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O passado sombrio de Fagioli: apostas ilegais, ameaças e os empréstimos de amigos

Nicolò Fagioli com problemas na justiça
Nicolò Fagioli com problemas na justiçaAlberto Gandolfo / NurPhoto / NurPhoto via AFP
Envolvido numa teia de dívidas relacionadas com apostas desportivas, Nicolò Fagioli foi ameaçado por um indivíduo misterioso, conhecido apenas como Nelly, cuja identidade continua por apurar. As intimidações agravaram ainda mais a situação do médio, que procurou uma saída recorrendo a empréstimos de amigos e colegas de equipa. No entanto, a espiral crescente de dívidas e pressões tornava-se cada vez mais insustentável.

Como noticiado esta manhã pelo Corriere della Sera, um cenário inquietante começa a ganhar forma na investigação que envolve Nicolò Fagioli, o jovem médio da Fiorentina mergulhado numa complexa teia de dívidas relacionadas com apostas. No centro do caso está a enigmática figura de "Nelly", cuja identidade permanece desconhecida. As ameaças atribuídas a este indivíduo foram enviadas através de um cartão SIM registado em nome de um cidadão suíço, dificultando ainda mais a sua identificação. Até ao momento, ninguém conseguiu desvendar quem está por trás desta presença intimidatória que colocou o futebolista sob intensa pressão.

As palavras de Nelly foram claras e diretas: "Vou obrigar-te a parar. Vou obrigar-te a ser pedreiro. Até te tiro a caneta para assinares os contratos". Ameaças que marcaram um capítulo negro na vida de Fagioli, que já tinha dado sinais de forte pressão no passado, e confirmaram declarações que tinham surgido no passado.

"Pensas que estou a ser enganado por ti", disse Nelly. Incapaz de escapar a uma situação que rapidamente se tornara maior do que ele, Fagioli tentou justificar-se: "Cometi um erro maior do que o meu salário anual... Pedi uma ajudinha para te pagar". A dívida que o esmagava — estimada em cerca de um milhão e meio de euros, segundo o Corriere — arrastava-o para um turbilhão de angústia e confusão, ameaçando não só a sua carreira, mas também a sua vida.

As comunicações reveladas nos documentos judiciais traçam um retrato cada vez mais dramático da situação vivida por Nicolò Fagioli. Numa das mensagens, o médio expressa a sua raiva de forma explosiva: "Vamos jogar a quem é mais mau? Vou mandar matar estes." No entanto, pouco depois, o tom muda, revelando consciência da gravidade do cenário em que se encontrava.

Em conversa com Marco, filho do antigo futebolista Bruno Giordano e figura próxima do meio desportivo, Fagioli desabafa: "Com estes gajos não se brinca. Até envolver outras pessoas é uma confusão." As ameaças, pressões e exigências de pagamento intensificaram-se, levando-o a assumir dívidas completamente insustentáveis: "Por mês, 7 por cento – são 140 mil euros."

O nome de Morata aparece no sistema de empréstimos

Em setembro de 2022, Fagioli tentou encontrar uma saída, pedindo empréstimos a velhos amigos, colegas de equipa e antigos companheiros de equipa. Não pediu dinheiro diretamente, mas ofereceu negócios lucrativos, como a compra de relógios a preços de saldo para revender por um valor mais elevado. Alguns conhecidos, incluindo o antigo colega de equipa da Juventus, Álvaro Morata, foram mencionados como intermediários nestes negócios.

As investigações revelaram que 31 pessoas efetuaram pagamentos à joalharia Elysium, confirmando que o negócio parecia ter sido concretizado. No entanto, algumas não receberam o dinheiro devido a tempo, aumentando a pressão e as exigências sobre Fagioli.

Entretanto, Fagioli, cada vez mais enredado nesta espiral, tentava desesperadamente libertar-se do fardo que o consumia. "Quero pôr fim a tudo isto de uma vez por todas. Ir para o campo em paz e tornar-me um verdadeiro jogador."