65%.

A Juventus enfrentou dificuldades desportivas

A Juventus conquistou o seu nono título consecutivo da liga italiana em 2020, mas não voltou a vencer desde então. O clube nomeou Luciano Spalletti, antigo selecionador de Itália, como treinador no final de outubro, após a saída de Igor Tudor devido aos maus resultados.

"Apoiamos o novo conselho e a nova equipa técnica, pois a nossa prioridade continua a ser conjugar bons resultados desportivos com disciplina financeira", declarou Elkann à Reuters.

Os investidores, liderados pela Exor, injetaram cerca de mil milhões de euros de novo capital na Juventus nos últimos sete anos, através de várias operações de aumento de capital.

A Tether, sediada em El Salvador, propôs Francesco Garino e Zachary Lyons para o conselho, com o objetivo de "reforçar a governação da Juventus e aproximar ainda mais o clube dos seus adeptos e dos padrões modernos de gestão".

Numa entrevista à Reuters em fevereiro, o CEO da Tether, Paolo Ardoino, comentou: "Só se pode comprar aquilo que alguém quer vender", quando questionado se a sua empresa pretendia tornar-se proprietária do clube. Ardoino é italiano e adepto da Juventus.

As palavras de Elkann procuram também reforçar o vínculo entre a Juventus e a sua propriedade, que muitos adeptos consideram enfraquecido, especialmente desde que Andrea Agnelli, primo de Elkann, deixou a presidência no final de 2022 após os escândalos contabilísticos.

"Compreendo que houve problemas legais importantes a resolver, mas a minha sensação é que, desde a saída de Andrea Agnelli, o clube navega sem rumo definido", comentou Massimo Monaci, de 50 anos e adepto da Juventus, acrescentando que os proprietários muitas vezes "parecem distantes".

"Custa-me imaginar uma separação entre a Juve e os Agnelli, embora talvez tenha chegado o momento de uma mudança de propriedade, algo impensável até há poucos anos."